O prefeito de São Paulo, José Serra, disse que Marta Favre «gastou mais que devia e cumpriu aquém do prometido». Serra tomou posse hoje e pediu que sua declaração não fosse vista como crítica «mas apenas constatação». Tucanos são artistas na arte de serem uma coisa e parecerem outra. Marta Favre, por sua vez, desejou […]
O prefeito de São Paulo, José Serra, disse que Marta Favre «gastou mais que devia e cumpriu aquém do prometido». Serra tomou posse hoje e pediu que sua declaração não fosse vista como crítica «mas apenas constatação». Tucanos são artistas na arte de serem uma coisa e parecerem outra.
Marta Favre, por sua vez, desejou a Serra «o dobro dos acertos que tive e a metade dos erros que cometi». A prefeita deve ir para um cargo no Governo Federal, existindo a possibilidade de vir a ser designada embaixadora na França.
Os prefeitos e vereadores eleitos em outubro deste ano tomaram posse hoje, primeiro de janeiro, em todas as cidades do Brasil.
César Maia, reeleito prefeito do Rio de Janeiro, admitiu que sua candidatura a presidente é difícil e as condições neste momento não são favoráveis. Maia foi enfático: «o atual presidente é o favorito». As eleições serão em outubro de 2006 e ninguém no mundo político pensa noutra coisa, inclusive o próprio Lula.
O PT depois de dezesseis anos de governos seguidos entregou a prefeitura de Porto Alegre a José Fogaça, um político sem cor, sem vida, mas pau mandado das elites e do latifúndio. O Rio Grande do Sul, em dois anos, derrotou petistas no âmbito estadual e no âmbito municipal. Proeza de Tarso Genro, ministro da Educação e oportunista de primeira linha.
O fato não preocupa muito o Planalto. O PT continua a ser um partido paulista e a acreditar que fora de São Paulo não existe vida inteligente no Brasil.
A esmagadora maioria dos prefeitos empossados não fez críticas ao governo de Lula. Os municípios no Brasil dependem de Brasília para quase tudo, alguns, de tudo. Muitos não têm receitas próprias, só as oriundas do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e isso depende, muitas vezes, do deputado federal. São, em sua esmagadora maioria, despachantes de luxo em Brasília.
Uns atendem a interesses de prefeitos, cabos eleitorais em potencial. Outros representam empresas, ou latifundiários e, neste momento, o Brasil começa a enfrentar o problema do fundamentalismo cristão, os neopentecostais. A diferença entre os fundamentalistas desse grupo e o resto, os demais, é que adoram dinheiro. Recolhem dos fiéis (ingênuos) e como naquela velha história jogam para o alto. O que Deus pegar é dele, o que cair é do pastor.
Bancos, grandes corporações, seitas religiosas e latifundiários, além de maiores acionistas do Estado brasileiro, controlam Executivo, Legislativo e Judiciário.
Fosse de outra forma o prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani, eleito com o apoio de Lula e do PT, estaria preso cumprindo pena pelo tanto que roubou no seu primeiro mandato. Encheu a cidade, uma das cinqüenta maiores do Brasil, de faixas com o lema de Lula: «sem medo de ser feliz». Em 1989 era uma cópia de Collor de Mello e disse que se Lula ganhasse em sua cidade desceria a principal rua de Juiz de Fora nu. Lula ganhou e mentiroso como é sua característica não cumpriu a promessa.
Como ele centenas de prefeitos, milhares de vereadores.
O espetáculo da farsa democrática teve desde fogos e cultos a ônibus para o povo de graça.
Faz parte do jogo sórdido. Induzir o cidadão a pensar que ele é parte disso.
Vez por outra é costume se referir à atividade política, falo da institucional, como de mafiosos, mas no pressuposto que essa política buscou now how nas máfias. Bobagem.
Foi e é o contrário. As máfias, maiores ou menores, buscaram a tecnologia dos políticos para seus «negócios». A política institucional é só o «grande negócio».
Quaisquer das entrevistas que Al Capone concedeu, entre muitas, vão estar lá seus compromissos com os pobres, suas preocupações com o país, sua devoção a Deus, num estilo de fazer inveja a qualquer tucano ou petebista da vida. Seja ele preposto de democrata, ou de republicano.
De hoje até outubro de 2006 o jogo entra na fase decisiva. Lula vai buscar um segundo mandato e os caras de fora vão querer tirá-lo de lá. Um jogo de tapinhas nas costas, pela frente e punhaladas por trás. Que o diga o deputado Virgílio Guimarães, relator da emenda de reforma tributária, jogado para escanteio pelo morto vivo José Genoíno.
Vai ser assim, mais do que já é, no PT e em qualquer outro partido do clube de amigos e inimigos cordiais.
O negócio é tão bravo que burocratas por obra do oportunismo e do caráter mau caratista desse tipo de política, que o secretário nacional de combate ao racismo do PT, remunerado pelo partido, já está exigindo tapete vermelho quando chega a algum lugar. Fogos de artifício e entrevistas em rádios e televisões. Entendeu mal esse negócio de estrela, acha que é ele.