Só vejo uma saída para Lula. Falo da votação de terça-feira, dia 22, na Câmara, da Medida Provisória do salário mínimo. Chamar o assessor especial Frei Beto, uns pajés de tribos amazônicas e quejandos e promover uma invocação para trazer ao Planalto o espírito daquele técnico de futebol que, perdendo de oito a zero nos […]
Só vejo uma saída para Lula. Falo da votação de terça-feira, dia 22, na Câmara, da Medida Provisória do salário mínimo. Chamar o assessor especial Frei Beto, uns pajés de tribos amazônicas e quejandos e promover uma invocação para trazer ao Planalto o espírito daquele técnico de futebol que, perdendo de oito a zero nos primeiros 20 minutos do jogo, chamou um dos seus guapos atletas e transmitiu a seguinte instrução: «manda arrecuá os harfies que é pra evitá a catastre».
O dito cujo, do além, não deve ser tão difícil assim. Lula ainda acredita que anda sobre as águas, pode baixar no Planalto e instruir como perder no máximo de 20 que, ao que contam as más línguas teria sido o resultado final da malfadada partida.
A diferença a favor do Governo na Câmara, foi de 99 votos. O presidente da Casa está dizendo que os deputados votaram pela Medida Provisória, a maioria, com convicção. Putz!
Ou o cara perdeu o juízo, ou está fazendo jogo de cena na tentativa de «arrecuá os halfies», sem que o adversário perceba. Querer transferir para deputados a decisão de reduzir o valor do salário mínimo, em ano eleitoral? Isso é coisa de louco. Os riscos do Governo são imensos e haja dinheiro para liberar verbas, o diabo a quatro.
Deputado depende de vereador, de prefeito e prefeitos e vereadores serão eleitos este ano, em outubro. O governo joga uma cartada decisiva na eleição. Joga a reeleição de Lula. Quer que os senhores parlamentares coloquem a cabeça na guilhotina por convicção.
Olha: o Governo acabou. Só Lula ainda insiste nessa incrível trapalhada de eleito para mudar, no duro mesmo, estar é aprofundando o estado neoliberal de FHC. O presidente está sem a menor idéia do que acontece à sua volta, ou então acredita mesmo que anda sobre as águas.
Tudo é possível quando Roberto Rodrigues é ministro da Agricultura num Governo pressupostamente, só pressupostamente, de esquerda. Ou Luís Fernando Furlan, Antônio Palocci, Henrique Meireles, a turma de frente do FMI e acessórios.
Imaginem que alguém disse há dias que o ministro da Fazenda pode vir a ser o possível sucessor de Lula, isso levando em conta seu desempenho. De Malan, o original, se dizia isso também, nos primeiro momentos do governo tucano.
Terminada a votação no Senado, um dos exultantes era Eduardo Azeredo, tucano de Minas Gerais, ex-governador, falando em salário justo, defendendo trabalhadores.
No governo dele, em Minas, um fracasso total e absoluto, o elemento jamais pagou o 13º em dia, sempre o fez com atraso e parcelado. Arrochou os servidores públicos e enfrentou uma greve da Polícia Militar que colocou-o como um dos maiores equívocos dos mineiros em toda a história dos governos estaduais. Está lá, graças a Lula, posando de amigo do trabalhador.
É isso que Lula e sua corte de artilheiros de gols contra não entenderam, não entendem e vão continuar sem entender, pois o presidente só tem olhos para o lago Paranoá, onde imagina, quem sabe, possa exercer seu ministério messiânico. Seu mandato divino.
A direita mais perigosa, ou está no governo, Roberto Rodrigues, ou está «defendendo trabalhadores» no Senado e na Câmara. PSDB, PFL, etc, etc, passando pelo PMDB, uma espécie de miscelânea da pior qualidade.
E o governo de «esquerda» tentando passar a imagem de responsável. Responsável perante quem? Perante o FMI, o Banco Mundial, o sistema financeiro internacional.
Terça-feira, pode ser o dia «D» do presidente. A aprovação da MP não é de todo impossível. Mas vai custar outro arrocho além do salário mínimo, pois haja dinheiro para as bases parlamentares.
O que não elimina o risco do governo ser surpreendido e tomar de 20 como o time dos «halfies arrecuados».
O governo Lula acabou sem começar. Só o presidente não percebe isso. Quis brincar com o leão, na toca do leão e virou um zumbi. Está cabeceando com os pés e chutando com a cabeça.