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A pesquisa que dá aécio

Fuentes: Rebelión

O governador de Minas, Aécio Neves, neto de Tancredo Neves, está no céu com os resultados de uma pesquisa divulgada nos meios políticos e que tem como dado principal um possível confronto entre ele e o presidente Luís Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições presidenciais de 2006. Aécio é o único político, […]

O governador de Minas, Aécio Neves, neto de Tancredo Neves, está no céu com os resultados de uma pesquisa divulgada nos meios políticos e que tem como dado principal um possível confronto entre ele e o presidente Luís Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições presidenciais de 2006.

Aécio é o único político, até agora, que vence Lula.

A disposição do governador mineiro era e continua sendo a de se candidatar somente em 2010. Os bons resultados alcançados pelo governador de São Paulo, do mesmo partido do mineiro, nas eleições municipais, no entanto, estão forçando Aécio a rever sua estratégia. É que se Alckimin for o candidato tucano em 2006 e vencer, passa a ter a perspectiva da reeleição em 2010, o que frustraria seus planos.

Aécio e Alckmin são dois desastres absolutos e só se explica a popularidade dos dois pelo extraordinário poder de sedução da chamada grande mídia. Como pelo fracasso redondo e rotundo do governo Lula. O paulista, exatamente por isso, não ganha de Lula no segundo turno, conforme simulação na dita pesquisa.

Pouco antes da eleição do presidente Lula era consenso entre as forças de esquerda que um mau desempenho do petista representaria um retrocesso sem tamanho para as forças populares no Brasil. Era a principal preocupação com Lula.

Os dois anos de governo do presidente transformaram o que era temor, em realidade. Lula é cada vez mais um Lech Walessa da vida. Ou seja, um blefe. Desde a derrota de Marta Suplicy o País não tem governo.

O PT lulista procura desesperadamente um culpado pela derrota da principal estrela feminina da companhia. O Congresso faz jogo duro no melhor estilo dos velhos tempos de FHC, o «é dando que se recebe», não vota nada. E a sensação que são só mais dois anos, leva setores das tendências que apóiam Lula a buscar, também de forma desesperada, empregos, cargos, vantagens, benesses, no salve-se quem puder de quem antevê dificuldades imensas daqui a dois anos. Para ser ter uma idéia basta voltar os olhos para alguns deputados do partido. Durval Ângelo, por exemplo, a síntese desse tipo de petista: «quero o meu, dane-se o resto».

Para o presidente, para os candidatos a governos estaduais, para senadores, deputados federais e deputados estaduais.

Imaginar que Aécio Neves ou Geraldo Alckmin possa, um ou outro, vir a ser o presidente da República é como recaída de bebum depois de dez anos de AA (Alcoólicos Anônimos). Medíocres produtos desse fantástico poder da mídia que transforma bonecos infláveis em políticos confiáveis representam o pior do pensamento neoliberal, se é que isso é possível.

O governador de Minas segue à risca a cartilha do sistema financeiro. Estado mínimo, logo serviços públicos destroçados. Educação e saúde à matroca. Aposentados e pensionistas jogados no escaninho dos «próximos a morrer», tratados como sub-gente. A previdência financiando o pagamento de dívidas do Estado e com serviços vários cortados. O desastre visível a olho nu, exceto nos meios de comunicação de Minas, sem exceção, falo dos grandes, sustentados por dinheiro público.

Aquele negócio de anunciar no sul as obras que não fez no norte e vice-versa.

É um dos piores governos de todos os tempos, no nível de Francelino Pereira, Newton Cardoso e Eduardo Azeredo, um trio capaz destruir o indestrutível. Outra invenção de Itamar Franco, o que pensa que foi presidente.

Alckmin é o exemplar pronto e acabado da direita civilizada. Come de garfo e faca, entende de vinhos, é gourmet, só assina decretos exterminatórios da classe trabalhadora com luvas e já começa a gastar dinheiro nas revistas e nos jornais com propaganda sobre seus feitos, nos mesmos moldes de Aécio e principalmente, a jogar sua mulher, jovem e bela, em capas de revistas e matérias sobre a sensibilidade de quem pode vir a ser primeira dama do Brasil.

Os caras não têm escrúpulo algum, mais um pouco e mostram a cara metade no programa da Ana Maria Braga dando receitas de bolo. No Jô falando do cotidiano cansativo de ajudar os pobres. No Sílvio Santos chamando o auditório de «minhas colegas de trabalho».

Lula é só um equívoco que está custando demasiadamente caro à esquerda. Ao movimento popular. Para ter o PMDB, uma das grandes agências de negócios do mundo político brasileiro, a seu lado, tem que pagar a vista. Como diz um crítico do governo: «quem não tem crédito paga a vista».

Insiste no jogo sujo e sórdido voltado para o mundo institucional.

O presidente tem conhecimento da pesquisa, foi levada a ele pelo trapalhão que ocupa a coordenação política. Aldo Rebelo, do PC do B S/A.

Vai tentar atrair, de novo, Aécio Neves para o seu regaço. Aécio até que deseja, desde que o governo se recupere e volte a ganhar alguma credibilidade, o que significa dificultar o caminho de Alckimin. Caso contrário põe o bloco na rua com um discurso de neotucano, ou tucano não paulista.

Descobriu o segredo: ser tucano, mas diferente de FHC, Alckmin, Serra, como disse seu aliado, também tucano, Tasso Jereissati: «uma cara nova para o Brasil».

E um Brasil velho. Como o de Sarney (aliado de Lula), o de Collor, o de Itamar, o de FHC (ponto culminante do retrocesso, transformação do País em entreposto do capital financeiro) e como o de Lula. O que era para ser o novo e não conseguiu.

O que as forças populares vão fazer é outra história, ou um «enigma» como diz Chico Oliveira.

Precisa ser decifrado «antes que seja tarde demais», como afirmou César Benjamin. E com uma certeza: a luta não passa pelo institucional.