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Elza Monnerat (1913-2004): um exemplo de militância comunista

Bandeiras vermelhas inclinam-se

Fuentes: Rebelión

Faleceu ontem, às seis horas da manhã, a histórica dirigente do Partido Comunista do Brasil, PCdoB, Elza Monnerat. Elza tinha 91 anos e atuou por mais de meio século na militância revolucionária enquanto militante e dirigente do Partido Comunista do Brasil. Elza Monnerat foi um exemplo de militante comunista. Entrou para o Partido em 1945 […]

Faleceu ontem, às seis horas da manhã, a histórica dirigente do Partido Comunista do Brasil, PCdoB, Elza Monnerat. Elza tinha 91 anos e atuou por mais de meio século na militância revolucionária enquanto militante e dirigente do Partido Comunista do Brasil.

Elza Monnerat foi um exemplo de militante comunista. Entrou para o Partido em 1945 e nele, por vários anos, se dedicou às tarefas cotidianas de todo ativista de base. Alguns anos depois passou a ter uma função de maior responsabilidade partidária atuando junto a comissão de finanças do comitê regional do Distrito Federal. Naquela época a jovem Elza já demonstrava a sua ousadia ao escalar o Morro Dois Irmãos para pichar o nome de Stálin. Inscrição que coube apenas ao tempo apagar.

Elza era uma mulher de princípios. No final da década de 1950 se opõe aos desvios reformistas da direção nacional do PCB. Quando foi encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral um novo programa e estatuto, nos quais mudava-se, inclusive, o nome da sua organização partidária ela foi uma das primeiras que se rebelou e colocou sua assinatura numa carta de protesto, que seria intitulada de Carta dos 100. Em seguida rompeu com a direção do PCB e participou da Conferência extraordinária que reorganizou o PC do Brasil, em fevereiro de 1962. Passou então a fazer parte, pela primeira vez, da direção nacional do Partido. Nesta função ajudou, como revisora, no processo de elaboração do jornal A Classe Operária. Após o golpe militar de 1964 passou ser a responsável pela montagem dos aparelhos nos quais se reuniam os membros do Comitê Central. Era ela que buscava e levava os dirigentes para as reuniões clandestinas. A partir de 1967 ela se dedicou a montagem da guerrilha na região do Araguaia. Dona Maria, como era conhecida ali, caminhava por quilômetros a fio ao lado de outros guerrilheiros mais jovens.

Elza foi, acima de tudo, uma mulher de coragem. Sua primeira prisão se deu em dezembro de 1976, quando já estava com 63 anos, durante a queda da Lapa. Foi presa cumprindo mais uma vez a tarefa de conduzir em segurança os membros do Comitê Central para longe do aparelho partidário. Ela não deu sossego aos agentes da repressão. Ainda quando era conduzida ao DOI-Codi, encapuzada e cercada de policiais, gritava «Abaixo a ditadura!». Os policiais tiveram dificuldade para cala-la. Ela queria que as pessoas que estivessem passando soubessem que ali estava uma militante revolucionária que não se rendia.

Durante o tempo em que permaneceu aprisionada foi torturada e se comportou de maneira exemplar. Anos depois de sua prisão continuou a dar trabalho a ditadura. Participou de uma greve de fome ao lado de outros companheiros presos. Ela seria libertada apenas em 31 de agosto de 1979, após a anistia. A imagem que ficou marcada de sua libertação era de uma senhora magra, de cabelos brancos, utilizando uma calça de jeans e trazendo um indisfarçável sorriso nos lábios, um sorriso de uma pessoa vitoriosa.

Durante todos estes anos, Elza nunca se preocupou em estar no centro do palco, mas estava lá, participando das principais cenas, inclusive nas mais arriscadas. Ela esteve presente em todos os momentos decisivos da vida do Partido Comunista do Brasil. Uma vez o principal dirigente comunista brasileiro, João Amazonas, afirmou sobre Elza: «Ela impregnada desse sentimento (de amor e dedicação ao partido e ao povo) realizou tarefas que foram importantíssimas para a sobrevivência do partido» e, concluiu, «ela é o exemplo de revolucionária».

A sua vida, tratada de maneira comovente no livro Coração Vermelho de Verônica Bercht, é agora um patrimônio do movimento operário e socialista brasileiro e deve ser divulgada para que sirva como exemplo para as novas gerações. Numa época marcada pela ofensiva política e ideológica do neoliberalismo, na qual predominam valores anti-sociais como o individualismo, o egoísmo – a lógica do cada um por si – a história de vida de Elza foi uma demonstração inequívoca de que uma nova humanidade é possível e que os poderosos de plantão, apesar das aparências, não são invencíveis. O exemplo de vida de Elza e seu sorriso de criança são poderosos aríetes contra os muros já apodrecidos dessa ordem injusta do capital.