O fracasso do governo Lula como alternativa de mudança do modelo político, econômico e social do Brasil e as conseqüências que isso traria para toda a América do Sul aumenta a importância da vitória do não no referendo da Venezuela, sobre a permanência ou deposição do presidente Hugo Chávez. Resta como instrumento decisivo para a […]
O fracasso do governo Lula como alternativa de mudança do modelo político, econômico e social do Brasil e as conseqüências que isso traria para toda a América do Sul aumenta a importância da vitória do não no referendo da Venezuela, sobre a permanência ou deposição do presidente Hugo Chávez.
Resta como instrumento decisivo para a resistência ao processo de re-colonização desta parte do continente americano.
O governo Lula não diz uma única palavra sobre a sexta licitação de bacias sedimentares, ricas em petróleo, no próximo dia 18 e, se não houver decisão contrária da Justiça, há uma ação do governador do Paraná, Roberto Requião, o Brasil entra num ritmo acelerado de privatização da PETROBRAS. Será mais veloz se Chávez for afastado do governo venezuelano.
Lula é um dos maiores engodos de toda a história do Brasil. Líder sindical, operário, construiu sua carreira em nome de mudanças, num partido construído pelas bases e voltado para o ideário socialista.
Em 1998, após sua terceira derrota em eleições presidenciais, optou pelo caminho do tradicional clube de amigos e inimigos cordiais, se transformou e vai se transformando, gradativamente, num FHC da vida, sem a menor preocupação de parecer o contrário.
O comandante da tropa é Henrique Meireles, presidente do Banco Central, cidadão norte-americano, que carrega consigo o ministro Antônio Palocci, da Fazenda, o empresário Luís Fernando Furlan, da Indústria Comércio e Desenvolvimento e o latifundiário Roberto Rodrigues, da Agricultura, sem falar em Luís Gushiken, ligado a grupos de previdência privada e com enorme poder no Planalto.
O presidente é acessório nesse processo. Continua achando que tudo se resume a futebol e churrasco e que, em último caso, ungido pela providência divina (tem um assessor para essa área), anda sobre as águas do lago Paranoá.
A sexta licitação dentro do calendário de reformas traçado pelo FMI e pelas grandes corporações que privatizaram o Estado brasileiro nos oito anos de FHC, é um crime de lesa pátria.
É razão suficiente para se gritar FORA LULA, FORA FMI.
Lula assumiu o governo em janeiro de 2003, de cara enviou ao Congresso um projeto de reforma da Previdência, contratado por FHC em julho de 2002, em seguida outro de reforma Tributária, nos mesmos moldes, voltado para atingir os índices determinados pelo mesmo FMI para o superávit primário brasileiro (que o governo, numa manifestação de subserviência que viria a ser regra geral, aumentou moto próprio).
Deu a partida para a reforma universitária, fala em privatização da Amazônia, caiu de quatro para o agro negócio e os transgênicos e consuma o ato de conversão e contrição em relação aos donos do Estado (banqueiros, corporações, os de sempre) na sexta licitação de bacias sedimentares.
Dentre as empresas que se habilitaram uma é texana e a família Bush tem ações da mesma.
O roteiro de Chávez foi diferente. Ao perceber a falência do modelo político, econômico e social de seu país, tratou de enfrentar os desafios, buscando no movimento popular forças para uma constituição e um novo mandato, tudo legitimado pelo voto direto.
Não à privatização do petróleo. Reforma agrária, saúde e educação para todos e, a despeito das inúmeras dificuldades que resultam, como aqui, de séculos de dominação de elites podres, a Venezuela avança e se afirma como nação soberana e com um projeto para o seu futuro e o de seu povo.
Para se ter uma idéia do que acontece com o PT de Lula é só dar uma olhada nas alianças montadas para as eleições municipais. Não há restrições, o partido aceita o que vier, desde que isso signifique perspectivas reais de reeleição em 2006.
São inúmeras as denúncias de nepotismo, de corrupção explícita, a prática política é a mesma de FHC, o uso de verbas públicas como moeda de troca com o Congresso Nacional na busca da aprovação de matérias decisivas para o cronograma do FMI. O governo montou ou programa especial para salvar empresas de comunicações em dificuldades, a maior delas a Globo, com o que assegura noticiário favorável na imensa maioria da imprensa, qualquer que seja o veículo.
Para coroar, Luís Gushiken, o ministro da Previdência Privada, quer um Conselho Federal de Jornalismo, com poder de censurar, proibir, estabelecer um controle definitivo sobre quem escreve e sobre o que é escrito. Reduzir o papel dos meios de comunicação a um clubinho onde povo não entra e interesses populares idem.
A vitória de Chávez é decisiva para a luta e vai significar um alento para os movimentos populares nos países da América do Sul, notadamente Bolívia, Equador e Colômbia, essa sob um processo de ocupação por forças norte-americanas.
Como fundamental para inibir futuras ações contra Cuba, obsessão dos Estados Unidos.
Por todo o Brasil vão acontecer manifestações, estão acontecendo, contra a privatização da PETROBRAS, disfarçada de leilões sistemáticos, como o sexto do dia 18.
Os últimos setores populares que ainda esperavam atitudes de Lula começam a debandada e percebem que não há diferença entre este e o governo anterior. É só de estilo.
A própria indiferença do presidente brasileiro em relação ao referendo na Venezuela mostra isso. Lula tem dito que Chávez é um «chato» e «fica criando problemas».
É a dimensão de um anão político. Um profundo equívoco do povo brasileiro.
É por isso que Chávez é decisivo para todos nós.
Lula fracassou. Virou um deles.