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Fórum Social Mundial

Fuentes: Rebelión

A idéia de um Fórum Social Mundial capaz de oferecer alternativas ao modelo político, econômico e social do mundo, hoje, sem mudanças nas estruturas, não leva a «um outro mundo possível». O cerne do processo, os fóruns são um processo de mobilização e formação, deve ser o do embate com o mundo «globalitarizado», capitalista. Não […]

A idéia de um Fórum Social Mundial capaz de oferecer alternativas ao modelo político, econômico e social do mundo, hoje, sem mudanças nas estruturas, não leva a «um outro mundo possível».

O cerne do processo, os fóruns são um processo de mobilização e formação, deve ser o do embate com o mundo «globalitarizado», capitalista.

Não existe taxa ou instrumento outro que incida sobre o capital, qualquer que seja sua origem, que vá servir de alavanca para mudanças. Ou formas de combate à miséria, a toda a sorte de mazelas geradas pelo capitalismo.

O fórum ou é socialista, ou é reformista. E se assim o for, é exercício angelical de uma esquerda que caminha para a direita.

Esse embate tem se verificado em maior ou menor escala em quase todos os fóruns, quaisquer que sejam seus espectros. E as forças que se opõem a essa estrutura ditada a partir de ONGs cujo escopo é o da convivência e da busca de soluções dentro do capitalismo, uma espécie de versão social democrata dos nossos dias, têm conseguido se impor apesar dos esforços de boa parte dos organizadores.

Os fóruns oficiais têm ido para um campo nebuloso e algo como que fóruns paralelos, dentro dos próprios eventos caminham noutra direção.

Nem todos, evidente, mas o principal deles, o Fórum Social Mundial é vítima dessa emasculação.

As classes dominantes já descobriram que um dos instrumentos que melhor se prestam a sua ação reformista, na maioria das vezes sem levar a lugar nenhum, nem a reformas, são as ONGs. Tanto é possível encontrá-las como braços do movimento popular e aí cumprem um papel importante, como financiadas por empresas, bancos, para não cumprir papel algum, ou melhor, impedir que se cumpram papéis de organização e formação na direção da luta. Não existe meio termo, por exemplo, na questão venezuelana. Ou se enfrenta o golpismo dos Estados Unidos e tudo o que o império representa, ou Chávez vai para o brejo. E com ele a revolução bolivariana.

É só olhar Lula que se meteu a brincar com o dragão, chamá-lo de meu amigo e naufraga a olhos vistos. Nesse momento aproxima-se do estágio de uma ridícula liderança que acredita ter recebido novos mandamentos divinos para conduzir os povos do mundo à terra da promissão.

É um filme velho, gasto, chato de se ver, além de pernicioso porque frustrante, representa retrocesso. A cópia já foi tantas vezes exibida que além de farsa, arrebenta toda hora.

No II FSM a organização que acredita ser possível mudar o mundo com uma taxa sobre movimentação financeira, reagiu ao convite formulado ao presidente cubano, Fidel Castro, alegando que o evento se prestava às bases e não às grandes figuras.

Mero artifício para impedir grandes manifestações e mobilizações capazes de reagirem, outro exemplo, à clara e anunciada intenção norte-americana de derrubar o governo de Cuba, por fim à revolução socialista.

Ficou claro, no III FSM, o mal estar causado com a presença de Hugo Chávez, mal estar à boa parte das ONGs que manipulam e buscam ampliar esse poder sobre a organização do FSM, como incomodou o fato do Gigantinho, ginásio do Internacional estar superlotado e a PUC, onde se discutia, mais das vezes, a fórmula da água, estar vazia.

O choque entre o fórum reformista e comportado, que negocia e dialoga com forças opressoras, no pressuposto que muda alguma coisa, ignorando a essência dialética do processo, foi visível em Mombai.

As cúpulas da ONGs, a maior parte delas, via de regra, aceita aquela história de determinado indústria poluir um rio inteiro, mas, em contrapartida adotar uma escola e plantar um jardinzinho, onde militantes possam oferecer cursos sobre como criar orquídeas e assim, num relatório anual, afirmar que oferecem perspectivas a jovens.

Um outro mundo é possível se o fórum tiver viés socialista. Organizar a resistência, o embate e trouxer como conseqüência um processo de luta permanente, diuturna, contra o capitalismo.

Se não for assim é convescote, perfumaria e não vai a lugar nenhum.

É simples entender isso. Dimensionar o aqüífero Guarani não vai mudar o ímpeto totalitário e opressor dos norte-americanos. É preciso viabilizar condições para que o aqüífero, todos os aqüíferos em todos os cantos do mundo, sejam patrimônio dos povos e não de grupos.

Isso não é possível com conversa. Só com luta. O papel dos movimentos populares é reagir à lulização do V FSM. Até porque os caras estão loucos para sair na marcha de abertura posando de governantes populares.

São de fato. Mas entre banqueiros, grandes empresários, etc, etc.

E mais ainda: alguém acha possível negociar uma das maiores vergonhas atuais, coisa corriqueira no mundo do latifúndio, o do ministro Roberto Rodrigues, o trabalho escravo? A Polícia identificou como mandante do crime contra fiscais do Ministério do Trabalho o maior plantador de feijão do Brasil.

Sai em colunas sociais, freqüenta lugares in e fala em justiça social e desenvolvimento. Desde que com a senzala ativa.

A luta, aqui e no resto do mundo, é noutra direção. Na direção da conquista da terra esbulhada. Não existe alternativa dentro desse modelo. É lutar e lutar.