abóbora: s.m. (do latim apopores) 1. Nome comum a diversas espécies de cucurbitáceas de polpa comestível. (sin. jerimum) 2. Fruto de certas espécies de aboboreira, de forma, dimensão e cores variadas (sin. moranga, aboboreira.) 3. s.m Fig. Homem mole e fraco, molenga Diz o conhecido ditado que as abóboras acomodam-se conforme o andar da carruagem. […]
abóbora: s.m. (do latim apopores)
1. Nome comum a diversas espécies de cucurbitáceas de polpa comestível. (sin. jerimum)
2. Fruto de certas espécies de aboboreira, de forma, dimensão e cores variadas (sin. moranga, aboboreira.)
3. s.m Fig. Homem mole e fraco, molenga
Diz o conhecido ditado que as abóboras acomodam-se conforme o andar da carruagem. Nada mais correto.
Podemos facilmente comprová-lo. Testemunhamos duros tempos, quando as abóboras não medem mais esforços para acomodarem-se maliciosamente no compartimento que as contêm, tentando alcançar o melhor posto e a melhor posição. Vimos, sob o governo de Luiz Inácio, o maior exemplo de que elas são mesmo «acomodáveis».
Como suas colegas, as batatas, bastante úteis no processo de encheção de sacos, as abóboras e as abobrinhas em geral têm tido, nestes tempos difíceis que atravessamos, uma verdadeira superexposição.
Como que para comprovar o ditado, nosso presidente ex-sindicalista já afirmou, histriônica e inexplicavelmente que «as esquerdas são conservadoras». Bem, para um país que já sobreviveu a Jânio Quadros e Collor de Melo e suas cargas de aboborinhas atômicas, declarações como essa de Luiz Inácio podem até mesmo passar despercebidas, mais ainda quando elogiadas pela direita, a qual talvez, na concepção das abóboras, agora tão bem acomodadas, seja «progressista».
Não desejo definir Luiz Inácio como um legítimo representante do nobre fruto da espécie de cucurbitáceas de polpa comestível. Mas é inevitável concluir que nosso presidente luta para acomodar a si, às demais abóboras que o cercam, às batatas e às batatinhas, no caso nós, os 170 milhões delas, a uma situação que só se mostra positiva aos donos da quitanda brasilis. Danem-se as batatinhas. Danemos-nos todos!
Por outro lado, a falta de variação genética de nossas abóboras é mesmo preocupante. Veja que do Rio Grande do Sul ao Amapá, a maioria esmagadora delas, com gravatinhas ou sem gravatinhas, demonstraram em testes de laboratório, promovidos pelo conhecido gourmet internacional Duda Mendonça, contratado especialmente para tentar pôr algum tempero na cucurbitácea, ter exatamente o mesmo gosto, a mesma cor, a mesma consistência pastosa e as mesmas sementes. E pior: mostraram ter uma invejável capacidade de multiplicação só comparável àquela característica das pragas.
Talvez nosso presidente tenha se queixado por que as esquerdas – as parcelas coerentes – tenham se posicionado contra cortes no orçamento, os investimentos em microscópicos programas sociais, por se mostraram contrárias à reforma da Previdência nos moldes neoliberais que nós, as batatinhas, seguimos tão mansamente ou ainda por estarem se demonstrando refratárias às propagandas governamentais.
Luiz Inácio agora se vê abandonado pela ala progressista das batatinhas. Uma parcela delas, os que não nos se acomodam, chegaram até mesmo a fundar um novo partido!
Enquanto isso, vemos as posições ideológicas do presidente se acomodarem mais rapidamente à carruagem do que podíamos imaginar. Seu governo e sua equipe vêm dando sinais claros que desejam o apoio cada vez maior da parcela que agora ele acha «progressista»: banqueiros, especuladores internacionais, latifundiários, vampiros, empresários lotéricos/zoológicos e as elites em geral, sem se importar com aqueles que, desde a esquerda, festejaram a sua eleição como sinais de novos tempos.
Luiz Inácio, a seguir acomodando-se assim, estará comprovando que não significa nada de novo ou revolucionário, como já comprovamos e intimamente já sabíamos antes mesmo de sua eleição. Significa nada mais que
o fim de um ciclo iniciado com a queda do proto-socialismo do João Goulart quando suportamos as ditaduras militares, depois os inacreditáveis e surreais governos de Sarney, Collor e Itamar e a fantasia mal intencionada que foi o governo de FHC. Depois do ex-sindicalista, talvez entendamos que a hora é de mudar a quitanda e não somente o nome dos vegetais que vêm nos governando. Luiz Inácio apenas está encerrando uma era de governos-banana.