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Dia D para Lula e os tucanos

Fuentes: Rebelión

Prognósticos são válidos, pesquisas não. Prognósticos você os faz baseado em dados, feeling, análises mais ou menos elaboradas. Pesquisas, no Brasil e pelo visto nos Estados Unidos, são manipuladas, atendem aos interesses dos institutos e dos que pagam aos institutos. O IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa), o maior do Brasil, trabalha para a […]

Prognósticos são válidos, pesquisas não. Prognósticos você os faz baseado em dados, feeling, análises mais ou menos elaboradas. Pesquisas, no Brasil e pelo visto nos Estados Unidos, são manipuladas, atendem aos interesses dos institutos e dos que pagam aos institutos.

O IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa), o maior do Brasil, trabalha para a GLOBO e, óbvio, em função dos interesses da GLOBO. Vão desde interesses nacionais a interesses regionais. Em alguns municípios, na tentativa de mascarar eventuais resultados desfavoráveis àqueles interesses, jogam a margem de erro para cima no candidato que patrocinam, ou defendem.

O caso mais célebre aconteceu nas eleições de 1989, quando Collor de Mello foi eleito presidente. Num dado momento da campanha Lula passou à frente de Collor, logo após o primeiro debate entre os dois candidatos e como conseqüência da maciça transferência de votos do brizolismo (no Rio e no Rio Grande do Sul), o clássico «vamos engolir o sapo barbudo», mas os institutos preferiram não noticiar.

Foi o jornal ESTADO DE SÃO PAULO, conservador e de direita, que contou a história toda dois anos depois. E foi ali também que o maior grupo de comunicações do País começou a torcer descaradamente o noticiário a favor do «caçador de marajás», invenção da própria empresa, a GLOBO.

Acuaram Lula no debate, o segundo, com ameaças de denúncias, trouxeram à tona a existência de uma filha numa relação extemporânea e editaram o noticiário do debate.

No dia da eleição «seqüestraram» Abílio Diniz, dono de uma das maiores redes de supermercados do Brasil e completaram o serviço. O seqüestro foi atribuído a um grupo de radicais chilenos que, anos depois, seqüestrou, o grupo, o publicitário Washington Olivetto. Radicais por dinheiro.

A GLOBO hoje é Lula desde criancinha e Abílio Diniz já apareceu no programa eleitoral do PT, partido do presidente, tecendo loas ao antigo vilão dos «negócios».

Os prognósticos indicam que seria loucura dar como liquidada a fatura em São Paulo a favor de José Maluf Serra. Marta cresceu nos últimos dias, a reação de setores contrários aos tucanos é grande e é impossível calcular quem perde com o grande número de paulistanos que está deixando a capital, logo não vai votar, em função dos feriados (segunda e terça feiras).

Em princípio quem perde é Serra. Isso partindo do pressuposto que trabalhador vota em Marta. De qualquer forma o tucano ainda é o favorito. A margem era muito grande a seu favor e a campanha de Marta andou tomando algumas trombadas, sem falar no desgaste de carregar o andor de Lula. O que era para ser, mas não foi e nem é.

Em Porto Alegre, cartão de visitas do PT há dezesseis anos, os prognósticos são temerários. José Fogaça, candidato da Ku Klux Klan brasileira ainda é o favorito. As pesquisas naquela cidade, no entanto, foram de tão forma manipuladas e trabalharam de maneira ostensiva para o ex-senador que se torna impossível dizer o que é real ou irreal. Ainda mais se levarmos em conta o clima de terror instalado na capital pelos partidários de Fogaça.

A própria Brigada, Polícia Militar, foi coadjuvante no processo de intimidação a partidários de Pont. O governador é um factótum do latifúndio e dos grandes grupos econômicos e cumpriu o papel que lhe cabe: usar a máquina de todas as formas.

Foi e é visível a reação da militância nos últimos dias, mas não há como identificar ou medir o nível de indignação de grupos de eleitores com o deprimente espetáculo de cruzes e capuzes da Klan. Em tese, se compararmos São Paulo com Porto Alegre, as chances de virada de Pont são maiores que as de Marta. Mas sempre em tese.

