A ação terrorista que matou o fiscal Danilo Anderson, na Venezuela, tem começo em Washington, passa pelo golpe de abril de 2002, pela derrota no referendo de agosto deste ano e tem base montada na Colômbia, na ditadura de Álvaro Uribe, principal centro do terrorismo norte-americano (e seus apoiadores na América Latina). O fiscal Danilo […]
A ação terrorista que matou o fiscal Danilo Anderson, na Venezuela, tem começo em Washington, passa pelo golpe de abril de 2002, pela derrota no referendo de agosto deste ano e tem base montada na Colômbia, na ditadura de Álvaro Uribe, principal centro do terrorismo norte-americano (e seus apoiadores na América Latina).
O fiscal Danilo Anderson era o principal investigador das ações golpistas de abril de 2002 e pretendia levar à Justiça os responsáveis pela aventura arquitetada, armada e financiada pelo governo do presidente Bush.
Pedro Carmona, mafioso venezuelano, então presidente de uma central de empresários, hoje exilado em Miami e outros, iriam responder pelo crime. O que de fato levou os terroristas a executarem Danilo Anderson, no entanto, foi a possibilidade de serem tornadas públicas as práticas terroristas e intervencionistas dos EUA.
O fato em si, assassinato de funcionários que contrariam interesses das classes dominantes, não é novidade. A Operação Condor, à época das ditaduras militares, executou figuras proeminentes de forma sistemática e a participação da CIA e dos governos norte-americanos de então ficou comprovada. Henry Kissinger, um dos mais importantes líderes nazistas da década de 70, era o secretário de Estado, estimulou e aprovou a ação.
A morte de Danilo Anderson inaugura o que nunca deixou de acontecer em muitos países latino-americanos: a execução dos que teimam em lutar e contrariar os latifúndios do poder, em mãos de máfias com as mais variadas denominações. Tanto pode ser o tráfico de drogas na Colômbia, como os tucanos ao tempo de FHC no Brasil, ou Gutierrez no Equador.
No regime de Uribe são constantes e obedecem a um processo brutal a eliminação de lideranças populares, procuradores, os que insistem a dar transparência ao processo político e só por isso acabam entrando em choque com os principais acionistas do Estado capitalista.
O que fica claro é a opção das lideranças de direita aqui e em Washington pela volta ostensiva desse tipo de ação. Como foram sucessivamente derrotados na Venezuela, seja em consultas populares, seja na tentativa frustrada de um golpe militar contra Chávez, vão buscar desestabilizar o governo.
Cuba é outro alvo do terrorismo norte-americano. O segundo mandato Bush que, por Faluja e pela execução de Danilo Anderson, dá as primeiras linhas de um livro tenebroso para os próximos quatro anos, não vai hesitar em impor sua política de «choque e pavor» aos povos da América Latina.
O presidente Hugo Chávez convocou os venezuelanos a não se deixarem pautar pelo terror. O presidente quer que a serenidade seja mantida sem prejuízo da determinação de levar avante a revolução bolivariana. Tem legitimidade popular e a percepção disso é que leva os grupos fascistas, com o discurso da democracia, a buscarem formas violentas de luta, com o objetivo de desestabilizar, no caso, o governo da Venezuela.
A luta do movimento popular internacional, neste momento, é de resistência ao avanço do terror capitalista. E de compreensão que com Bush não existe diálogo e nem entendimento possível, ou minimamente, presunção de jogo limpo.
O ato terrorista contra o fiscal alcança todo o continente latino-americano. A perspectiva de um governo de esquerda no Uruguai, mesmo com características semelhantes às de Lula no Brasil, docilidade aos interesses estrangeiros, o desalinho de Kirchner, para além de seu jeito de vestir e a perspectiva de explosões sociais, como na Bolívia, no Equador, ou em outros países, surgem como tarefas de organização e formação diante do peso da brutalidade dos EUA.
Nessa medida o V Fórum Social Mundial, ao contrário do desejo de algumas ONGs nitidamente reformistas e parceiras do Estado capitalista no processo que chamam de reforma, aparece também como encontro de polarização contra o avanço do terrorismo da Casa Branca.
Democratas não toleram a democracia quando seus interesses são contrariados. É por isso que o modelo é uma farsa.
É por isso que o dito institucional não leva a lugar nenhum. O campo é deles, as regras são deles e quando não se impõem nesse jogo sujo, fazem como agora na Venezuela.