Entender a natureza do governo Bush é simples: um grupo de terroristas de extrema-direita, ligados a empresas petrolíferas e de armamentos, ao sistema financeiro internacional, tomou de assalto a Casa Branca e sabe que dispõe, em tese, de oito anos para executar políticas de terra arrasada, ampliando e consolidando negócios. Como os primeiros quatro anos […]
Entender a natureza do governo Bush é simples: um grupo de terroristas de extrema-direita, ligados a empresas petrolíferas e de armamentos, ao sistema financeiro internacional, tomou de assalto a Casa Branca e sabe que dispõe, em tese, de oito anos para executar políticas de terra arrasada, ampliando e consolidando negócios.
Como os primeiros quatro anos não tornam os segundos certos, trataram, de imediato, de liquidar problemas que consideravam os principais. O Afeganistão não era, mas o 11 de setembro deu aos dirigentes do IV Reich todos os pretextos necessários para invadir aquele país e, por extensão o Iraque, além de ganhar o mais importante argumento para as políticas de «choque e pavor», desenvolvidas por Donald Rumsfeld, ponta de lança do pensamento nacional socialista norte-americano.
E dentro dessa lógica é que se voltaram contra o governo Chávez, na Venezuela. Trataram de acertar os esquemas tradicionais nessa parte do mundo, a América do Sul, com o ditador colombiano. Acertaram os ponteiros com o governo Toledo no Peru. Contam com apoios irrestritos dos governos do Chile e do Equador. Tentam impedir que o processo eleitoral boliviano resulte na vitória de forças populares. Vão aos trancos e barrancos com o argentino Néstor Kirchnner. E surpreendem-se com o comportamento de Lula e suas políticas ditadas pelo FMI no campo econômico.
Um segundo mandato de Bush vai tratar de enfrentar os desafios que a América do Sul oferece na mesma medida que enfrentou o Iraque e o Afeganistão o que, necessariamente, não significa invasão militar, mas controle absoluto através de projetos como a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), continuidade das ações golpistas contra o governo bolivariano da Venezuela, o objetivo vai ser evitar a reeleição de Chávez e uma das obsessões de Bush: o fim da revolução cubana.
A ação dos terroristas norte-americanos na América do Sul se dá via OEA (Organização dos Estados Americanos). Pelas mãos do FMI, braço encarregado de ajustar políticas econômicas voltadas para o pagamento das dívidas externas de cada país sul-americano. Por ações disfarçadas de combate ao tráfico de drogas (Uribe é ligado ao tráfico, foi eleito com apoio do narcotráfico). Por intervenções disfarçadas, mas, nem tanto, em processos eleitorais e a política de dividir para ganhar, no caso dos acordos bilaterais feitos com países como o Chile, na questão do livre comércio, a ALCA.
A ALCA permite ao terrorismo de mercado atingir o ponto culminante de seus objetivos: a recolonização dos países de toda a América Latina. Significa, por tabela, outro grande objetivo, o controle da Amazônia brasileira (avançam ali por conta de ONGs ditas humanitárias ou missionárias).
Petróleo, Amazônia e água. Além de um mercado de um trilhão de dólares como afirmou há alguns anos atrás o general Collin Powell, secretário de Estado e que, dificilmente, permanecerá no caso da reeleição de Bush (é considerado moderado demais).
A luta contra esses propósitos vai ser pela via do movimento popular. O institucional está, de um modo geral, falido. A exceção da Venezuela na América do Sul e Cuba na América Central, o resto aceita com maior ou menor intensidade o domínio dos EUA.
Não existe, no caso do Brasil, um projeto para construir uma Nação. O governo Lula acata os ditames do FMI, executa políticas que oscilam entre o morde e assopra e cuida, acima de tudo, de viabilizar eleitoralmente a reeleição do atual governante. As políticas sociais têm fracassado até agora, mas tudo indica, José Dirceu disse isso a Miriam Leitão, que ano que vem 100 bilhões de dólares serão gastos em investimentos destinados a viabilizar o projeto do núcleo petista ligado ao presidente.
O V Fórum Social Mundial já terá muitas respostas para a luta popular nos próximos anos. Há, desde o segundo FSM, uma clara tentativa de transformá-lo num contraponto civilizado ao neoliberalismo e ao processo de globalização. Esse tipo de proposta e ação corre pela via de ONGs. Nas ruas o grito tem sido diferente.
O outro mundo possível não passa pelo capitalismo. É socialista.
O grande desafio dessa luta de reação e sobrevivência implica em intensificar o movimento pela reforma agrária (o latifúndio é o grande aliado do IV Reich). Em repensar o sindicalismo que começa, pelo menos aqui, a tomar áreas de braço do governo lulista. Em aumentar os laços da luta popular em todos os países, a Via Campesina faz isso e mostra que é possível e trabalhar o processo de formação e organização da classe trabalhadora e superar o que talvez seja o maior de todos: o desafio da comunicação.
As matérias publicadas pela «Veja» e por uma revista de extrema-direita do Rio Grande do Sul, antecipam o que vai ser, o que está sendo, a diretriz do nazi-fascismo entre nós.
Falido e representante das classes dominantes o dito lado institucional da luta não pode ser desprezado in totum. Há que se tentar derrotar governos estaduais comprometidos com o esquema neoliberal em estados estratégicos, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e isso não significa, necessariamente, apoiar candidatos petistas. No caso das eleições municipais no Rio, por exemplo, o melhor candidato é Nilo Batista, do partido de Brizola.
OEA, fóruns governamentais, políticas de combate às drogas (pretextos mero pretextos, o problema continua aí e crescente), FMI, Banco Mundial, são os braços do terrorismo de Bush, do que ele representa.
Esse vai ser o desafio. O que vem por aí, na hipótese de reeleição, provável, do líder do terror de mercado, as ações serão bem mais violentas, terão a marca de quem sabe que são mais quatro anos só. Vão trabalhar para que os oito anos não possam ser desmanchados em oitenta.