O deputado José Mentor, do PT de São Paulo, relator da CPI do BANESTADO, uma das mais importantes dos últimos tempos no Congresso Nacional, apresentou um relatório onde 91 pessoas são apontadas como responsáveis por remessa ilegal de dinheiro para o exterior, num total que vai entre 90 e 150 milhões de reais, ou sejam […]
O deputado José Mentor, do PT de São Paulo, relator da CPI do BANESTADO, uma das mais importantes dos últimos tempos no Congresso Nacional, apresentou um relatório onde 91 pessoas são apontadas como responsáveis por remessa ilegal de dinheiro para o exterior, num total que vai entre 90 e 150 milhões de reais, ou sejam de 30 a 50 bilhões de dólares.
O número de indiciamentos pedidos pelo relator foi considerado pequeno pelos integrantes da CPI. Ao todo a comissão analisou 1,6 milhão de operações financeiras e investigou de 500 a 600 mil pessoas físicas e jurídicas. Entre os nomes o de Gustavo Franco, presidente do Banco Central no primeiro mandato de FHC e agora com direito a foro privilegiado por conta da Medida Provisória do governo, já aprovada pelo Congresso, que assegura isso que estão chamando de blindagem.
Lula baixou a MP para proteger o banqueiro norte-americano Henrique Meireles, designado pelo FMI para o Banco Central e suspeito de várias irregularidades, algumas delas comprovadas. Uma das acusações ao ex-presidente mundial do Bank of Boston fala da compra de um mandato de deputado federal no Estado de Goiás e, lógico, no partido de FHC. No acordo feito com lideranças no Congresso, a impunidade de Meireles foi estendida a todos os outros ex-presidentes do Banco.
A CPI do BANESTADO investigou milhares de pessoas e boa parte do dinheiro mandado para fora do País o foi pelo Banco Araucária, no Paraná, entre 1996 e 2002, anos dourados do tucanato.
Os integrantes da comissão entendem que o relatório, que será votado na terça-feira dia 21 de dezembro, pode sofrer emendas e implicar em novos nomes. Em junho deste ano a CPI viveu um momento difícil, quando dados sigilosos começaram a vazar para a imprensa. Um vice-líder do governo, o senador Ney Suassuna, do PMDB, além de Meireles, foi investigado.
Foi devido a esses vazamentos e às investigações em torno de Meireles e figuras ligadas ao governo que Lula optou pela MP que garantiu a impunidade de Meireles.
O governo Lula tem dessas coisas.
Ao aceitar jogar o jogo nas regras definidas pelo tucanato, que nos oito anos de Fernando Henrique transformou a constituição num documento confuso. Vendeu o Estado brasileiro a banqueiros e corporações estrangeiras. Blindou todas essas trapaças e todo esse esquema neoliberal, do qual Lula não mostra o menor interesse em fugir pelo menos na política econômica. Lula aceitou também esse cipoal destinado a manter o Brasil sob controle dos donos da nova ordem, Lula aceitou vestir uma perigosa camisa de força.
A votação do relatório da CPI no dia 21 de dezembro sugere também um processo de esvaziamento, já que a maior parte dos brasileiros volta suas atenções para as festas de fim de ano.
Há um outro aspecto em todo esse processo. Os dados levantados pelos deputados e senadores da comissão serão remetidos à Polícia Federal, boa parte já o foi e é por aí que Lula mantém os adversários dentre de limites que não afetem seu governo. Saíram desse cutelo sobre cabeças tucanas, inclusive a do ex-presidente, as críticas a Lula.
O incompetente com que FHC brincou Lula tanto é despeito, como é rancor.
É um jogo perigoso, difícil, mas Lula aceitou jogá-lo.
Já Meireles… Agora amigo mais próximo do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, continua impune e servindo aos verdadeiros patrões.