Como a apregoam os norte-americanos, George Bush fecha o caixão desse modelo democrático. O espetáculo deprimente do período eleitoral nos Estados Unidos não deixa margem a dúvidas. Fraudes, mentiras, toda a sorte de trapaças possíveis e impossíveis no afã de manter o poder e expandir o IV Reich da maneira mais estúpida e violenta de […]
Como a apregoam os norte-americanos, George Bush fecha o caixão desse modelo democrático. O espetáculo deprimente do período eleitoral nos Estados Unidos não deixa margem a dúvidas.
Fraudes, mentiras, toda a sorte de trapaças possíveis e impossíveis no afã de manter o poder e expandir o IV Reich da maneira mais estúpida e violenta de todos os tempos.
E assegurar o que de fato conta no capitalismo: o lucro nosso de cada dia, no processo de recolonização das nações do mundo. O império absoluto.
O hino dos EUA fala em levar esse modelo a todos os cantos do mundo. O «american way life» ficou consagrado, por obra e graça da extraordinária máquina de propaganda que é Hollywood e adjacências (hoje a televisão), como ideal e aspiração de todos os povos.
Donald Rumsfeld, pouco antes da invasão do Iraque, reagindo às críticas ao governo, sobretudo aquelas partidas de líderes de outros países, disse o seguinte: «todos nos criticam, mas todos querem ser como nós».
As eleições de novembro vão definir muito mais que o presidente do país nos próximos quatro anos.
Vão revelar a essência e a natureza da sociedade norte-americana. Não é uma questão simples, se Bush ou Kerry. Transcende a isso.
Kerry não muda o caráter opressor e imperialista da política nos EUA. Troca as tenazes texanas de Bush por luvas de pelica. Só isso. Numa certa medida, recoloca a máscara de nação defensora das liberdades, dos direitos humanos, jogada no chão e pisoteada pelo atual presidente.
As pesquisas revelam mais, muito mais, que intenções de voto. Mostram o profundo desprezo do cidadão comum pelo resto do mundo, pelos outros povos.
Há consciência do que Bush é de fato. Um vigarista, um escroque montado num arsenal nuclear e pleno de toda a boçalidade possível num ser que não anda e masca chicletes ao mesmo tempo, pois tropeça, cai e não levanta mais.
Mas está revelado, com todas as letras, o receio, o medo que Kerry não saiba lidar com os não norte-americanos e sucumba à barbárie que rodeia a maior nação do mundo. É o que pensam. Sem disfarces. A preocupação é com o hambúrguer nosso de cada dia. O modelo McDonald’s com coca cola.
A democracia nos Estados Unidos sempre foi uma farsa. Conseguiam manter as aparências. A revelação de vetos a negros, a hispânicos, as listas eleitorais manipuladas pelo poder, atestam essa verdade.
A confissão vinda pelas páginas do jornal The New York Times sobre a «remota precisão nos resultados», além de nos remeter à fraude que elegeu Bush, consagra essa constatação.
A Federação nos Estados Unidos não é uma associação de estados independentes. Mas de corporações.
O Colégio Eleitoral é outra instituição criada para que o poder não mude de donos. O lógico seria que os votos, admitindo o colégio, fossem proporcionais aos votos populares. Bush ganhou na Flórida em fraude nunca negada por diferença inferior a 600 votos e levou todos os votos do estado no tal colégio. Mesmo perdendo no voto popular, por mais de 500 mil votos, em todo o país.
Conta de chegar dos donos. Arranjo das grandes corporações, do complexo industrial e militar e que agora permeia o cidadão comum. Nem tanto o compromisso com os princípios que vivem alardeando. Pelo contrário.
O estado primitivo de barbárie total contra o resto do mundo, pouco importa que tais princípios tenham ido para o lixo.
Direitos humanos onde? Em Guantánamo? Nas prisões do Iraque? Nas eleições fraudulentas no Afeganistão?
Democracia como? Nas tentativas de golpe contra o governo de Hugo Chávez? Na guerra suja da ditadura colombiana? Nos assassinatos de lideranças adversárias, direta ou indiretamente, pelo braço Gestapo do imperialismo, o Estado de Israel?
A sociedade norte-americana, hoje, é, paradoxalmente, histérica e narcotizada com o medo incensado no dia a dia do terror de mercado.
Como é possível o cidadão comum afirmar que Bush não está preparado para a presidência, que mentiu, que tornou o país menos seguro, que lascou a economia, gerou o desemprego e, ao mesmo tempo manifestar voto em Bush por achar que o terrorista lida melhor com as ameaças do resto do mundo?
Por toda essa série de fatores, as fraudes, as listas, o jogo mentiroso dos meios de comunicação atrelados à Casa Branca, não creio que Kerry tenha revertido as expectativas, pelo menos ainda. Pode ser que num terceiro debate o democrata consiga tornar explícito o apoio à sua candidatura.
Reagiu, mas e daí?
A democracia no modelo dos EUA está falida. O que significa dizer que em boa parte do mundo é farsa sim. E mesmo que John Kerry consiga superar todos os obstáculos que enfrenta, a falência não tem volta.
O cidadão nos Estados Unidos incorporou a histeria ao seu dia a dia. O medo. O preço vai ser bem mais alto que o pago no desastre do Vietnan. Já está sendo. As vísceras estão podres.