Universidade Federal Fluminense- Niteroi 2 a 4 DE julho de 2004. O Brasil vive hoje um momento dramático e decisivo. Vem sendo mantida uma política macro-econômica que subordina as principais ações de governo aos interesses do capital financeiro. Este modelo de desenvolvimento tem entre suas principais vítimas os/as jovens, as mulheres e a população afro-descendente. […]
Universidade Federal Fluminense- Niteroi 2 a 4 DE julho de 2004.
O Brasil vive hoje um momento dramático e decisivo. Vem sendo mantida uma política macro-econômica que subordina as principais ações de governo aos interesses do capital financeiro. Este modelo de desenvolvimento tem entre suas principais vítimas os/as jovens, as mulheres e a população afro-descendente. A recente votação do novo valor do salário mínimo novamente evidenciou este cenário. Mais uma vez a política econômica conduz o governo Lula a uma derrota política. Neste caso, com a proposta do salário mínimo, há uma dupla derrota: perdeu junto aos trabalhadores e favoreceu que a direita se apresentasse como defensora de bandeiras populares.
Está claro que para retomar o crescimento econômico, o governo brasileiro terá que alterar sua política econômica atual. É importante afirmar, no entanto, a necessidade de que a retomada do crescimento venha acompanhada de distribuição de renda, da valorização do trabalho, visando o
desenvolvimento econômico associado ao desenvolvimento social, contribuindo assim para a construção de outro modelo de sociedade, centrado no combate às desigualdades de classe, raça, gênero e orientação sexual.
Esse enfrentamento das desigualdades deverá ser o motor do crescimento, o lhe impõe três características: que seja voltado para a constituição de um mercado interno de consumo de massas, que seja sustentável com equilíbrio no uso dos recursos naturais e, finalmente, com equilíbrio entre produção e reprodução. Para impulsionar esse crescimento, a recuperação do valor do salário mínimo é de crucial importância. A viabilização de uma ampla reforma agrária também é parte fundamental de um novo modelo de desenvolvimento.
Devemos também combinar a alteração da atual política econômica com um processo de ampliação dos instrumentos de participação popular na gestão do Estado brasileiro. Democracia com protagonismo popular é um antídoto ao neoliberalismo. A não participação e a desinformação, agravados pela falta de democratização dos meios de comunicação, conduzem, rapidamente, para a frustração e a desesperança.
As bases de um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil também encontram na produção de conhecimento e no desenvolvimento tecnológico pilares fundamentais para sua viabilização. Neste sentido, o debate sobre a reforma
universitária ora em curso, que vem apresentando elementos de continuidade ao processo de mercantilização da educação, é de suma importância. É fundamental que o conjunto dos movimentos sociais se unam para interromper esse processo, buscando o resgate e a revalorização da universidade pública. Isto, no entanto, precisa ser acompanhado de uma profunda reestruturação da educação básica. Também permanece necessária e urgente a derrubada dos vetos ao Plano Nacional de Educação aprovado no Congresso Nacional.
Depois de mais de 10 anos de neoliberalismo e num cenário internacional adverso, a vitória nas eleições de Lula gerou grande expectativa. Resultado de um processo de acumulo das lutas sociais ao longo de mais de vinte anos, a vitória nas eleições presidenciais de 2002 corre hoje o risco de se tornar uma imensa derrota política do campo democrático e popular no Brasil e da própria esquerda latino-americana. Os movimentos sociais se vêem hoje diante da necessidade de impulsionarem um amplo processo de mobilização social com capacidade de garantir o cumprimento de uma agenda de mudança. E foi a partir deste entendimento que diversas entidades e movimentos populares constituíram a Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS.
A CMS deve ser o espaço privilegiado para a organização e unificação de todos os lutadores e lutadoras sociais comprometidos com um processo de profundas transformações sociais neste país. É também um espaço fundamental para os ativistas dos movimentos de juventude organizarem a unificação de suas pautas.
Esta compreensão possibilitou que jovens, estudantes, trabalhadores do campo e da cidade (oriundos de 15 estados e de mais de 30 universidades braisleiras) se reunissem nos dias 02, 03 e 04 de Julho neste que foi o I Encontro Nacional de Estudantes e Jovens por Trabalho, Educação e Reforma Agrária, buscando refletir sobre o momento político atual e contribuir no fortalecimento da Coordenação dos Movimentos Sociais.
Nosso grande desafio após este encontro será o de impulsionar a organização da CMS nos estados e ampliar a participação juvenil neste espaço de construção coletiva dos movimentos. Também será necessário reforçar e dar novo fôlego ao calendário da CMS para os próximos meses.
CALENDÁRIO DA CMS
12 a 17 de julho – Cadastro Nacional de Desempregados
16 de julho – Manifestações nas capitais por Emprego
25 de julho – Jornada Nacional de lutas pela Reforma Agrária
13 e 14 de agosto – vigília em frente à Embaixada dos Estados Unidos e da Venezuela, em Solidariedade ao povo venezuelano
21 de agosto – plenárias e debates com artistas e intelectuais nas principais capitais sobre um projeto alternativo para o Brasil
7 de setembro – Grito dos Excluídos
10 de setembro- jornada mundial contra a OMC e as transnacionais.