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Letra para lá, música para cá

Fuentes: Rebelión

Os candidatos a prefeito do PT tendem a enlouquecer. O ministro Aldo Rebelo, que é do PC do B, ao lado de figuras proeminentes do governo Lula, exige que os candidatos, pelo menos os principais, defendam o presidente e a lambança que vem fazendo. O diretor do filme, Duda Mendonça, ao contrário do que havia […]

Os candidatos a prefeito do PT tendem a enlouquecer. O ministro Aldo Rebelo, que é do PC do B, ao lado de figuras proeminentes do governo Lula, exige que os candidatos, pelo menos os principais, defendam o presidente e a lambança que vem fazendo.

O diretor do filme, Duda Mendonça, ao contrário do que havia determinado antes, a nacionalização da campanha, quer que os candidatos salvem a própria pele, municipalizem as eleições de outubro. Acha que esse é o caminho mais fácil para evitar um debate que vai atrapalhar o grande final: a reeleição em 2006.

Isso, sem falar em outros arranjos. Em Guarujá, zona portuária de Santos, onde estão previstos maciços investimentos, a vereadora Terezinha Cicconi, vencedora da prévia do partido, foi suspensa por um ano. Há uma jogada em curso e ai de quem chiar. As ameaças feitas por Danilo Camargo, coordenador do porto, petista, falam até em demissões.

Ari Toledo, que no tempo da ditadura cumpriu um papel exemplar, corria o Brasil com um espetáculo notável, em que cantava, contava piadas e demolia o regime, matava as platéias de rir, com uma história interessante sobre beatas. Para a grande procissão resolveram que um grupo faria a letra da música em homenagem ao santo do dia numa casa e outro, a letra noutra casa.

Segundo ele, na hora, ficou mais ou menos assim: «a viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiirgeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem. …»

Os expedientes que estão sendo usados para indicar candidatos, assegurando empregos na máquina estatal. As alianças que vão sendo costuradas, muitas de arrepiar, promessas de liberações de verbas e o envolvimento das forças ligadas a Lula, sobretudo a Unidade na Luta, fazem inveja a qualquer PFL da vida. Deve ser por isso que alguém escreveu num grande jornal que PT, PSDB e PMDB não diferem nas práticas políticas.

Com não sei quantas tendências regionais, forças paralelas, montadas para melhor fazer funcionar o viés tucano do grupo lulista do PT, deputados estaduais nas várias unidades da federação, cada qual cuidando da própria pele, não vai ser necessário Duda Mendonça insistir muito.

A turma já percebeu que é hora de salvar os dedos, os anéis estão perdidos e muitos imaginam que assim, podem vir a recuperá-los em 2006. Vai daí que vale tudo.

Lula vai pagar o preço de sua própria fisiologia.. Dos seus equívocos. Os caras, que supostamente defendem o seu governo estão, no duro mesmo, garantindo seus feudos.

É desse jeito que o processo corre no interior de qualquer estado nordestino. Ou do sul, ou São Paulo, ou Minas.

Escapam setores da esquerda do partido, muitos dos quais começam a ganhar consciência que o prazo está terminando, o PT é coisa do passado, virou um PSDB do B. Outros, indignados, decididos a ficar em casa amargando os anos de lutas e história jogados fora.

A disputa por poder no governo, que corre entre os ministros José Dirceu e Aldo Rebelo, no campo político, se reflete em cada município onde os donos entendam que há interesses que valham à pena.

A obsessão do Planalto é uma única: Lula. O grande pastor de ovelhas, condutor do rebanho ao paraíso.

Vivemos num mundo em que vários governantes têm essa mania: a de falar com Deus. Cada qual recebe sua tábua de novos mandamentos e esses, por sua vez, conferem a eles o poder de salvadores, guias supremos, coisas do gênero e tome festa caipira com obrigatoriedade de traje típico.

Começa com Bush, passa por Lula e, como isso é o cúmulo da avacalhação, acaba em Garotinho. Pelo menos entre nós.

As dificuldades serão grandes em muitas capitais e cidades importantes. São Paulo, que para a direção nacional do partido e as principais figuras do governo, é o centro do universo, neste momento, está perdida e perdida para José Serra. O fim da picada.

Porto Alegre, onde pontifica o desastre chamado Tarso Genro, o espectro de seu fisiologismo, sua ambição desmedida, pode vir a derrotar o deputado Raul Pont e evitar o quinto mandato petista.

Belo Horizonte deve cair em mãos do líder evangélico e ex- goleiro do Atlético, um dos maiores partidos da cidade, João Leite. O prefeito Paulo Pimentel é um desses casos de sensaboria absoluta, estatura menor que o cargo. Vai para o cadafalso de terno Armani, mas vai. Só milagre e os milagreiros estão do outro lado.

Os erros do governo Lula vão custar às forças populares um preço alto demais. Não que eleições sejam vitais para a luta revolucionária, mas são um meio importante.

O endeusamento do presidente da República, a idéia que Lula tudo pode, sua transformação em marca de sabão em pó, vendido em anúncios prodigiosamente montados, se vier a ser reeleito ou não, não oculta o deplorável acordo feito com o latifúndio para a aprovação do salário mínimo na Câmara dos Deputados.

A reforma agrária vai para o brejo.

O governo Lula parece um desses episódios, muito comuns, em filmes italianos das décadas de 50 e mesmo 60, em que um carro aparece sinalizando para a esquerda e na hora da curva entra à direita.

O processo de construção de candidaturas para as eleições de outubro, a grande maioria, mostra o real apetite dessa gente.

Como dizia Paulo Francis, determinados setores da esquerda não resistem a um telefone grátis, mesa, secretária e toda a parafernália burocrática.

Já o Brasil… Sarney comanda a votação do salário mínimo no Senado. Ora instrui para que votem com o governo, ora faz beicinho e cobra mais apoio, sonha com a emenda da reeleição novamente, jogando no voto contrário.

É o retrato do governo, nau sem rumo. Que, anos atrás, era uma famosa marca de rum. Nem sei se ainda existe. Falo do rum.