O senador Pedro Simon, talvez o último sobrevivente do grupo de Ulisses Guimarães, defendeu na tribuna do Senado uma ampla e geral investigação sobre o processo que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce.Como ocorre na chamada legislação ordinária, no caso o Código Penal que classifica alguns crimes como hediondos, a privatização da Vale do […]
O senador Pedro Simon, talvez o último sobrevivente do grupo de Ulisses Guimarães, defendeu na tribuna do Senado uma ampla e geral investigação sobre o processo que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce.
Como ocorre na chamada legislação ordinária, no caso o Código Penal que classifica alguns crimes como hediondos, a privatização da Vale do Rio Doce foi um desses monstruosos atentados cometidos pelos tucanos no governo FHC, aliás, oito anos de ações criminosas.
À época o então governador de Minas, Eduardo Azeredo, tentou contestar mas mandaram-lhe que calasse a boca e ficasse quieto. Por ser um pastel pronto e acabado da política brasileira, produto do acaso e tucano, calou a boca, ficou quieto.
Há indícios que o governo não conseguiu ainda superar alguns obstáculos na direção de abrir os arquivos da ditadura e revelar todo o inteiro teor da barbárie que acometeu o país em nome da democracia.
A Medida Provisória tanto sinaliza para um lado, como para outro. O governo pensa em editar mais uma, levando em conta a decisão de um tribunal federal regional mandando que sejam tornados públicos os arquivos da guerrilha do Araguaia.
Quer evitar confusões e os sinais de fumaça emitidos pelo Planalto dão a entender que Lula quer abrir um pouco, fechar outro tanto, abrir mais um pouco, nada que provoque tensões e reabra determinadas situações.
O deputado Pimenta da Veiga, tucano, responsável por boa parte das privatizações no Brasil, foi ministro de FHC e sua influência era imensa, pois se estendia à da sogra e da própria mulher, íntimas do presidente e ligadas a grupos empresariais que participam da TELEMAR, chegou a apresentar quando do Congresso Nacional Constituinte, proposta de emenda que liberava qualquer documento oficial em prazo não superior a 25 anos.
Como houve reações dos quartéis, ficou indócil a gorilada, Pimenta chegou a desqualificar-se, dizendo que o projeto era «só para provocar discussões», bem ao seu estilo de «não escuto, não vejo, não ouço» (Se escutar, enxergar e ouvir é capaz de dizer que é armação).
A História do Brasil, a real, vem sendo arrancada a fórceps por historiadores teimosos e lutadores, que não aceitam a versão oficial. Um exemplo clássico: o almirante Tamandaré, patrono da Marinha, determinou o massacre de paraguaios na guerra contra aquele país, no século XIX, sob o argumento que tão cedo não existirão mais paraguaios para outra guerra.
O golpe militar de 1964 foi produto de um acerto entre empresários brasileiros, grupos estrangeiros e com a esquadra norte-americana na costa do Brasil, pronta para qualquer emergência. Veio como restaurador da «democracia ameaçada» e inseriu-se na doutrina de segurança elaborada em Washington para países da América Latina.
A abertura dos arquivos da ditadura, uma ampla e irrestrita investigação sobre o processo de privatizações, ambos se tornam indispensáveis e obrigatórios para o resgate da História e para enterrar de vez, no caso da ditadura, a suposta vocação nacionalista e democrata dos militares golpistas, ainda resistentes em pequenos bolsões, como desvendar a corrupção entreguista do governo FHC.
São dois momentos de suma importância para o Brasil e os brasileiros.
O governo tem que ser mais afirmativo nessas questões. Não há porque temer reações de um ou outro setores.
Abertos esses arquivos, investigada a venda do patrimônio público nacional, o que restará além da indignação dos cidadãos comuns, será a perspectiva de reencontro do Brasil e dos brasileiros.
Se isso está no tamanho de Lula não sei. Mas que deveria estar, deveria.