Com raras exceções, a grande imprensa, no Brasil, relegou o referendo de 15 de agosto na Venezuela a um segundo plano. Falo da cobertura do dia a dia. As declarações de líderes da organização terrorista Casa Branca, hoje, felicitando o governo boliviano pelo referendo sobre a questão do petróleo, com ênfase em transparência (que não […]
Com raras exceções, a grande imprensa, no Brasil, relegou o referendo de 15 de agosto na Venezuela a um segundo plano. Falo da cobertura do dia a dia. As declarações de líderes da organização terrorista Casa Branca, hoje, felicitando o governo boliviano pelo referendo sobre a questão do petróleo, com ênfase em transparência (que não houve), devem trazer o assunto de volta aos meios de comunicação e sob a forma de exigências.
O discurso do presidente chileno, Ricardo Lagos, em Washington, elogiando o presidente da Bolívia e cobrando o mesmo procedimento do presidente Hugo Chávez em seu país, é um sintoma do que vem por aí. Lagos é um soldado do deus mercado e obedece sem questionar o grande líder do mundo ocidental, cristão e democrático, o cowboy texano.
Há cerca de três meses esse mesmo líder terrorista, George Bush, disse que seu país não aceitará a substituição de Fidel Castro pelo seu irmão Raul. O fuhrer do IV Reich usou a expressão «inaceitável para a democracia».
As pesquisas de opinião pública mostram que a oposição tem poucas chances de conquistar uma vitória na Venezuela. O risco de fraude, neste momento, é contra Chávez.
Os discursos dos governantes prepostos dos EUA na América do Sul, Lagos, Uribe (Colômbia), Mesa (Bolívia), e Toledo (Peru), começam a dar ênfase à necessidade de lisura no referendo venezuelano e isso tem um objetivo claro: antevendo a derrota e talvez sem tempo para modificar o processo ou levar a cabo a fraude costumeira, justificam, de antemão, a continuidade de ações contra o governo da Venezuela.
O silêncio da grande imprensa no Brasil se deveu a esse período preparatório e deve começar agora, sobretudo a Globo, a pegar pesado contra «suspeitas de fraude», «falta de transparência», coisas do gênero, o repertório de sempre, preparando outro terreno: o de difundir a impressão que o povo venezuelano foi logrado e que os povos das outras nações sul-americanas devem se levantar e queimar o «tirano» Chávez.
O ideal para Washington ou são lideranças como as já nominadas, ou messias como Lula. Os que acreditam que andam sobre as águas, mas, na hora agá, saem pela tangente.
Lula disse hoje em São Paulo, no lançamento de uma campanha para melhorar a auto-estima do brasileiro, que o Estado não pode resolver tudo e convocou a família à luta pela construção de uma nova sociedade. Uma afirmação aparentemente correta, até porque disse que o fato econômico não pode ser o principal em relação ao conjunto de problemas que enfrentamos.
Que o Estado não vai resolver coisa alguma, só problema de banqueiros, indústria automobilística, grandes corporações, qualquer um sabe. O Estado brasileiro foi privatizado no governo FHC e Lula não mudou coisa alguma, dança como o figurino escrito pelo FMI.
Só a família para resolver? A família se desestrutura no desemprego, nos baixos salários, na falta de escolas, de saúde, habitação, na vida miserável a que milhões de brasileiros são condenados a ter todos os dias, em cada dia da vida.
Está omisso, até agora, na questão da Venezuela, faz de conta que não é com ele, já andou queixando de Chávez junto a alguns assessores. Não gosta, se sente mal quando se constata que o venezuelano não deixou suas promessas à porta do palácio e caiu nos braços de banqueiros. Insiste em se afirmar líder da classe trabalhadora. Só que, quando vai falar em auto-estima, senta-se ao lado de Abílio Diniz.
O silêncio sobre o referendo não significa que a situação esteja sob controle, ou que os golpistas/terroristas tenham se rendido à evidência que o governo Chávez tem o apoio da maioria de seu povo.
É exatamente o contrário. Esperam a palavra de ordem e ela começou a ser ditada na fala de Lagos e na de Bush no encontro dos dois, para vender a idéia que na Venezuela existe um tirano.
Se der tempo, por quê não, armam a fraude. É típico deles. Bush foi eleito num desses arranjos. Se não der, vão dizer que faltou transparência.
As ameaças contra a Venezuela, mesmo que Lula tenha ciúmes do prestígio e da força moral de Chavez, dizem respeito ao Brasil e aos brasileiros.
O que os norte-americanos e seus prepostos chamam de transparência é o controle do petróleo naquele país. E por extensão, no resto da América do Sul. Não é por outra razão que Lula, aqui, vai entregar novos campos petrolíferos a empresas privadas.
Já Ricardo Lagos, o presidente do Chile, deveria ser proibido de falar o nome de Salvador Allende, tem mania disso, ou de ficar no Partido Socialista. Nessa salada em que até Uribe diz que tem preocupações com o seu povo, esses caras perderam por completo os escrúpulos. E olha que Pinochet, o intocável, tem quatro milhões de dólares em contas nos Estados Unidos.
E por aí a coisa.