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A disputa dentro e fora do PT

Fuentes: Rebelión

Um petista dentre os proeminentes foi dizer a Lula que «não é possível fazer uma omelete sem quebrar os ovos». O objetivo da afirmação: tirar o presidente da letargia em que se encontra e alertá-lo para os riscos reais que seu governo enfrenta, levando em conta a conjuntura interna do seu partido e o jogo […]

Um petista dentre os proeminentes foi dizer a Lula que «não é possível fazer uma omelete sem quebrar os ovos». O objetivo da afirmação: tirar o presidente da letargia em que se encontra e alertá-lo para os riscos reais que seu governo enfrenta, levando em conta a conjuntura interna do seu partido e o jogo a que Lula se presta no terreno do institucional, o toma lá e dá cá com senadores e deputados.

Lula quer que José Dirceu vá para a presidência da Câmara, o que significa que desistiu da emenda da reeleição. Com isso Sarney dança e as possibilidades do PMDB ficar no governo aumentam. Em tese. O PMDB de Michel Temer não tem nem um por cento do PMDB de Ulisses Guimarães. É um balcão de negócios.

Lula quer trocar alguns ministros, dentre os quais Olívio Dutra, cedendo aos argumentos da mão direita. São os que afirmam que, no Ministério da Cidade, o ex-governador do Rio Grande do Sul não conseguiu viabilizar sua pasta.

Conversa.

Olívio, em pouco tempo, organizou o Ministério, gerou planos e projetos para as mais diversas áreas dos municípios brasileiros e quando foi executá-los viu que não tinha recursos. O Ministério foi criado no delírio inicial que caracterizou o governo Lula. Aquele que o presidente acreditava que andaria sobre as águas e mudaria o destino e a história da humanidade.

Num determinado momento recomendou a Olívio criatividade. Foi quando o ministro reclamou da falta de dinheiro. Lula deve imaginar que criatividade são aqueles malabarismos que muitos desempregados fazem nas esquinas quando os sinais fecham e passam depois o chapéu tentando pelo menos o almoço.

Olívio é só um exemplo.

O governo é uma confusão só. Como vão fazer para cortar os nós ninguém sabe.

As reformas ditadas pelo FMI e pelo Banco Mundial, endossadas pela equipe econômica e os ministros Luís Fernando Furlan e Roberto Rodrigues, vão ser apresentadas, discutidas e votadas no próximo ano. A reforma sindical, a universitária, a que restringe direitos dos trabalhadores e já são muitos os deputados do PT que não querem saber de votos complicados e custosos do ponto de vista eleitoral num ano que antecede exatamente as eleições.

Ao que se sabe nenhum deles, deputados e senadores, têm vocação suicida. Essa fica restrita ao deputado Professor Luizinho e um e mais outro.

Vão enfrentar mobilizações populares, a CUT não tem força hoje para impedir protestos de trabalhadores, é uma central sindical em franca decadência e, pior, ano que vem, cartazes com os retratinhos e a afirmação: votaram contra os trabalhadores.

O processo eleitoral interno no PT deve confirmar o comando do grupo neoliberal e aguçar apetites para 2006. A grande interrogação fica por conta do que resta da esquerda socialista no partido. O que vai fazer? Há um problema de datas nessa história. Quem ficar para disputar as eleições internas não tem como se candidatar em outro partido. O prazo para mudança é de um ano no mínimo e a data das eleições internas já foi marcada para evitar que isso aconteça.

Para se ter uma idéia de como andam as articulações dentro do grupo governista, os próprios jacarés nadam de costas. Sabem que rio está infestado de piranhas. Aquele negócio de tapinhas nas costas e facada depois.

Uma das características do período atual no PT é a busca de posições para assegurar candidaturas a qualquer preço. Tem deputado da base governista esculhambando o governo noutras bases. As suas. Sinal evidente de decomposição.

O desempenho de prefeitos eleitos pelos tucanos, o caso de Serra principalmente, está sendo aguardado com ansiedade. Temem que o paulista consiga superar os problemas orçamentários, endividamento, etc, com respaldo do governador Geraldo Alckimin e complique mais ainda a vida no Estado de São Paulo. As repercussões de fatos assim ajudam a desmoronar o que resta do governo.

Outro fato que deixa o Planalto, todos, de cabelos arrepiados, é a possibilidade que Lula venha a enfrentar um rival nas prévias internas em 2006. Suplicy já disse que não vai disputar a indicação presidencial, mas… O partido tem outros que desejam fazê-lo.

Neste momento Lula tem dito a vários companheiros mais próximos que não faz questão de ser reeleito. Começa a repetir lamúrias sobre a incompreensão de alguns, o açodamento de outros, o quadro gera intranqüilidades, a ponto desses, os mais próximos, estarem naquela de dar uns trancos no presidente para tentar fazer com que Lula reaja. Acorde.

Lula cometeu o maior de todos os equívocos: achou que era maior que tudo e todos e não passa de um pigmeu que vem sendo gradativamente tragado na voracidade de uma camarilha à qual se entregou, tudo para mostrar responsabilidade.

Não percebeu, um instante sequer, que a tal responsabilidade que tanto falam é, no duro mesmo, a irresponsabilidade criminosa do fisiologismo político que caracterizou o governo FHC e é marca registrada de boa parte da base aliada do governo do PT.

Um ministro com assento no Planalto anda brincando com seus assessores mais chegados: «se continuar assim vamos ter que fazer como o FHC: sair pela porta dos fundos».

Passadas as eleições municipais, constatado que o rei está nu, a saída que resta às forças populares é buscar as formas de luta que antecederam a eleição do presidente petista, logo revelado neoliberal, até para evitar que aconteça como aconteceu com os jogadores do Flamengo depois de tomarem de seis.

O que Lula teima em não enxergar é que está enfrentando profissionais da política mais sórdida que existe e ao querer tentar ser um deles, acaba produzindo essa desesperança que se segue à frustração e resta permitindo que o estupro se torne efetivo.

Dentro e fora do PT o governo está sem rumo.