Recomiendo:
0

Eleições devem ampliar controle do PT sobre «burgos podres»

Fuentes: Rebelión

O partido do presidente Luís Inácio Lula da Silva deverá aumentar o número de prefeitos nas próximas eleições de outubro mas, essencialmente, nos chamados «burgos podres», expressão usada por Tancredo Neves para definir cidades onde o controle do poder era feito por chefes políticos menores, os chamados coronéis. Nas grandes cidades o partido dá sinais […]

O partido do presidente Luís Inácio Lula da Silva deverá aumentar o número de prefeitos nas próximas eleições de outubro mas, essencialmente, nos chamados «burgos podres», expressão usada por Tancredo Neves para definir cidades onde o controle do poder era feito por chefes políticos menores, os chamados coronéis.

Nas grandes cidades o partido dá sinais de dificuldades e as pesquisas mostram isso, sobretudo em São Paulo, sede oficial do petismo, em Porto Alegre, onde o partido é governo há 16 e em Belo Horizonte. Sem falar no Rio de Janeiro, cidade governada pelo PFL, César Maia, que pode ser reeleito já no primeiro turno. Ali, o PT lançou um candidato, o deputado Bittar, que corre o risco de ser um dos últimos colocados. O chamado eleitorado de esquerda vai votar em Jandira Feghali, do PC do B e que, sistematicamente, vota contra o seu partido e o governo Lula.

A grande preocupação da cúpula petista é a candidatura da prefeita Marta Favre, à reeleição, em São Paulo. Os últimos números da pesquisa do Instituto Data Folha, um dos maiores e mais acreditados do País, mostram que, hoje, a prefeita sequer disputaria o segundo turno. Isso deve acontecer, mas o ex-ministro e adversário de Lula nas eleições presidenciais, José Serra, tucano, pode vir a ser o novo prefeito de São Paulo. O maior orçamento do Brasil, depois do próprio governo federal.

As esperadas vitórias do PT em cidades menores soam como conseqüência da política de liberação de verbas para chefes políticos através de deputados, além da construção de alianças no mínimo complicadas, em alguns casos envolvendo até o PFL, partido de direita e ligado a banqueiros e latifundiários.

Minas Gerais é um exemplo do quadro difícil que o PT enfrentará nas capitais, excluindo qualquer análise sobre São Paulo, um caso à parte. No Estado governado por Aécio Neves o PT tinha certeza que o governador apoiaria a reeleição do prefeito Fernando Pimentel. Instigado por Fernando Henrique Cardoso, de um lado, Itamar Franco, do outro, Aécio está nas eleições com o ex-goleiro do Atlético, João Leite, seu ex- secretário e um dos principais líderes evangélicos do Brasil É o líder nas pesquisas de intenções de votos. Com uma tranqüilidade tal que, entre os petistas, a hipótese da vitória de Pimentel é vista como milagre.

O ex-presidente Itamar Franco, um dos coronéis políticos de Minas Gerais, aliado do governo numa ponta (é embaixador na Itália), desafeto noutra, arrumou uma tal salada no Estado, que desestabilizou as alianças petistas. Itamar quer ser candidato ao Senado nas eleições de 2006 e, fiel ao seu estilo «eu sou eu o resto vem atrás», está filiado ao PMDB, mas apóia um candidato do PSB em Belo Horizonte, lança o seu afilhado político Custódio Matos, do PSDB, em Juiz de Fora e, de quebra, faz criticas ao governo, ao mesmo tempo que pleiteia a embaixada do Brasil na OEA. Não quer continuar na Itália. Quer ir para Washington, tem uma filha que é casada e mora nos Estados Unidos.

O governo espera que os resultados econômicos, tímidos, mas que parecem estar atenuando um pouco o calvário do presidente e sua política neoliberal, melhorem um pouco mais, os índices de desemprego caiam como no mês de maio e Lula tenha o que comemorar nos meses de agosto e setembro, os da campanha eleitoral.

Duda Mendonça, diretor do filme «Lula no Planalto», está a postos para um momento decisivo no segundo filme da série: «Lula no Planalto II». As tomadas começam com as eleições de outubro.

A derrota da emenda que anulava a decisão do TSE reduzindo o número de vereadores nos municípios com até 600 mil eleitores e feriu de morte boa parte dos coronéis da política brasileira foi outro golpe nos projetos petistas. Mesmo sendo absolutamente desnecessários (câmaras municipais poderiam ser substituídas por conselhos populares), vereadores carregam às costas deputados, senadores, prefeitos, etc e quanto maior o número, melhor, na lógica do fisiologismo que preside a política brasileira .

O maior problema do partido, no entanto, é São Paulo. Marta Favre passou quatro anos brincando, esbanjando arrogância, prepotência, cometendo desatinos políticos e agora se vê em palpos de aranha. Como Lula, José Dirceu, Mercadante, José Genoíno e o ministro Antônio Palocci acham que fora de São Paulo não existe vida inteligente, vão jogar todo o peso do governo na reeleição da prefeita.

Vai ser uma campanha instigante.