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Brasil, Argentina, Venezuela e Fox

Fuentes: Rebelión

«O objetivo é cortar o ar. Um soco bem dado no fígado e o cara não levanta de jeito nenhum. Vai precisar de oxigênio». A declaração foi feita por Joe Louis depois de nocautear um dos seus adversários, dos muitos que enfrentou nos 11 anos em que foi campeão mundial dos pesos pesados. Provou do […]

«O objetivo é cortar o ar. Um soco bem dado no fígado e o cara não levanta de jeito nenhum. Vai precisar de oxigênio». A declaração foi feita por Joe Louis depois de nocautear um dos seus adversários, dos muitos que enfrentou nos 11 anos em que foi campeão mundial dos pesos pesados. Provou do veneno quando, já decadente, enfrentou Rock Marciano.

A onda contra o MERCOSUL por conta das restrições argentinas a eletro-domésticos brasileiros, a carros e as exigências de empresários daquele país de novas barreiras sobre outros produtos, põe a prova a política do presidente Lula de promover a integração dos países sul-americanos fora do contexto da ALCA.

O presidente Fox do México, estado norte-americano ao sul do Texas, não veio ao Brasil por outro motivo. Veio cumprir missão de Washington, assim como quem diz a Lula: «viu esse argentino é complicado. Além dar um calote ainda arruma essas dificuldades todas».

O problema é de simples entendimento: não se constrói unidade em torno do mercado. Qualquer que seja a opção, nesse contexto, sempre vão ganhar os grandes, no caso os Estados Unidos e a União Européia.

Os europeus querem que o Brasil adote uma série de medidas para obter supostas vantagens nos negócios com o bloco. Dentre elas, a privatização dos serviços de correios.

Uma outra comparação: João Saldanha dizia que o campo de futebol é um retângulo e quando você joga sem pontas você diminui o tamanho do campo, concentra no miolo, embola, vai daí que não sai gol, só por sorte, pura sorte.

A encruzilhada do governo Lula não se situa no problema argentino. É de opção por tentar contornar o modelo sem sair de dentro dele. Pequeno e dominado por Palocci et caterva, embolou o jogo todo.

Quando um político como Fox vem em cheio de boa vontade, buscando aliviar a situação, ou criar perspectivas para novos negócios, está apenas introduzindo um baita cavalo de Tróia. Tudo combinadinho com o esquema Bush. Se fosse Kerry não seria diferente. Só a embalagem.

O que está em jogo é bem mais sério.

Está plantada a discussão da ALCA, da qual Lula nunca conseguiu fugir, só jogar para um canto, momentaneamente. Em forma de armadilha.

Não é nem o caso de analisar o papel cumprido por Kirchner.

Não existe opção por uma política de integração real e efetiva dos países sul-americanos, que inclua Cuba, único independente da América Central. Não existe proposta de modelo alternativo. De ruptura.

Qualquer leigo sabe que a dívida externa é impagável. Seguir a política ditada pelo FMI é suicídio. Essa conversa de vamos enrolar os gringos é só conversa, nada mais. Os gringos sempre enrolam a gente.

Lutar no campo do adversário, com as regras do adversário, um adversário poderoso, a maior potência econômica e militar do mundo. Acreditar que a Comunidade Européia vá ser a porta de saída para fustigar o gigante e ficar livre dele.

Isso é coisa de criança.

O governo Lula está enredado na própria incapacidade de formular políticas que signifiquem mudanças efetivas. Para as quais, aliás, foi eleito. É só por isso que enfrenta a maior onda de descrédito desde que tomou posse.

Há um fato chave na América do Sul. O referendo do dia 15 de agosto na Venezuela. Se as pesquisas dão um norte, a vitória do presidente Chávez, a experiência recomenda cautela. Vigilância. A fraude é sempre uma realidade quando os EUA têm interesses.

Quando nos tribunais se diz «o povo contra fulano», nesse momento se diz os povos da América Latina por Chávez e contra os Estados Unidos. O que os norte-americanos representam e significam.

É só olhar a Colômbia.

Ou o Iraque. Ou o Afeganistão. Ou o Paquistão. É só olhar para trás, o Vietnã, a Nicarágua. Ou para a frente, se o governo Chávez for derrubado na esteira da farsa democrática.

Se Lula tem noção disso, não fala. Se não tem, a vaca, definitivamente, foi para o brejo.

Sem contar que o assunto Argentina está em mãos de Luís Fernando Furlan, funcionário do mês da Bolsa de New York e, não por acaso, ministro de Lula.

Para o conjunto de forças populares que luta por um projeto diverso do de Lula, do de Kirchner, o fato mais importante neste momento é o referendo na Venezuela.

Fox, Lula, Kirchner, sob esse ângulo, são fases desagradáveis no processo. Só isso. E desagradável é ser educado. Um Chávez vale dez de qualquer um dos três. Um Fidel então nem se fala.