Após mais de um ano, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) foi informado de que os serviços de fiscalização do Ministério da Agricultura em Santa Catarina e Paraná confirmaram a contaminação de adubos a base de esterco de frango por um agrotóxico cancerígeno, o pentaclorofenol. Em agosto de 2003, o Idec encaminhou aos […]
Após mais de um ano, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) foi informado de que os serviços de fiscalização do Ministério da Agricultura em Santa Catarina e Paraná confirmaram a contaminação de adubos a base de esterco de frango por um agrotóxico cancerígeno, o pentaclorofenol.
Em agosto de 2003, o Idec encaminhou aos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) resultados de análises que a entidade realizou em carne de frango e em adubos à base de esterco de frangos. O teste foi feito para esclarecer uma denúncia de que a maravalha, um subproduto do beneficiamento de madeiras tratadas com agrotóxicos cancerígenos, era usada como «cama de aviário» na produção de aves, especialmente frangos.
As análises feitas no Instituto Adolfo Lutz, a pedido do MAPA, confirmaram a presença de Pentaclorofenol com valores de 0,04 a 0,27 mg/kg para as amostras de adubo do Paraná e de 0,96 até 1,28 mg/kg para as amostras de Santa Catarina. Caso o problema continue, o ministério informa que poderá cancelar os registros das empresas e que continuará a coletar produtos de outras empresas para verificar a extensão do problema.
Diante dessa confirmação, o Idec reiterou aos ministérios e a Anvisa que avaliem a possibilidade de proibição total do Pentaclorofenol no Brasil. «Essa contaminação de adubos que descobrimos indica que o consumidor corre sério risco de estar sendo contaminado por um produto altamente persistente no meio ambiente e comprovadamente cancerígeno», afirma Sezifredo Paz, coordenador executivo do Idec.
O pentaclorofenol é proibido em diversos países do mundo e no Brasil é liberado apenas para uso em tratamento de madeiras.
O perigoso pó da China
Para o Idec, a maravalha de madeira tratada pode contaminar adubos à base de esterco de aves, vendidos para uso na agricultura e para jardinagem, com resíduos de Pentaclorofenol (conhecido como pó da China), de Tribromofenol e de Tribromoanizol. E seguindo a cadeia, a contaminação poderia se estender aos alimentos produzidos com esse adubo.
Os resultados das análises feitas em 2003 pela Universidade Federal de Santa Maria, a pedido do Idec, demonstraram que nenhuma amostra de carne de frango apresentava resíduos das substâncias, mas duas marcas de adubos à base de esterco de aves – a Agro Divel, de Joaçaba (SC) e a Vitaplan, de Cascavel (PR) – apresentaram resíduos de Pentaclorofenol. O adubo da Agro Divel também apresentou resíduos para Tribromoanizol e Tribromofenol.
Na oportunidade, o Idec solicitou que, entre outras medidas, fossem tomadas as providências em relação às duas empresas e ainda:
* Que os citados órgãos avaliassem os riscos de continuar a autorização de uso do Pentaclorofenol e outros preservativos de madeira, prevendo-se, inclusive, a sua proibição;
* Que fossem avaliados os riscos do uso da «cama de aviário» à base de subprodutos de madeira, adotando uma rigorosa regulamentação da sua utilização ou até a proibição dessa prática;
* Que, da mesma forma, fossem averiguados os riscos dos demais usos de produtos de madeira que entram em contato direto com os alimentos, como caixas para acondicionamento de frutas e verduras, espetinhos, palitos, utensílios de cozinha, etc.