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Cesar Maia e a frente anti garotinho

Fuentes: Rebelión

O Rio de Janeiro, uma das mais belas cidades do mundo, torna- se, a cada dia, um pesadelo para quem mora lá. Tem sido assim ao longo de muitos anos, sobretudo depois da mudança da capital para Brasília e num segundo momento com a fusão do antigo Estado da Guanabara com o antigo Estado do […]

O Rio de Janeiro, uma das mais belas cidades do mundo, torna- se, a cada dia, um pesadelo para quem mora lá. Tem sido assim ao longo de muitos anos, sobretudo depois da mudança da capital para Brasília e num segundo momento com a fusão do antigo Estado da Guanabara com o antigo Estado do Rio. Um hiato de progresso e governo popular nos dois mandatos de Leonel Brizola. O caos com a dupla de Garotinhos, Anthony e Rosinha.

O ex-governador, na verdade governador de fato, Anthony Garotinho, sob o disfarce de Secretário de Segurança Pública, disse há dias que sua mulher, a governadora de direito, Rosinha, não vai mais a Nova Iguaçu, cidade da região metropolitana do Rio, caso o candidato do PT, o deputado federal Lindenbergh Faria vença as eleições municipais ali. Invenção de José Dirceu para começar a destruir, ou tentar, o casal.

No melhor estilo de pregador evangélico, falou em castigo divino, em sexo, drogas, toda a cantilena que repete desde os primeiros momentos de sua carreira, em Campos, onde inclusive corre o risco de perder as eleições.

Não falou, lógico, em projeto pessoal, quadrilha montada para assaltar os cofres públicos, frustração diante da perspectiva cada vez menor de chegar ao sonho dourado: a Presidência da República e a transformação do Brasil em teocracia tropical, com direito a Edir Macedo ministro da Fazenda.

O que não significa que seja um perigo afastado.

A idéia do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, César Maia, deve ser reeleito já no primeiro turno, de uma frente anti Garotinho volta-se para a sucessão no Estado, em 2006, mas o alcaide sabe que nem a governadora e nem o ex-governador poderão ser candidatos. A que a Justiça Eleitoral entendeu a eleição de Rosinha como reeleição de Anthony.

César tem objetivos mais imediatos. Político de vôo solo, tendo passado por vários partidos, o prefeito trata de pavimentar um caminho para sua própria candidatura que inclua o PT. Não significa que esteja pretendendo se filiar ao partido, não teria condições, mas é um convite à dança, ciente das fragilidades do partido de Lula no Estado.

O prefeito tem se dedicado a elogiar o presidente, foi rápido na resposta sobre discriminação contra cidades não governadas pelo PT, sempre destacando que esse tipo de procedimento não é o de Lula, mas o de Garotinho.

Quando, em 1986, deputado federal, apareceu com um slogan aparentemente incompreensível, «César Maia continua», queria na verdade se colocar como herdeiro do então governador Leonel Brizola. É ali que começa a perseguir o governo do Estado do Rio.

Derrotado em 1998 pelo próprio Garotinho, percebe que o caminho é mais árduo e difícil que imaginara, até por ter se distanciado de Brizola (sem nunca criticá-lo, pelo contrário) e optado por um vôo solo. O partido de César Maia é César Maia. E isso reconhecendo o seu caráter e a sua integridade no trato do dinheiro público. O governo é outra coisa.

Enxerga, agora que vai ser eleito pela terceira vez prefeito do Rio, que o PT, a despeito do fracasso do candidato Jorge Bittar, é decisivo no processo. Lula é candidato à reeleição e a não ser que aceite o único nome viável no seu partido para um embate eleitoral, o deputado Chico Alencar, vai ter, não tem alternativa, que procurar uma aliança. César Maia é o que está mais próximo, ou pelo menos, o que se colocou como disposto a tal.

É mais fácil César Maia passar pelo gargalo do Planalto, que Chico Alencar.

Não existe no Brasil, eu não conheço, político capaz de interpretar e decifrar sinais do futuro de maneira tão clara como César Maia. O aparente equívoco, já que os Garotinhos não podem ser candidatos, é um tiro certeiro na direção de 2006.

Cabral Filho? Um tucano e isso complica, embora tenha força eleitoral. Moreira Franco? Tenta a Prefeitura de Niterói e tudo indica que suas chances são poucas, reduzidas, ainda que existam.

Um nome dos Garotinhos? Inexiste. A dupla só pensa em torno do próprio umbigo.

Sem o deputado Chico Alencar o PT não é nada. A experiência que viabilizou a candidatura do primeiro Garotinho, em 1998, mostra também que o comando nacional do PT aceita alianças que sejam vantajosas ao grupo paulista e se necessário intervém uma segunda vez.

A lógica neoliberal/populista do governo Lula sinaliza que César Maia pode ser recebido de braços abertos no regaço dos múltiplos acertos políticos do governo petista.

Notem que sequer falei de Benedita da Silva. E olha que a moça é do esquema do presidente. Sem chances.

Foi por aí que o prefeito César Maia saiu em defesa do governo, atirou no casal governador, estendeu os braços sem precisar se mostrar muito a Lindenbergh Faria e deixou claro para o presidente que para enfrentar a avalanche paulista que vem por aí, Alckimin, FHC, Serra, etc, ele é boa companhia.

O Rio é terra de ninguém. Falo da violência, do caos gerado pelo casal Garotinho, da desorganização total da máquina pública, voltada para beneficiar os projetos teocráticos do casal, que escondem ambições desmedidas e sem escrúpulos, logo, um prefeito reeleito no primeiro turno, na segunda maior cidade do País, ora…

César Maia continua. Continua sendo um dos mais inteligentes políticos brasileiros a despeito da impressão que causa de louco, destemperado, essa história de factóides, na qual é especialista. E loucura e destempero inventados pelo próprio, mas como sinônimos de coragem, determinação, competência, coisas assim. É assim que quer que soem, é assim que têm soado.

O que fez foi dar a largada num processo de chega para lá em eventuais adversários, colocar-se no ringue pronto a defender o governo e agora vai esperar o convite de Lula para a dança. Se não vier, existem outros caminhos, embora saiba que esse é o mais fácil.