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A América «Latrina»

Fuentes: Rebelión

A maior dificuldades dos principais presidentes de países latino-americanos, falo dos que ainda se mantêm independentes, é compreender o descaso da política externa norte-americana com essa parte do mundo. Descaso e arrogância. É pela arrogância que passa a compreensão. Os EUA entendem que somos extensão do seu território. Dos seus interesses. As relações são entre […]

A maior dificuldades dos principais presidentes de países latino-americanos, falo dos que ainda se mantêm independentes, é compreender o descaso da política externa norte-americana com essa parte do mundo. Descaso e arrogância.

É pela arrogância que passa a compreensão. Os EUA entendem que somos extensão do seu território. Dos seus interesses. As relações são entre corte e colônias.

A visão de Bush, como foi a da imensa e esmagadora maioria dos presidentes norte-americanos.

Eu me recordo que Celso Furtado contava uma passagem interessante ocorrida durante o governo do presidente João Goulart. Um grupo de diplomatas brasileiros foi a União Soviética negociar acordos comerciais e lá, o próprio embaixador dos EUA em Moscou acompanhou todos os encontros e questionou a todos os acordos assinados com uma pergunta inicial: «o que você vieram fazer aqui?». O tom era de feitor.

Ao perceber as dificuldades para implantar a ALCA nos moldes idealizados por Washington, a organização terrorista Casa Branca tratou de comprar dois presidentes de países sul- americanos: Lúcio Gutierrez, do Equador e Álvaro Uribe, da Colômbia.

Não chegaram à condição de vice-reino, mas conseguiram vantagens para os nobres e seus negócios. Dentre eles a produção e o tráfico de drogas, caso da Colômbia.

Para o resto a agenda de mundialização como afirma o presidente Chávez que, na prática, é a mesma coisa.

Bush, por exemplo, manifestou «decepção» com a atitude do presidente russo Wladimir Putin, de estatizar uma empresa privada de petróleo. Claro, atrapalha o lucro de cada dia, o peru no dia de ação de graças.

No Brasil o governo Lula vai perdoar uma dívida de 25 bilhões de reais das empresas de telefonia pública, com o argumento que tais empresas tiveram prejuízos. Foram privatizadas no governo da quadrilha de FHC e com dinheiro do BNDES. O calote é oficial. E é do governo no povo. No contribuinte como gostam de dizer.

Cobram tarifas caras, acima do normal, controlam a agência fiscalizadora, roubam como ficou provado no sistema de cobrança de interurbanos e são premiadas com o perdão do governo.

Bush não precisa e nem conseguiria comprar Lula, não é o caso, nem ele se chama FHC. Mas o Estado brasileiro continua controlado por bancos e grandes corporações. São os principais acionistas.

Não deixa, no entanto, de ser crime de um governo que arrocha o que pode e não pode, deixa de cumprir obrigações mínimas, aceita as regras do FMI, a agenda de reformas da tal mundialização e depois apresenta a conta ao cidadão comum.

A indiferença histórica dos norte-americanos para com essa parte do mundo passa por isso também. Os governos de um modo geral são lambões, quando não podres, no caso da Colômbia e do Equador.

Sofrem da síndrome de «eu sou New York há um século atrás. Ainda chego à Brodway».

As críticas do presidente da Venezuela à forma como os sul- americanos são tratados contêm o entendimento preciso do jeito como nos enxergam. Em muitas cidades dos EUA a crença que cobras andam pelas ruas do Rio e que Buenos Aires é a capital do Brasil, continua vigente.

Somos a América «Latrina». E revolução bolivariana representa sérios riscos para esse conceito. A revolução cubana foi e é um espinho na garganta arrogante dos EUA.

Chávez e Castro são alvos preferenciais para afastar qualquer forma de resistência.