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Condolezza Rice e Colin Powell

Fuentes: Rebelión

O pedido de demissão do general Colin Powell já era esperado. Foi anunciado pouco depois da convenção do Partido Republicano. À época, alguns jornais chegaram a especular sobre câncer na próstata como motivo do desejo de deixar o cargo. Powell foi o primeiro general negro a comandar as forças armadas norte-americanas e isso ocorreu no […]

O pedido de demissão do general Colin Powell já era esperado. Foi anunciado pouco depois da convenção do Partido Republicano. À época, alguns jornais chegaram a especular sobre câncer na próstata como motivo do desejo de deixar o cargo.

Powell foi o primeiro general negro a comandar as forças armadas norte-americanas e isso ocorreu no governo de Bush pai. Em 1996 foi lembrado como candidato republicano para concorrer com Bil Clinton que disputaria a reeleição. Não eram poucas as pesquisas que afirmavam ser ele o único eventual republicano capaz de derrotar o democrata.

Recusou alegando razões de ordem pessoal.

Colin Powell impediu que Bush pai transformasse a guerra contra o Iraque numa ocupação. Convenceu o então presidente que um novo Vietnã seria desastroso.

O secretário de Estado divergiu do presidente, do secretário de Defesa, Donald Rumsfeld e da conselheira Condolezza Rice, quando da decisão de invadir e ocupar o Iraque em 2003. Queria uma operação que permitisse aos inspetores das Nações Unidas localizar as tais armas químicas e biológicas. Reiteradas vezes advertiu Bush filho para os riscos da guerra. E não foram poucas as oportunidades em que tentou alertar o presidente/terrorista para o isolamento, em relação ao resto do mundo, a que estava conduzindo os Estados Unidos.

Por quê permaneceu no cargo é difícil explicar.

Esses fatos, no entanto, não transformam o general em alguém bonzinho, ou com bom senso. É um falcão que se orienta noutra perspectiva, mas sem perda da concepção que os Estados Unidos devem conduzir o mundo.

É dele a afirmação que a ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas) seria decisiva para o seu país, pois a América Latina «é um mercado de um trilhão de dólares».

Foi uma passagem melancólica pelo cargo. Não decidiu coisa alguma, não impediu nada e com todas as reservas que fez à política do governo Bush foi o principal intérprete da mesma para fora. Usado e jogado fora quando bagaço. Deixou-se usar e chegou comentar que esperava ficar no cargo até janeiro, data da posse do presidente em seu segundo mandato.

As lideranças negras nos Estados Unidos consideram Powell um negro cooptado. Que a despeito da patente, general e de ter comandado as forças armadas do país e agora ter sido secretário de Estado, nunca foi mais que um preposto dos Bush e seus interesses.

Condolezza Rice é negra como Powell e representa interesses das companhias de petróleo, foi funcionária de algumas. Radical, inconseqüente e petulante, vai para o cargo num momento que Bush venceu as eleições sem contestações. Pelo menos no que diz respeito ao resultado. Ao contrário do que aconteceu em 2000.

Não há mais necessidade de mostrar equilíbrio algum. Pode deixar a mão direita levantar e empalmar o mundo no delírio messiânico do presidente e seu grupo. Powell argumentava, tentava. Rice segue a linha de Chaney e Rumsfeld. Foi empregada de uma empresa do vice-presidente.

Ao ser consumada a invasão do Iraque declarou a jornais e outros veículos de comunicação nos Estados Unidos que «eu interpreto os instintos do presidente e os transformo em políticas». Nada mais claro sobre o caráter animalesco e irracional do terror fascista.

Uma prévia do segundo governo Bush pode ser tomada na cena do soldado dos EUA executando um ferido na cidade de Faluja. Supôs que o dito estivesse se fingindo de morto, disparou e declarou: «agora está morto de verdade».

Condolezza Rice não se opõe a esse tipo de procedimento. Antes, estimula. Faz parte da convicção do presidente que tem missão divina. É a dita transformação dos «instintos em políticas».

«Choque e Pavor» foi o nome da operação que resultou na guerra contra o Iraque. «Choque e Pavor» é a seqüência de mais quatro anos de um IV Reich, dessa vez com aval da população dos Estados Unidos. E contra o mundo inteiro.

A saída de Powell não muda a essência da política externa do país, já que o general não mandava nada. Torna, todavia, transparente, dispensa os subterfúgios, o caráter terrorista do governo norte-americano.

É como uma linha que se imaginava, se sabia existir e agora se torna real, é traçada no chão.

Não existem alternativas outras que não a resistência. Se de governos não acontecer, do conjunto das forças populares tem que acontecer. Nem há diálogo possível. É como se alguém prestes a ser estuprado tentasse negociar com o estuprador os termos da barbárie. Isso pode, aquilo não pode, em troca aceito aquiloutro.

A troca não foi como costumam dizer os comentaristas esportivos diante de uma substituição óbvia: «seis por meia dúzia».

Foi a explicitação que a estupidez agora é plena e sem disfarces. E olha que os disfarces eram mínimos.