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A Assembléia Geral das Nações Unidas

Fuentes: Rebelión

A invasão do Iraque à revelia do Conselho de Segurança trouxe à tona a necessidade de rediscutir o papel das Nações Unidas como instrumento de busca da paz, de preservação das liberdades, todo o ideário contido nos documentos fundamentais no processo que gerou a Organização. O discurso de Bush tem apenas viés eleitoral. O presidente […]

A invasão do Iraque à revelia do Conselho de Segurança trouxe à tona a necessidade de rediscutir o papel das Nações Unidas como instrumento de busca da paz, de preservação das liberdades, todo o ideário contido nos documentos fundamentais no processo que gerou a Organização.

O discurso de Bush tem apenas viés eleitoral. O presidente norte-americano vai à Assembléia Geral falar como alguém que vai ganhar mais quatro anos de mandato. Só um arremate no processo da sucessão em seu país. Vai falar para dentro. No mais, a diplomacia dos Estados Unidos dá a importância de uma secretária da Agricultura ao conjunto de chefes de Estados, Governos, diplomatas, etc, que lá estarão presentes.

É uma velha prática do império. Quando quer desqualificar ou mostrar seu desprezo, no caso pela Assembléia Geral, manda um funcionário aparentemente qualificado, do ponto de vista do peso, da importância. A ONU vale uma secretária da Agricultura. Isso quer dizer que, para Bush, não vale nada.

Lula vai propor a criação de um fundo mundial contra a fome, a pobreza. Já recebeu sinais que a idéia é boa, mas os recursos virão de onde? Do sistema financeiro nem pensar. Atrapalha o ganho dos bancos, das grandes corporações. Da indústria de armas muito menos. Imagine o custo de uma guerra com um taxa internacional! Fica mais barato e resulta em maiores ganhos matar iraquianos, afegãos, palestinos, em nome da democracia.

Foi Madeleine Albright quem disse em resposta a uma pergunta sobre se teria valido a pena a morte de 200 mil crianças no Iraque, isso na primeira guerra, a guerra do Bush pai: «se esse for o preço ser pago pela democracia vale». Foi secretária de Estado do governo Bil Clinton.

O que Lula vai propor, numa certa e boa medida, também visa o público interno. A torrente de imagens do brasileiro em reuniões com governantes de outros países que está sendo despejada pelos noticiários da televisão por aqui confirma isso. Reta final das eleições municipais, em jogo a obsessão petista: Marta Favre.

É uma proposta para humanizar o que não é humano, ou não tem humanidade, o capitalismo.

O ministro José Dirceu disse hoje que ano que vem serão votadas as reformas trabalhista, sindical e política. Foi mais além: «é preciso completar a votação das reformas previdenciária e tributária».

O presidente metalúrgico seguindo as passadas de FHC, o presidente intelectual. Assopra lá fora e morde aqui dentro.

Não importa que vá defender o fim de ações militares unilaterais, numa crítica aos EUA e às invasões do Iraque e do Afeganistão. O governo brasileiro já começa a manifestar preocupações com a crescente influência dos norte-americanos na Colômbia e as tentativas de formular políticas de segurança para países da América do Sul.

É só discurso.

A Assembléia Geral das Nações é uma espécie de convescote dos governantes dos vários países do mundo. Já teve seus momentos. Com Fidel Castro logo após a revolução cubana. Com Yasser Arafat denunciando o terrorismo de estado de Israel e proclamando a luta de seu povo.

Acabou.

Hoje é só imagem. Proselitismo político/eleitoral, momentos de fotos de uns e outros para a posteridade e o regalo de amigos, netos, principalmente a auto satisfação. Nada além disso. Um ou outro acordo aqui e ali, via de regra bilateral, um negócio para não sair de mãos abanando, não passa disso.

O governo terrorista dos Estados Unidos ignora a Organização e os governantes do resto do mundo ao ignorarem o real perigo que representa o IV Reich, viram as costas a algo muito maior, muito mais grave, tal e qual muitos fizeram quando Hitler brincava de invadir a Áustria.

Bush vai falar de combate ao analfabetismo, à pobreza, mas vai reiterar que todas as vezes que for preciso suas hordas saem pelo mundo afora matando, torturando, invadindo em nome da democracia.

Confirmada a sua reeleição, só um acidente de percurso e muito grave derrota o terrorista, vira senhor do mundo no delírio nazista do seu partido.

O verdadeiro problema está aí: como enfrentar a ameaça terrorista dos Estados Unidos?

O resto é o resto e pronto. Propostas para humanizar o capitalismo significam rendição ao modelo.

Guardadas as devidas proporções, a Assembléia Geral da ONU lembra o espetáculo de Comandatuba no Brasil. Os mais poderosos se reuniram naquele resort de alto luxo para decidir o lucro de cada dia. A exploração de cada trabalhador.

Uma diferença. Os caras de Comandatuba decidem e mandam. Os líderes na ONU fazem figuração, jogo de cena. Um só decide e para tanto ignora solenemente quem não aceita o mandato divino dos Estados Unidos. Inclusive a própria ONU.

Se Koffi Anan declara que os norte-americanos invadiram o Iraque ao arrepio das leis internacionais, escudados numa mentira, tudo bem, tem sua importância. Mas e daí?

Lula finge que quer acabar com a pobreza, sabe que sua proposta é inviável e não vai sair do papel. Os demais não diferem.

Isso levando em conta que se Fidel, ou Arafat, por exemplo, quisessem ir à Assembléia debater as ameaças contra seus povos, seus territórios, não poderiam. O fuhrer iria vetar como já vetou em reuniões anteriores.

A sede da Organização fica lá, na ilha de Manhatan.

Ou param o jogo de faz de contas e percebem que estamos diante de um terrorista com poder de destruição do mundo, sem limites, inconseqüente, corrupto, ou quando acordarem poderá ser tarde.

O mundo alternativo não passa pela Assembléia Geral da ONU e nem pela proposta de Lula, muito menos pelo terrorismo de Bush.