A disputa em São Paulo, como bem definiu um importante líder sindical, «é entre republicanos e democratas». Não há diferenças substanciais entre Marta Favre e José Maluf Serra. Exceto o fato de Serra ser tucano e os tucanos estarem colocando em prática um projeto de volta ao Planalto. Isso pode justificar e tornar aceitável o […]
A disputa em São Paulo, como bem definiu um importante líder sindical, «é entre republicanos e democratas». Não há diferenças substanciais entre Marta Favre e José Maluf Serra. Exceto o fato de Serra ser tucano e os tucanos estarem colocando em prática um projeto de volta ao Planalto.
Isso pode justificar e tornar aceitável o voto em Marta. Que não é propriamente menos ruim que Serra. É melhor mesmo por pior que seja.
O segundo turno mais importante está em Porto Alegre. No Rio Grande do Sul a direita necessita de focinheira. Morde, estraçalha e transmite raiva.
Contra o candidato do PT, Raul Pont, estão todos os setores podres do Estado. O governador Germano Righotto, o latifúndio, o ex-governador Antônio Globo Brito, figuras menores e sem expressão mas nem por isso menos perigosas e o complexo de comunicação da capital gaúcha, braço do latifúndio.
A situação, guardada as devidas proporções assemelha-se, falo dos veículos de comunicação, à da Venezuela. A iniciativa privada mente e mente de forma planejada. A campanha ressuscita um PT que não existe mais, embora Pont não seja necessariamente do grupo de Lula.
Pont luta por manter a cidade em mãos populares. A direita, com o candidato José Fogaça, pelo botim.
A direção nacional do PT e os homens do governo entendem que São Paulo é decisivo e mais importante que qualquer outro lugar do mundo. Mesmo sendo um partido paulista o PSDB já percebeu que existe vida inteligente fora da paulicéia.
O governo é presa da própria esperteza. Está sendo engolido nas alianças incríveis que, em determinados lugares, incluem o PFL e noutros até o PSDB. Os caminhos de Lula estão ficando curtos.
Não parecem ter percebido o recado do eleitor. Insistem em manter a política econômica, figuras no mínimo complicadas como Roberto Rodrigues e Luís Fernando Furlan no Ministério e nem é necessário falar de Antônio Palocci, derrotado em sua cidade, Ribeirão Preto.
Para quem acredita na farsa democrática, por mais convicto que seja, o voto, em muitos lugares, está sendo um problema. O dilema entre o imoral, no caso de boa parte dos aliados do governo e o amoral, o tucanato.
É o tipo de gente que se mãe der lucro transforma em sociedade de capital aberto, fatia em ações e vende na bolsa.
Eleições como se processam e seus objetivos no Brasil, têm esse viés com raras exceções.
Jogam o jogo do clube de amigos e inimigos cordiais.
Ao que tudo indica a direção nacional do PT não deu conta da importância de Porto Alegre. O movimento popular, em sua maioria sim. Genoíno e seus saltimbancos consideram que além de Marta é preciso domesticar a candidata de Fortaleza. Bridão, um negócio comum no PT. Luiziane Lins tem chances efetivas de derrotar Moroni Torgan, um misto de pefelista e tucano.
No resto, o que vier é ganho, mas se não vier paciência.
Preparam um grande esquema na futura reforma ministerial quando pretendem dar a partida para 2006 e a busca de um novo mandato para Lula.
Não se tocam quanto ao que é relevante e o que é irrelevante. Perto da importância da vitória de Pont, Marta é detalhe.
Já as reformas engatilhadas e na ponta da agulha do FMI, essas chegam depois.
Lula está, cada vez mais, com cara de Lech Walessa.
A propósito, Millôr Fernandes, quando Delfim era ministro da Fazenda, no tempo da ditadura militar, escreveu que «trapalhões por trapalhões prefiro os originais aos de Brasília»
Como saltimbanco Genoíno está mais parecido com aqueles «tarzãs» que puxavam um caminhão com os dentes e depois corriam o chapéu. Fellini já tratou disso em «L’Strada e magnificamente com Anthony Quin e Giuleta Massina.