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Governo Lula fecha o ano em alta nas pesquisas

Fuentes: Rebelión

A popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva bate a casa dos 62%. O destempero verbal de Fernando Henrique Cardoso passa por aí. Nos limites do jogo institucional Lula leva nítida vantagem. O tucanato está em franco desalento, sem ter a menor idéia de onde passar as «férias». O presidente anunciou o aumento do […]

A popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva bate a casa dos 62%. O destempero verbal de Fernando Henrique Cardoso passa por aí. Nos limites do jogo institucional Lula leva nítida vantagem. O tucanato está em franco desalento, sem ter a menor idéia de onde passar as «férias».

O presidente anunciou o aumento do salário mínimo para 300 reais a partir de 1º de maio, o que, em valores de hoje, equivaleria a 109 dólares, o maior dos últimos tempos.

Uma correção de 10% na tabela do imposto de renda beneficia a classe média e anula, na visão do governo, as perdas eleitorais nas eleições de outubro. O governo perde dois bilhões por ano de receita, mas ganha alguns milhões de votos.

Isso não significa que Lula tenha mudado os rumos do seu governo. Significa que acordou para 2006, quando vai tentar a reeleição e assume o velho estilo pai dos pobres, mãe dos ricos. Abílio Diniz, um dos maiores empresários do Brasil, buscou dois bilhões de reais a juros irreais em relação aos brasileiros não amigos do rei (baixíssimos) e carência de dois anos para começar a pagar, no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Está aí um dos motivos da queda de Carlos Lessa e da ascensão de Guido Mantecca.

O ex-ministro da Fazenda na ditadura militar, Delfim Neto, disparou hoje contra o governo de FHC. Sem citar o ex-presidente, em artigo que publica no jornal «Folha de São Paulo», todas as quartas-feiras.

Delfim exibiu uma tabela mostrando que a China exportava menos que o Brasil em 1984, mas não encontrou, segundo ele, um Deng pelo caminho. Fez blague: «só uma epidemia de dengue». Delfim morde Lula, mas depois de uma assoprada e tanto, sabendo-se de sua ojeriza a tucanos.

Noutro lado começa na quinta-feira a reunião dos países do MERCOSUL, os 20 anos do mercado livre (nominalmente) que junta países do chamado Cone Sul. Aí, um problema para o governo de Lula: o presidente Néstor Kirchnner, da Argentina vem, não vem, vai vir e discutir tudo, enquanto deve anunciar novas restrições a produtos brasileiros. As máquinas de lavar roupas continuam a ser as vilãs.

O que de fato move a animosidade de Kirchnner contra o governo brasileiro, foi a intervenção de um funcionário de bancos internacionais no FMI, ocupa a Secretaria do Tesouro do governo brasileiro, atende pelo nome de Murilo Portugal, e criticou a proposta da Argentina de pagamento da dívida externa daquele país.

Murilo não tinha nada com o assunto, mas escapou a mão direita, ficou óbvio quem paga quem e quem de fato o secretário representa. Murilo fez as críticas em Washington, numa reunião do FMI. Daí para a frente começou a disputa entre os dois maiores países da América do Sul.

A reunião dos presidentes, chanceleres e ministros, ocorre em Ouro Preto, cidade tombada pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Ouro Preto fica em Minas Gerais, estado governado pelo tucano Aécio Neves que, na terça-feira, fiel ao seu estilo raposa, lançou FHC como candidato em 2006. Quem conhece Aécio, quem sabe o que governador fala à boca pequena do ex-presidente, sabe também que no duro mesmo Aécio tratou de dar um empurrão em FHC rumo à cova dos leões. Ou abraço de Tamanduá.

Aécio vai estar coladinho com Lula na reunião dos países do MERCOSUL.

Em Ouro Preto, além da reunião, estão previstas manifestações contra a ALCA. A posição de Lula sobre o tema não mudou, ou seja, enrola, enrola e não diz nada, mas vai aceitando. Ano que vem uma campanha nacional dos movimentos populares, semelhante à do plebiscito da dívida externa, vai marcar o País e a ALCA é o alvo.

Já os juros. Esses subiram 0,5%, forma de não irritar muito os principais acionistas do Estado brasileiro, os bancos. A política de toma lá dá cá.

De fato nada mudou em essência no governo de Lula. Permanecem as políticas ditadas pelo sistema financeiro internacional via FMI e Banco Mundial. Permanecem as propostas de reformas trabalhista, sindical e universitária. Permanece a dubiedade do governo brasileiro em relação ao governo Chávez, ameaçado constantemente de ações terroristas norte-americanas. Permanece a política do é dando que se recebe no Congresso Nacional. Permanece toda a essência do neoliberalismo. Permanecem as tropas no Haiti.

O que o presidente decidiu fazer foi tratar de viabilizar a reeleição. Apagar os focos de incêndio surgidos em setores da opinião pública e manifestos nas eleições de outubro deste ano. Mostrar competência no jogo do faz de conta da política tradicional. O faz de conta que mudou, não mudou coisa alguma.

Uma das diferenças de Lula para FHC, sem falar na questão moral lógico, Lula não é bandido, o outro é, é a competência para entender a linguagem das ruas. Os tucanos não têm a menor noção do que seja isso. Que dirá FHC que acredita piamente que deveria ser coroado rei do Brasil. E, fora do seu reflexo no espelho, não escuta nada. Jânio Quadros dizia que FHC «não acredita em Deus, pois pensa que Deus é ele».

O fato é que o presidente termina o ano em alta, com perspectivas de acentuadas melhoras na superfície das coisas no próximo ano, anunciando obras públicas de infra-estrutura, um monte de providências de alto alcance popular e que atribui à forma como tratou e venceu a «herança maldita».

No que conta para a turma do clube de amigos e inimigos cordiais do jogo institucional Lula está dando de dez a zero agora. O PMDB ficou a ver navios no seu pagar para ver tucano e Roberto Freire, que liga seta à esquerda e vira à direita, sem bem saber o que fazer, talvez um canto tardio de cisne velho.

O que de fato significa em termos de avanço popular nesses dois anos do petista, o escore é o contrário.

Mas, como o que vale é imagem…