Lula está certo quando diz que «FHC torce contra». O ex-presidente não tem compromisso com nada e com ninguém que não seja ele próprio, ou seu espelho. Nasceu mau caráter, vai morrer mau caráter. Produto do acaso, no caso da presidência, invenção de um desvairado que se acredita iluminado, Itamar Franco, Fernando Henrique sonha retornar […]
Lula está certo quando diz que «FHC torce contra». O ex-presidente não tem compromisso com nada e com ninguém que não seja ele próprio, ou seu espelho. Nasceu mau caráter, vai morrer mau caráter.
Produto do acaso, no caso da presidência, invenção de um desvairado que se acredita iluminado, Itamar Franco, Fernando Henrique sonha retornar ao Planalto. Difícil. Mas se acontecer o maior culpa será de Lula e sua mania de foro privilegiado.
Hoje, outro tucano. Esse norte-americano (rima inclusive). O presidente do Banco Central, Henrique Meireles. A emenda salvadora veio de Miro Teixeira, deputado nem lá nem cá, que estendeu o benefício a Armínio Fraga, Gustavo Franco e outros, inclusive os presidentes do BC ao tempo da ditadura.
Há quem afirme que o presidente assumiu, diretamente, a coordenação política e está cuidando sozinho da reforma ministerial. A idéia de nomear José Dirceu para o Ministério do Planejamento me soa como rebaixar para cima. Dirceu não tem o perfil para o cargo. A impressão que fica é que removendo o todo poderoso ministro do Gabinete Civil, Lula abre caminho para sua demissão mais à frente.
O presidente já se rendeu de maneira incondicional e explícita à política econômica de Palocci e Meireles. Dirceu é, nesse momento, um complicador.
FHC deu sinais de impaciência com a oposição, no caso o seu partido. Deitou conselhos sobre como enfrentar o governo de Lula. Quer ação dura e enérgica, sem «luvas de pelica». Deixou escoar todo o seu veneno ao referir-se à forma como o PT lhe fez oposição.
Esqueceu de dizer que oposição a ele não era privilégio do PT. Era de mais da metade, bem mais, dos brasileiros. Foi reeleito numa manobra vergonhosa (o inquérito sobre a compra de votos para a reeleição está na Procuradoria Geral da República e é farto em provas) e com menos de um terço dos votos do eleitorado.
Típico golpe de estado branco.
A reeleição foi decidida em Washington e coincidiu beneficiando os dois principais agentes norte-americanos em governos na América do Sul. O próprio FHC e Menem, da Argentina. Num ato falho o brasileiro chegou a declarar seu apoio público à segunda reeleição do ditador Alberto Fujimori, no Peru. Sonhava com a sua.
O que todos os brasileiros esperavam e continuam a esperar é que sejam investigadas as ações que resultaram na vitória de uma empresa dos EUA na concorrência para o projeto SIVAM. Que sejam tornados públicos os documentos do PROER (programa de recuperação do sistema financeiro). Que venham ao conhecimento dos brasileiros os dados e fatos das privatizações. Toda a sorte de sujeiras varridas para debaixo do tapete tucano, inclusive os recursos para as campanhas do ex-presidente e as sobras de caixa.
Millôr Fernandes escreveu há algum tempo que não existe diferença entre FHC, Collor e Maluf. Só de estilo.
O xis da questão, no entanto, é que Lula não varia no essencial, embora dele não se possa dizer que meta a não na grana.
E nem é ranço udenista, como costumam dizer, pretender que toda a sorte de trapaças dos oito anos de FHC venha a público e os responsáveis sejam, no mínimo, desmoralizados já que aqui esse tipo de gente não vai preso.
É ter o direito mínimo, diante do que Lula falou durante toda a sua trajetória política, de querer expostas as vísceras do neoliberalismo, já que corrupção é implícita, faz parte, é como quê o cordão umbilical do capitalismo.
O que Lula faz ao silenciar sobre esses fatos, ao esconder o que aconteceu ao Brasil e a conta está sendo paga por todos os brasileiros nos anos do «príncipe» (príncipe dos ladrões, só pode ser) é ser cúmplice por omissão e se enrolar cada vez mais no novelo do jogo institucional sórdido e desleal que, ganha dia a dia espaço no próprio PT.
São trapalhadas do presidente. Seu partido está semelhante ao PSDB. Um PSDB do B.
Arquivos, sejam os da ditadura ou sejam os dos anos FHC têm que ser abertos.