O presidente Néstor Kirchnner quer pagar a dívida vencida de seu país com um deságio de 75% e os credores não têm alternativa. É pegar ou largar. Lembra-me a história de um banqueiro em Minas que, às portas da falência, foi chamado pelos credores e, instado a resolver o problema, declarou pomposo: «o problema não […]
O presidente Néstor Kirchnner quer pagar a dívida vencida de seu país com um deságio de 75% e os credores não têm alternativa. É pegar ou largar. Lembra-me a história de um banqueiro em Minas que, às portas da falência, foi chamado pelos credores e, instado a resolver o problema, declarou pomposo: «o problema não é meu, é dos senhores. Eu devo, não tenho como pagar e se os senhores não me ajudarem falimos todos».
O ministro da Fazenda Antônio Palocci tem horror à palavra renegociação. No mundo dos banheiros do Planalto, fixação do presidente da República (banheiros do tamanho de um quarto e sala proletário), a palavra de ordem é sacrifícios, superávit primário, o que mais o FMI mandar para honrar os compromissos com bandidos banqueiros, ou banqueiros bandidos, tanto faz, todos são.
Os novos tempos estão gerando uma nova força, uma poderosa religião para os brasileiros. A crença em prateleiras de supermercados. Até inventaram um nome mais ao estilo sacro do negócio: gôndolas.
O sujeito adora gôndola de leite condensado enquanto a Nestlé destrói as reservas de água do Brasil. Gôndola de massas das mais diversas marcas e variedades, ao lado o molho adequado, as iguarias vindas de terras exóticas e prontas para reforçar a libido. O diabo em forma de mercadorias, todas embaladas para presente.
Vem o IBGE (Fundação Brasileira de Geografia e Estatística) e diz que o brasileiro é obeso, o que, segundo Lula, significa que não tem tanta gente assim com fome.
Há quem coma demais, há quem coma de menos, há quem não coma coisa alguma.
É um sermão digno de um Vieira dos tempos atuais, ouvir explicações sobre determinado tipo de molho, enlatado, ou sobre a forma como a rede MacDonalds cuida para que seus pães fiquem sempre frescos, ou sejam sempre frescos.
Há quem tenha sintomas de um tipo de êxtase regado a champignon, azeite, só de comer determinada marca de patê. O cara enrola a língua, vira os olhos e se empanturra, podendo pagar no cartão em dez ou doze vezes a juros de mercado.
Ah! O mercado, o deus dessa gente. Estão conseguindo disseminar esse novo culto através de palavras de ordem como «preservar a credibilidade», «plantar transgênicos para exportar mais». «Crescimento sustentável». Etc, etc.
Os supermercados são os templos dessa crença, a ponta visível para o cidadão comum que se acredita ungido pelo divino. O poder comprar um azeite espanhol, ainda que lata pequena. Já ouvi alguém dizer que «é o mesmo azeite que o Ermírio come na casa dele».
Existem produtos dessa religião para todos os gostos e bolsos. Desde os mais abonados, em lojas exclusivas, são os iniciados. Àqueles em estágio de aprendizado ou condenados a latas menores. Com direito a filas intermináveis.
Para os donos, existe o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), algo como o banco do Vaticano, ou o banco/bando do Edir Macedo. Só o iniciado Abílio Diniz pegou dois bilhões de reais para espargir fé e latas de molhos divinos, todas com datas de vencimento embaixo que é para não dar dor de barriga em ninguém. Se der é culpa de quem comprou sem olhar. Mesmo que a etiqueta com o preço esteja tampando a tal data.
É possível encontra o milagre do ácido acetilsalicílico, serve para tudo, em supermercados. Produto de feiticeiros/sacerdotes dos novos tempos, sempre numa gôndola, ao lado dos esparadrapos e cotonetes. E de pomadas para «sexo sem dor».
Desodorante com cheiro de Katherina Zeta Jones, ou sem cheiro.
E a glória: «você está sendo filmado, sorria».
Caso contrário um segurança, via de regra policial em hora de folga ou mesmo de expediente, leva você para uma sala e você vai conhecer a palmatória do deus mercado.
Se for negro, ou estiver mal vestido é suspeito em potencial. As fábricas da coca cola usam esse expediente de castigo divino. Todas, todas sem exceção, têm cárceres privados.
O mundo do capitalismo é uma grande Guantánamo. Com uma única diferença: nos super mercados existem caixas de viagra para os cavalheiros e perfumes exóticos para as damas. Em Guantánamo os presos além de apanharem e muito, são obrigados a se enrolarem nas bandeiras do IV Reich; EUA e Israel.