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As pedreiras que Lula vai quebrar em 2005 (ou não)

Fuentes: Rebelión

A escolha do deputado Luís Eduardo Greenghald para a disputa da presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro do próximo ano é uma primeiras grandes pedreiras que Lula vai ter que quebrar. Os líderes do PFL e do PMDB. José Carlos Aleluia e Michel Temer, ambos ligados a FHC, anunciam que serão candidatos. Por enquanto […]

A escolha do deputado Luís Eduardo Greenghald para a disputa da presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro do próximo ano é uma primeiras grandes pedreiras que Lula vai ter que quebrar.

Os líderes do PFL e do PMDB. José Carlos Aleluia e Michel Temer, ambos ligados a FHC, anunciam que serão candidatos. Por enquanto pura manobra, sem maiores problemas.

O problema real são as bancadas evangélica e ruralista. Somam mais de 200 deputados e rejeitam o candidato petista por suas ligações com o MST. Tanto uma quanto a outra são as mais caras do Congresso Nacional. Têm um faro invulgar para «negócios».

Ambas garantiram a Lula a aprovação da Medida Provisória do salário mínimo, no episódio da rejeição da dita MP pelo Senado. O acordo custou os olhos da cara. No caso dos ruralistas, a liberação dos transgênicos. Já os evangélicos, cargos e verbas (naturalmente para Jesus).

Resta saber, não disse uma palavra ainda, a posição do governador Aécio Neves, de Minas, ele próprio ex-presidente da Câmara. Aécio havia dito a mais de um interlocutor que «ninguém agüenta mais um paulista». Apostou suas fichas na candidatura Virgílio Guimarães e foi surpreendido com a manobra de José Genoíno. A do consenso em torno de Greenghald.

A votação do orçamento para 2005, objeto de uma longa reunião do ministro da Fazenda com governadores, não chega a ser um grande problema. O governo já chegou a sete bilhões de repasses, os governadores querem nove. Um meio termo vai ser achado.

E há um aspecto nisso: alguns governadores enfrentam desgastes em seus estados. É o caso de Germano Righotto (produto do acaso e do latifúndio) e outros menos votados. Dos que têm balas nas respectivas agulhas, Aécio vai agir de um jeito para fora, de outro para dentro. Alckimin está de olho nas eleições de 2006, quer ser o candidato tucano contra Lula, não é de forçar a corda além do razoável. Rosinha Garotinho é um caso de rejeição quase absoluta em seu Estado.

E Lula tem aliados entre os governadores mesmo entre os que não são do PT, como o de Roberto Requião e o de Luís Henrique, Paraná e Santa Catarina. O resto Palocci leva na conversa com seu jeito.

No fundo, lá no fundo, Palocci sabe que esgrime com a popularidade do presidente um confronto não ajudaria senão ao próprio Governo Federal.

As pedras maiores, verdadeiras montanhas rochosas começam mais à frente e vão, óbvio, depender de como Lula vai quebrar as primeiras.

A campanha contra a ALCA é uma realidade para os movimentos populares no próximo ano e, como aconteceu com o plebiscito da dívida externa, vai mobilizar o País o ano inteiro, pelo menos até setembro.

Soma-se à inquietação com o recrudescimento do golpismo na Venezuela, das ações militares na Colômbia (protetorado norte-americano formando um exército para ações em toda a região de fronteiras, inclusive a Amazônia) e à própria ação do governo terrorista de Bush contra Cuba. Isso vale para a ALCA, há um comportamento dúbio de Lula sobre a matéria.

Se o governo fecha o ano em alta, com largo apoio popular. Se a aprovação das parcerias público privadas abre espaço para obras (para mais privatizações e corrupção) em todo o País. Se o já anunciado salário mínimo resgata parte dos compromissos do presidente, Lula vai ter que superar a turbulência de uma oposição jogando para as eleições, dane-se o resto (colocação de FHC quase que ipsis literis na conversa com Cristóvam Buarque de Holanda) e dos apetites pantraguélicos dos seus sócios no governo (latifúndio, banqueiros, grandes corporações), todos esperando manter as performances deste ano.

Por fim, pedras nada desprezíveis, como as anunciadas reformas. A política, que consagra o coronelismo partidário como está proposta. A sindical, que esvazia o movimento e abre espaço para um peleguismo maior que hoje. A universitária, que privatiza a universidade pública e a trabalhista, que retira direitos dos trabalhadores.

Lula conseguiu tirar coelhos da cartola todas as vezes que enfrentou problemas. Deve ter um monte para fazer em 2005 o ano de 2006.

Como fica a reforma agrária, deixada de lado, ou a passo de cágado? Como o governo vai reagir ao terrorismo contra Cuba e Venezuela? Como Lula vai agüentar Kirchnner dando uma no cravo para efeito externo e outra na ferradura para feito interno?

E como Lula vai fazer com as tropas no Haiti?

São pedreiras de quem optou por acender uma vela a Deus e outra ao diabo.

Para o movimento popular e o conjunto de forças socialistas a luta é outra. Passa ao largo desse jogo sórdido de poder. Se o governo não é inimigo como o de FHC, dizem alguns, não é aliado.

E isso basta para mostrar que a direção da luta é outra. Nesse trem de doido, um pra lá, dois pra cá, Abílio Diniz, que já levou dois bilhões do BNDES, tende a levar o resto.

Se Lula se sai bem dessa? Claro. Só não sai se fizer besteiras das grossas. Mas joga um jogo perigoso por maior que seja sua popularidade. Está andando por um ninho de cobras venenosas, a tal base aliada.

E administrando burocratas petistas fascinados com carros e gasolina pagos pelo erário público. Os adoradores de celulares, secretárias padrão modelos de Ocimar Versolatto e pastinhas.

São pedreiras sem tamanho.