Todo aquele jeito de quem resolve, de firmeza, de quem está acostumado a tomar atitudes e as faz em benefício do bem comum, no caso de José Maluf Serra é engano. É um caráter autoritário, traz consigo a presunção de princípio, meio e fim e não admite que se conteste seu saber, sua competência, sua […]
Todo aquele jeito de quem resolve, de firmeza, de quem está acostumado a tomar atitudes e as faz em benefício do bem comum, no caso de José Maluf Serra é engano.
É um caráter autoritário, traz consigo a presunção de princípio, meio e fim e não admite que se conteste seu saber, sua competência, sua honestidade. Não é nem sábio, nem competente e muito menos honesto.
Serra é uma das piores figuras da política brasileira.
Ele e Fernando Henrique Cardoso, unha e carne, são dois dos mais perigosos políticos em ação no País. Um faz o contraponto do outro. FHC é dado a sorrisos, a declarações de paz e amor e Serra o típico mal humorado.
São tucanos e isso explica. No fim catam os lucros.
Não existem tucanos confiáveis.
O episódio de quinta-feira em que a página do candidato na Internet exibiu um pretenso comentário jocoso, pura maledicência, sobre a adversária Marta Favre, aludindo ao fato do senador Eduardo Suplicy estar fazendo campanha para a ex-mulher, sugerindo «dona Marta e seus dois maridos», dá a medida do caráter de Serra e de qualquer tucano, em qualquer lugar do Brasil.
Retirado às pressas, a repercussão foi a pior possível, reflete apenas o desespero dos que se acham deuses, quando percebem que os pés são de barro, falo da queda de José Maluf Serra nas pesquisas de intenções de votos.
Há léguas de distância entre a dignidade do senador Suplicy e da prefeita, em relação ao candidato do PSDB/PFL. E eu nem sei quem é pior: se José Maluf Serra, ou Paulo Serra Maluf.
Serra percorreu um caminho difícil no governo de Fernando Henrique. Primeiro amigo, sócio, parceiro, começou ministro do Planejamento, bateu de frente com Pedro Malan (não eram idéias diferentes, apenas questão de poder) e voltou ao Senado. Malan tinha o respaldo do FMI, do Banco Mundial e além do mais, green card, o que hoje é muita coisa. Uma espécie de cartão crédito sem limites, no nosso caso, para a privatização do Estado brasileiro.
Candidato in pectori à presidência da República, virou ministro da Saúde e fez marketing durante todo o tempo que lá esteve. Para se ter uma idéia da gestão Serra basta lembrar um fato: o ministro queria que fossem feitas num só dia, ou numa só semana, dependendo da demanda, as chamadas operações simples em pacientes do SUS. Tipo apêndice, vesícula e os ditos liberados 12 horas após as cirurgias. Fariam o pós-operatório em suas residências.
O delírio pretendia transformar o fato em grande feito nacional, alavancar a candidatura presidencial, tal e qual Paulo Serra Maluf, que, nesta campanha, foi a um CTI visitar um interno, Serra iria posar ao lado de pacientes operados e com os problemas de saúde resolvidos.
Esbarrou na reação da classe médica. A loucura não prosperou apesar das pressões (isso porque se morressem dez, ou doze, morreriam centenas segundo um médico). Soava como eliminação sumária, política de extermínio.
No sem caratismo típico de tucano, foi o responsável pela operação que liquidou a candidatura de Roseana Sarney. Mais à frente, outra, a operação de desmonte da candidatura Ciro Gomes a partir de invenções, mentiras e falsidades.
É a característica tucana. O jeito de ser. Está na gênese do partido.
A ordem para retirar a maledicência da página veio do próprio Serra, é o que afirmam jornais, noticiosos de televisão. Não poderia ser de outra forma. O candidato percebeu a infâmia.
As campanhas de candidatos do PSDB, partido de FHC, se estruturam em cima de um princípio simples: uma parte faz o jogo do lobo mau e outra a da vovozinha.
A de José Serra não difere. Nem a de João Leite, PSB e aliado tucano em Belo Horizonte, ou a de qualquer outro candidato do partido, em qualquer cidade do Brasil.
Jogam interesses maiores e particulares dos grupos que representam e que nos oito anos dos dois mandatos de FHC não fizeram outra coisa que não vender o patrimônio público, com dinheiro público e lucro privado.
É simples entender como isso funciona. A Mercedes Benz foi para a cidade mineira de Juiz de Fora, no governo Itamar Franco (o que pensa que foi presidente), na febre de montadoras de automóveis para o progresso (deles) e com o velho discurso: investimentos e empregos, logo desenvolvimento.
Dinheiro público, todas as vantagens fiscais possíveis, contribuinte pagando para que a empresa viesse a produzir. Como todas elas. Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, pagou caro por enfrentar essas quadrilhas.
A Mercedes não gerou um terço dos empregos anunciados. Não produz mais o carro, o Classe A, fracasso de vendas, mas anuncia novos investimentos ano que vem, com milhares de empregos diretos e indiretos. Apóia o candidato tucano naquela cidade, terra de Itamar Franco.
Vão passar a campanha inteira falando nisso: empregos e investimentos. Nada sobre privilégios, dinheiro para campanhas, etc.
Ano que vem…
Bom aí é outra história. A eleição já passou. Se ganharem, novos incentivos, novos privilégios, cidadão mais onerado. Se perderem…,
Paciência. Vão dizer que o novo governo, qualquer que seja, isso se não puder ser feito um arranjo, é contra o progresso.
É a lógica do capitalismo, da exploração. É a lógica tucana. A maledicência é apenas um ingrediente do mau caratismo dessa gente.