Roberto Rodrigues, latifundiário de extrema-direita e ministro da Agricultura do governo Lula não gostou do adiamento da votação da lei da biossegurança no Senado. É defensor intransigente dos produtores de transgênicos. Numa entrevista chegou a dizer que esse cultivo não prejudicaria em nada o País, já que «restrito a uma pequena região do Brasil». Foi […]
Roberto Rodrigues, latifundiário de extrema-direita e ministro da Agricultura do governo Lula não gostou do adiamento da votação da lei da biossegurança no Senado. É defensor intransigente dos produtores de transgênicos. Numa entrevista chegou a dizer que esse cultivo não prejudicaria em nada o País, já que «restrito a uma pequena região do Brasil». Foi mais enfático: «nem chega ou passa perto da Amazônia».
Estava, implícita e cinicamente admitindo os riscos e conseqüências graves do cultivo de transgênicos e tentando neutralizar a ação de ambientalistas, sobretudo, em se tratando da Região Amazônica.
Lula não quer editar medida provisória autorizando o plantio e o cultivo. Não quer arcar com o ônus sozinho. Se acha, também, desafiado pelos produtores do Rio Grande do Sul, que têm dito que vão plantar com lei ou sem lei. Como fizeram no governo FHC, com a concordância do tucano e continuam fazendo no governo Lula.
O problema não é bem o desafio. É o fato do desafio ter se tornado público. Lula se mostra disposto a aceitar fatos que considera consumados e agora, mais que nunca, tenta transferir essas responsabilidades para a tal «herança maldita». Não muda nada, passa ao largo e senta em cima.
É bem possível que edite a medida provisória. Vai depender da avaliação política e se o fizer será depois das eleições. É o lógico. Não quer colocar em risco o maior projeto de seu governo, pelo menos neste momento: reeleger Marta Favre prefeita de São Paulo.
Não existe intransigência dos críticos dos transgênicos em relação ao cultivo desses. Existe apenas cobrança de um relatório definitivo e conclusivo sobre os efeitos vários da cultura de alimentos geneticamente modificados. Como as dúvidas são maiores que as certezas…
Por outro lado os produtores se guiam pelo oráculo do deus mercado. Lucro. Ganhos imediatos. Se arrebentam com a terra, com a saúde de quem consome transgênicos, isso é o de menos. O balanço no final do exercício é o que conta.
E bem mais. O cultivo de transgênicos atende a interesses do império, de empresas do império. Ao contrário do que costumam dizer quando enchem a boca para falar de agronegócios como fator de progresso, promovem o retorno do Brasil a um estágio supostamente vencido: o de país agrícola, mas gravitando em função dos donos do mundo. O latifúndio ganhando novos espaços, consolidando posições.
A lógica atual do capitalismo. Latifundiários sempre a postos para defender os «negócios», mão de obra barata, consolidação de um poder escravagista. Por detrás de todo esse aparato de avanços, conquistas, exportação, o modelo se sobrepondo a um projeto de nação para o Brasil. Mantendo a estrutura escravocrata do campo.
Antério Mânica era candidato do PSDB, tucano, à prefeitura da cidade de Unaí, MG. Está preso em Brasília, é um dos mandantes do crime que vitimou quatro fiscais do Ministério do Trabalho. Investigavam trabalho escravo, descobriram trabalhadores submetidos ao regime de escravidão nas terras da família. O irmão, Norberto Mânica, é o considerado o «rei do feijão», o chefe da turma.
Não é por acaso que são tucanos, ligados a FHC, ao governador de Minas Aécio Neves e muito menos amigos do ministro da Agricultura de Lula. O ministro e os Mânicas foram fundadores da UDR (União Democrática Ruralista), a Ku Klux Klan brasileira.
São os homens do agronegócios e um deles está ao lado do presidente da República. Influi e decide em seu governo. Foi para lá convidado por Lula.
Quem disse que Lula é mudança?
A lei da biossegurança, como as leis de FHC, restringe a participação popular, o debate, coloca o poder de decisão sobre matéria de suma importância em mãos no mínimo duvidosas e os produtores do Rio Grande já disseram que se não sair medida provisória, «vamos plantar na marra».
E aí?