A governadora do Rio de Janeiro decretou «estado de emergência» diante do quadro caótico do sistema penitenciário do Estado que, só nos últimos dias, resultou em 30 mortes de presos e um agente penitenciário. Além disso, esses servidores estão em greve. O governador de fato, Anthony Garotinho, em entrevista coletiva à imprensa culpou a ex-governadora […]
A governadora do Rio de Janeiro decretou «estado de emergência» diante do quadro caótico do sistema penitenciário do Estado que, só nos últimos dias, resultou em 30 mortes de presos e um agente penitenciário. Além disso, esses servidores estão em greve.
O governador de fato, Anthony Garotinho, em entrevista coletiva à imprensa culpou a ex-governadora Benedita da Silva pela crise. Benedita foi governadora do Estado por 9 meses, era a vice do então governador, o próprio Garotinho, que renunciou ao cargo para ser candidato a presidente da República.
Governou por mais de 3 anos e não se deu conta do problema.
O fato é que o Rio não merece nem Rosinha, nem seu marido, Garotinho, tampouco Benedita. Três equívocos.
Inacreditável é Rosinha Garotinho e o consorte continuarem, ela governadora de direito, ele governador de fato. O Rio é um estado controlado pelo crime organizado dentro e fora das vias institucionais.
O deputado Rodrigo Maia, filho do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, César Maia, ganhou aparelhos e linhas de telefones celulares de uma empresa do setor. Deve ser para ter maior agilidade nas denúncias contra o casal Garotinho.
Com certeza.
Ou, para melhor defender o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, de extrema direita e ex-integrante da UDR (União Democrática Ruralista), tarefa da qual nem os governistas se desincumbem com tanta eficiência.
O governador de fato, nominalmente Secretário de Segurança, tem a prodigiosa capacidade de convocar entrevistas coletivas a cada crise na sua área, falar, falar, falar, colocar a culpa nos meios de comunicação, no governo de Benedita, no Governo Federal e não explicar coisa alguma.
Anthony Garotinho não explica sequer se existe governo no Estado do Rio. Não tem como.
O processo de degradação a que a cidade do Rio de Janeiro vem sendo submetida, desde a mudança da capital para Brasília, com breves espaços para buscar ar, passando pela fusão decretada pelo general Ernesto Geisel com o antigo Estado do Rio, não tem paralelo.
Uma das cidades mais belas do mundo está se tornando inabitável.
O ponto culminante foi a eleição de Anthony Garotinho, possível graças à prodigiosa capacidade do ministro José Dirceu que, em 1998, contrariando decisão do PT estadual, impôs uma aliança com o PDT, àquele momento, poleiro de Garotinho.
De lá para cá a coisa degringolou de um tal jeito e hoje chega ao ponto do acredite se quiser. O que parecia impossível tornou-se realidade.
Lula não toma conhecimento, só formal, da situação do Estado. Continua, através de sua tropa de choque, empenhado em impor um férreo e estalinista controle ao partido. Lançou candidato a prefeito do Rio o deputado federal Jorge Bittar.
Tem chances de ser o penúltimo colocado, pelo menos até agora. O candidato natural para enfrentar César Maia e o candidato do casal Garotinho, o deputado Chico Alencar, é visto como maldito no Planalto. Não diz amém. Votou contra a MP do salário mínimo e se absteve na reforma da Previdência através de nota pública condenando a proposta do FMI.
Um espirro do governador de Minas, Aécio Neves, ao enfrentar uma greve, já terminada, de policiais militares, policiais civis e agentes penitenciários, colocou o Exército nas ruas e garantiu a segurança pública.
Tudo bem que Garotinho queira se investir da patente de general em situação semelhante no Rio. Mas o caso ali é outro. É de intervenção pura e simples.
E nem o medo de transformar Garotinho em vítima se justifica. É só mandar a Polícia Federal abrir alguns inquéritos para que fique claro que vítima é o povo do Estado.
O problema da política institucional é esse. Os caras conversam, conversam, fazem o jogo do faz de conta que eu governo, jogam peladas aos domingos, dão entrevistas coletivas, culpam os antecessores, nada disso evita que, no caso do Rio, um paraíso seja, hoje, um inferno.