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Lula não tem volta

Fuentes: Rebelión

O recente aumento de tarifas dos serviços de telefonia, em flagrante desrespeito à vontade do governo Lula e a impossibilidade desse mesmo governo de impedi-los, ou adequá-los ao que considera seriam índices corretos de reajustes, mais que impotência, mostra falta de vontade política em exibir todo o quadro político e econômico encontrado pelo governo do […]

O recente aumento de tarifas dos serviços de telefonia, em flagrante desrespeito à vontade do governo Lula e a impossibilidade desse mesmo governo de impedi-los, ou adequá-los ao que considera seriam índices corretos de reajustes, mais que impotência, mostra falta de vontade política em exibir todo o quadro político e econômico encontrado pelo governo do PT após oito anos de FHC.

Tem razão o líder nacional do MST, João Pedro Stédile, quando afirma que o governo Lula privilegiou as relações com o Congresso, quando deveria fazê-lo com os movimentos sociais, únicos capazes de proporcionarem ao presidente e ao seu partido condições efetivas de mudanças. Ao entrar no jogo político do clubinho de amigos e inimigos cordiais, Lula foi buscar apoio de figuras como José Sarney, ACM, para citar de cara os dois piores e, se enredou com um partido que hoje não é nada mais nada menos que uma aglomeração de vontades e interesses pessoais de políticos no mínimo da pior espécie. Falo do PMDB.

Um dos grandes jornais do Brasil mostra hoje que compensa investir no mercado financeiro e não é tão compensador assim investir em produção. Há anos atrás, quando começou a enfrentar dificuldades em suas empresas, Adolfo Bloch, dono do extinto Grupo Manchete (revistas, tevê), declarou que com a inflação estratosférica que corroia a economia brasileira, melhor faria se vendesse tudo o que tinha se dedicasse ao mercado financeiro. Não teria nem dificuldades e ainda dobraria, triplicaria o patrimônio, os recursos, etc.

Acabou a inflação, ou foi domada, mas continua valendo a afirmação de Bloch. Registre-se que, à época, com as declarações que fez, o empresário buscava apenas pressionar o governo, tempo da ditadura militar, para arranjar empréstimos em organizações de crédito oficial, acenando com a demissão dos trabalhadores de suas empresas. Não foi uma constatação só, foi uma ameaça bem ao seu estilo «marinho dos pobres», digamos assim. Ou «marinho fracassado».

Outro grande jornal brasileiro revela, neste domingo, 11 de julho, que as empresas de energia elétrica, as privadas, mandam seu dinheirinho para paraísos fiscais enquanto buscam dinheirinho do trabalhador no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Se Lula tivesse optado por mostrar a realidade encontrada. Sem meias palavras. Sem receios, teria tido o apoio não só dos movimentos sociais, mas da imensa maioria da opinião pública. E por uma única razão: as pessoas iriam perceber o tamanho do logro que foram vítimas nos oito anos de governo FHC.

Os contratos de privatização, por exemplo. Amarrados e muito bem amarrados até 2006, ano da nova eleição presidencial. As agências ditas fiscalizadoras e controladoras, fora do controle e de fiscalização governamental, agindo segundo interesses das empresas. E vai por aí afora.

FHC, como Menem, estaria hoje foragido se Lula tivesse tido peito, a expressão é essa mesma, para mostrar aos brasileiros os estragos causados pelo governo corrupto e entreguista do tucanato.

Como Lula não fez e nem vai fazer, é menor que o cargo que ocupa, não tem a estatura política que se imaginava, FHC já admite ser candidato e retornar ao Planalto. José Maluf Serra lidera as intenções de voto em São Paulo.

Figuras como Germano Righotto pontificam na política nacional. Sarney deita regras. José Dirceu se enrola na presunção que reencarna Stalin. Alianças incompreensíveis são feitas com vistas às eleições municipais deste ano e o governo governa segundo as amarras deixadas muito bem atadas pelo governo anterior. A ótica do FMI, dos interesses internacionais da banca.

Já os trabalhadores, os brasileiros, pagamos seguro apagão para as pobres empresas.

O governo Lula é um equívoco sem volta. James Petras, num artigo extraordinário, como todos os que escreve, alerta para os riscos de uma eventual derrota do presidente Chávez na Venezuela e mostra o que isso tem a ver com o Brasil. Exibe em inteiro teor a estratégia imperialista para a América do Sul.

O controle das reservas petrolíferas não só no país de Chávez, mas a privatização da Petrobrás, do conjunto de empresas estatais dos vários países da região, isso por decorrência, algo como uma teoria de dominó. A queda de Chávez será a queda de todos.

Petras deixa nu qualquer argumento sobre democracia, liberdade, direitos humanos, a retórica imperialista, sobretudo reduz a pó um pilantra de nome James Earl Carter, o Jimmy e sua cara de sonso.

Lula não tem a menor idéia disso. Não tem idéia de nada. Quer que a emenda que permite a reeleição dos presidentes das casas legislativas seja votada novamente para permitir a reeleição de Sarney.

Caiu na armadilha do que pior existe na política nacional. Deixou de lado as bandeiras que empunhou a vida inteira, os movimentos sociais e aliou-se a bancada ruralista. O projeto de lei que pune com desapropriação para fins de reforma agrária as terras onde haja trabalho escravo está emperrado, mostram os jornais de domingo, está parado no Congresso, nos arranjos de outro que quer ser reeleito, o presidente da Câmara, João Paulo.

E por quê? Conseqüência dos acordos para a votação do salário mínimo. O ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, latifundiário de extrema-direita garantiu o voto de seus pares em troca do limbo para o dito projeto. Querem manter a escravidão sem escrúpulo algum.

Culpar radicais? Ora, é a forma mais fácil desde tempos imemoriais. Achar um bode, ou dois, ou três, expiatórios. Pedir crédito de confiança com um ministro da Fazenda como Antônio Palocci? Ou um banqueiro no Banco Central? Furlan como vendedor mór do governo? O latifúndio comandando a Agricultura, os tais agro-negócios? Lula continua se revelando o maior equívoco dos trabalhadores brasileiros.