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A mediocridade e a nova ordem

Fuentes: Rebelión

Uma dos pré-requisitos da nova ordem política e econômica no mundo «globalitarizado» é a mediocridade. O sujeito é condicionado a acreditar, um exemplo, que toda aquela parafernália de bolsas de valores, mercado futuro, o escambau, tem significados reais na vida dele. Não tem um tostão, mas, sabe quais as melhores opções do mercado e sonha […]


Uma dos pré-requisitos da nova ordem política e econômica no mundo «globalitarizado» é a mediocridade. O sujeito é condicionado a acreditar, um exemplo, que toda aquela parafernália de bolsas de valores, mercado futuro, o escambau, tem significados reais na vida dele. Não tem um tostão, mas, sabe quais as melhores opções do mercado e sonha em ser George Soros, ou pior, Naji Nahas.

O pensamento econômico substituído pela econometria. O cara sabe que as parcerias público privadas, as tais PPP defendidas pelo iluminado que nos preside, garantem privilégios à empresa privada, mas se agarra à necessidade da ponte e, portanto, ao menos mau. Vale pagar pela ponte, pagar pelo uso da ponte, tudo com dinheiro público, assegurar o lucro de quem se dispuser a construir a dita cuja.

Só é progresso aquilo que é comum a todos. Do contrário é privilégio.

A principal característica da mediocridade como condição básica para a nova ordem está nos governantes. Sem preocupação de ordem ideológica, um De Gaulle, outro exemplo, não teria lugar nos dias de hoje.

Precisas de Bush que consegue ler um livro de cabeça para baixo, fala disparates o tempo todo, semeia ódio, tortura, guerra, terror e tem fortes chances de ser reeleito, sem ter a menor noção do que seja governar.

As cordinhas do verdadeiro poder movimentam a figura.

Patriotismo é a onda. Fugiu do serviço militar, no entanto gosta de posar vestido com o blusão de couro dos aviadores, ao lado de um daqueles aviões ditos inteligentes, como se fosse ele a encarnação do «bem» distribuído em bombas no Iraque, no Afeganistão, tudo pela democracia. O nas prisões mundo afora.

Ou, a mediocridade de um presidente eleito para promover mudanças e que, sem mais ou menos, sem mudar coisa alguma, pelo contrário, declara num discurso que o cidadão comum, o que nele votou e foi ludibriado, talvez «não tenha percebido a importância do seu voto para a história da humanidade».

Não pode estar querendo ser levado a sério.

Lembra uma letra de Vinicius de Moraes, na qual o cidadão correndo riscos se vê diante de opções lamentáveis, «o infarto ou, pior, o psicanalista».

Lula não é só um blefe. É um perigo. Pode cismar, já que anda sobre as águas, de sair voando também e aí a coisa dana. Como Dias Gomes não está vivo para escrever sobre a personagem, não sei quem fará a novela futura a propósito do líder sindical que triunfa sobre os poderosos e vira um deles.

A mediocridade vem de forma ininterrupta pelos meios de comunicação, o maior deles a televisão, mas ainda um papel preponderante para o rádio.

Saudades de Chacrinha que, no máximo perguntava «quem quer bacalhau?»

A maior rede de televisão do Brasil passou o domingo inteiro anunciando que Daniela Cicarelli, um desses monumentos esculpidos milimetricamente, ao feitio do deus mercado, pronta para tudo e os notáveis, apareceria numa revista televisiva ao lado de seu namorado, Ronaldinho, «o fenômeno».

É o bastante para o sujeito olhar para o lado, ver que a cara metade não tem nada da Cicarelli e sair prum botequim, encher a cara pois é um fracassado.

Vai daí, que na seqüência, despejam toda a sorte de baboseiras possíveis, enquanto vão acentuando e dando contornos definitivos às novas formas de escravidão, ou de fanatismo religioso: ou você tem um DVD, ou Deus abandonou você. E pior, se o divino abandonou, logicamente, você pecou contra a ordem instituída.

Aí bota Garotinho e Garotinha distribuindo cheques de cem reais em plena campanha política, no extinto Estado do Rio. Virou templo do deus transformado em sacos de dinheiro.

Um governante precisa ter talento, saber se postar e falar diante de câmeras. Aceirar a maquiagem vai disfarçar rugas, etc. Nixon, dizem alguns, perdeu as eleições para Kennedy (que ganhou apertado, pouco mais de 100 mil votos), em 1960, pois, suado, deixou escorrer pelo rosto os milagres da tecnologia de cosméticos à época e passou a sensação de vencido, derrotado.

Não é necessário que entenda de nada. Em cada canto vai existir um Meireles, um Palocci, ou uma Condolezza, um Rumsfeld, um Uribe, prontos ao papel que se lhes cabe no mundo privatizado e transformado num templo monumental, cheio de luzes, néon, dados econômicos, tudo para o culto do deus mercado.

E um monte de figuras imbecilizadas, acreditando que todos aqueles números conduzem ao paraíso. À salvação. Provoca desde ataques verborrágicos em economês, a orgasmos com direito a curva no crescimento do PIB, quando não despeja faíscas elétricas e eletrizantes no drama do cidadão que quer entrar para o Guiness, pois esguicha leite pelos olhos.

Falta a galinha de duas cabeças, a vaca de dez pernas, dois rabos, mas sobra Casa dos Artistas, ou o Big Brother.

Arrisque uma olhada em Tony Blair e sua terceira via. Ou em FHC e sua fantástica capacidade de ser cínico. Ou no novo José Maluf Serra, risonho, bem ao jeito dos marqueteiros. Os fabricantes de líderes de plásticos.

Lembram os bonequinhos encontrados em camelôs, dos guerreiros fantásticos inventados pela tevê japonesa, de plástico e laváveis, prontos para libertar o mundo de vilões idem, num tal pacote que, ao final, o jogo é só deles, sequer espectador o Zé Mané consegue ser. Mas fica com a conta.

Todo o processo conduzido pela mão divina do deus mercado.

Governantes para quê? Só estampas.

Seja o líder do IV Reich, George Bush. Seja o novo enviado dos céus a mudar a história da humanidade, Lula. Ou seja, um boçal primitivo como Putin.

O neoliberalismo e a nova ordem política e econômica exigem e têm como ponto de partida a mediocridade.

Os minutos de fama que Andy Wahrol previa viraram tempo integral.

Pouco importa que seja Galvão Bueno levando o Brasil a novas conquista, ou Cicarelli provocando o emagrecimento de Ronaldinho.

Nova forma de dieta, só acessível a quem tem grana suficiente para uma Ferrari do ano, ou para quem tem bombas para aterrorizar o mundo.

Na Inglaterra, principal colônia norte-americana na Europa, existe uma seita de adoradores dos B-52.

Despejaram bombas sobre Hiroshima e Nagazaki.

É por isso, para continuar assim, que despejam mediocridade.