Bias Fortes, ex-governador de Minas, é o autor da célebre frase: «de cabeça de juiz, bunda de neném e urna, nunca se sabe o que vai sair». Com as urnas eletrônicas sem chances de conferência de votos, portanto, vulneráveis à fraude, isso então ganha contornos absolutos. Pode sair o que o poder quiser e em se tratando de iniciativa privada (o fabricante das urnas), pode ganhar quem pagar mais.

É tudo mercado.

É o primeiro dia D para Lula, mas também o é para os tucanos. No frigir dos ovos devem empatar. O problema corre por conta das duas cidades. São símbolos e no caso de Porto Alegre, com muito maior importância estratégica para as forças populares que São Paulo.

Outras disputas importantes acontecem. Em Curitiba, em Goiânia, em Belém, mas São Paulo e Porto Alegre polarizam a atenção e vão ser os grandes destaques nos meios de comunicação.

No caso específico da GLOBO, pode levar a empresa a ficar com um pé lá e outro cá. É um velho expediente que usa. Apoiou a ditadura e cresceu na ditadura, porta-voz oficial, até sentir que a vaca estava indo para o brejo.

Inventaram Collor, mas quando a máquina desarranjou correram para FHC. Incensaram Roseana até o BNDES pagar a conta de 250 milhões de dólares da GLOBOPAR, aí crucificaram a moça e correram para Serra. Quando as pesquisas, as reais, mostraram que Lula ganharia, viraram Lula. Lula no dia seguinte ao de sua eleição foi co-apresentador do JORNAL NACIONAL.

Na hipótese de vitória de Serra, parece provável, o governador de São Paulo, uma espécie de personagem de filmes de terror da década de 40 no século XX, sai fortalecido como eventual candidato tucano a presidente. É o que Alckimin deseja e para isso está trabalhando.

A vitória de Fogaça leva parte ponderável do PMDB, mais uma, para fora do governo. O braço da Ku Klux Klan no partido, através do governador Germano Righotto, tem projetos para vôos mais altos e quer o PT fora do Planalto em 2006.

O PFL morre à míngua apesar de uma ou outra vitória aqui ou ali e sobram para Lula o PTB de Roberto Jéferson e parcelas de outros pequenos partidos, como o PL do vice José Alencar.

Segunda-feira tucanos e lulistas vão acordar com risos forçados ou não, gosto de cabo de guarda-chuva na boca, mas dando a largada para a corrida de 2006. Na moita, como é seu estilo, FHC. Aposta numa perda geral de memória, tudo é possível no Brasil, é só inventar uns três ou quatro Big Brothers, aumentar as aparições da Xuxa (apesar de baixas audiências dos seus últimos programas), programar uns joguinhos de futebol em diferentes cantos do Brasil que, até Collor é capaz de descer dos céus ungido pelos anjos que Hans Donner vai criar, com certeza, para a telinha e os incautos.

Por fora Garotinho, projeto de aiatolá brasileiro. Uma espécie de enviado divino de segunda categoria, escorado em Rosinha, aquela que disse, num comício que «sou como Jesus Cristo, vim ao mundo para ajudar os necessitados».

Lula tem pela frente problemas. A reforma ministerial pode agravar a crise no partido, onde boa parte já olha para os lados procurando outro rumo, o barco está afundando e precisa segurar as pontas, pois antes de 2006, tem 2005, ano de eleições internas. Que seu grupo vai ganhar ninguém tem dúvidas, o perigo é o tamanho do racha.

Isso e mais a agenda de reformas programadas pelo FMI para o Brasil. A reforma sindical, a reforma trabalhista, a reforma universitária, a propalada reforma política, uma variada gama de trapalhadas e avanços do neoliberalismo. Como vai segurar seu rebanho não sei.

Passado o impacto das eleições municipais, prefeitos tucanos não importam tanto. Prefeituras estão falidas, quase todas, os caras vão perder um tempo danado explicando porque não conseguem cumprir as promessas. Aliás, com a amoralidade que é sua característica, dos tucanos todos, Serra que prometera revogar a taxa de lixo de imediato, logo após a posse, já está dizendo que só em 2005.

Para me valer de Bias Fortes outra vez, o que «vem pela frente é briga de foice no escuro». Nesse tipo de briga você corre o risco de acertar o próprio aliado.

Para o conjunto das forças populares o que vale é constatar que o modelo institucional vigente está falido.

A luta passa por outro campo.