Bush anunciou que vai socorrer as vítimas nos países atingidos por tsunamis e na reconstrução do que foi destruído. Os jornais de seu país, sobretudo o New York Times, até eles, chamam o presidente de avarento. Se prestarmos atenção e relembrarmos as reações de Bush em situações de crise, ou difíceis, vamos constatar um fato […]
Bush anunciou que vai socorrer as vítimas nos países atingidos por tsunamis e na reconstrução do que foi destruído. Os jornais de seu país, sobretudo o New York Times, até eles, chamam o presidente de avarento.
Se prestarmos atenção e relembrarmos as reações de Bush em situações de crise, ou difíceis, vamos constatar um fato simples: é um robô e se Condolezza Rice não estiver por perto para captar os fluídos instintivos e transformá-los em política, Bush não diz coisa alguma, não sabe sequer como começar.
Foi assim no episódio do 11 de setembro. Teve que treinar, decorar e ser maquiado quando anunciou a invasão do Iraque, encolheu nos debates com o senador Kerry e venceu, hoje não há dúvidas sobre, num aperfeiçoado esquema de fraudes para evitar os transtornos da primeira vitória, em 2000.
O líder terrorista norte-americano, como convém a um Bush e texano, é um estúpido lato senso. Esperto, mas isso é outra história.
Bush não deu a mínima para a tragédia em vários países asiáticos até ser informado da extensão do fato e de sua gravidade. Cento e quarenta mil mortos naquela região do mundo para eles não querem dizer nada. Fora dos EUA, com exceção de um ou outro britânico, o resto é sub-gente. Não tem, esse resto, o mandato divino do Criador.
Transmitido direto a Bush, com certeza depois de meia dúzia de doses de uísque de milho, como se isso pudesse ser chamado de uísque.
Um senador democrata se horrorizou, por aí dá para imaginar, um deles, com o percentual da ajuda do enviado do Senhor em comparação com o que é gasto na guerra do Iraque. «o que vamos mandar para a Ásia é o que gastamos no café da manhã no Iraque.
Acordado, pego em com as calças nas mãos e ainda com aspecto de ressaca, está no rancho, no Texas (onde mais?) o presidente veio a Washington, deu uma entrevista pomposa, chamou a Foxnews e demais cãezinhos amestrados, quando anunciou o esforço solidário para socorrer as vítimas e os países, reconstruir as áreas atingidas.
Espetáculo, puro espetáculo. Nem os norte-americanos, o cidadão comum, com raras exceções, têm sentimentos de solidariedade com outros povos. Acreditam-se iluminados e com a tarefa de conduzir o resto. É possível que um desses pregadores cretinos e que cobra em dólar, lógico, venha dizer que foi castigo divino.
D. Eugênio Salles, aqui, quando arcebispo do Rio, dizia que a AIDS era um castigo de Deus contra a libertinagem. E ia celebrar missa na Globo para Roberto Marinho.
O espantoso movimento de solidariedade espontânea, até na Grã Bretanha, arrecadação maior que a prometida pelo governador do protetorado, Tony Blair, foi alcançada, difere desse caráter perverso, cínico, típico do capitalismo.
Há um quê de puro show nesse tipo de tragédia. Cento e cinqüenta mil mortos num desastre natural como esse proporciona desde imagens a manchetes fantásticas, aumenta venda de jornais, audiência de emissoras de tevê, faz com que comentaristas de rádios encham o tempo com besteiras de maior tamanho e despropósito, enfim, no clima.
À meia noite do dia 1º fogos, fogos, champagnes, a tragédia está acabando, o luto e a dor são efêmeros, afinal vem ai o Big Brother e é preciso colocar alegria na vida como disse alguém ao ver tantos corpos numa foto estampada numa banca de jornais.
É o mundo do capitalismo, nenhuma tragédia espera a próxima, pois as tragédias são diárias e começam no café da manhã no Iraque.
As pessoas estão perdendo o senso de si próprias, da vida e Bush não quer outra coisa que não isso. Ele e o que representa.