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Lula vai fazer o quê no FSM?

Fuentes: Rebelión

A transformação do Fórum Social Mundial em instrumento da ação de ONGs financiadas por governos e empresas coloca em risco o caráter de contestação do evento. «Um outro mundo é possível» vem sendo sistematicamente engolido por humanizar o capitalismo é desejável». O presidente Luís Inácio Lula da Silva foi convidado para estar no V FSM, […]

A transformação do Fórum Social Mundial em instrumento da ação de ONGs financiadas por governos e empresas coloca em risco o caráter de contestação do evento. «Um outro mundo é possível» vem sendo sistematicamente engolido por humanizar o capitalismo é desejável».

O presidente Luís Inácio Lula da Silva foi convidado para estar no V FSM, em Porto Alegre, de 26 a 31 de janeiro. O convite é parte do processo que vem, sistematicamente, descaracterizando os fóruns mundiais.

Não tem sentido e nem Lula e seu governo têm coisa alguma a ver com o FSM. Podem ter tido há algum tempo atrás, antes de percorreram o caminho que tomaram quando o ex-metalúrgico foi eleito presidente da República.

Lula joga no time que acha possível regenerar banqueiros, transformar grandes empresários em seres humanos e construir uma alternativa que não modifique a ordem neoliberal.

Só fez rechear os oito anos de FHC com confeitos e doces populistas. Pelo menos no que diz respeito a mudanças que signifiquem transformações efetivas no modelo político e econômico vigente.

O convite não é aleatório e nem é manifestação de uma ONG para que o presidente do Brasil vá falar sobre esse ou aquele assunto, às vésperas de sua viagem para o Fórum Econômico de Davos, o dos donos do mundo.

Faz parte de uma estratégia para tentar manter um viés que o governo não tem, o de ligação com os movimentos populares e os desafios de construir um mundo alternativo. Esse não é e nem pode ser capitalista, do contrário não é alternativo.

Foi assim no Fórum Social Brasileiro, em novembro de 2003, quando, no dia da abertura, o grupo que detém o controle executivo do fórum, a sua maioria, levou José Genoíno para a marcha de abertura.

Foi vaiado, hostilizado e no dia seguinte a imprensa, dócil e comendo nas mãos do BNDES, logo do governo, estampou a foto de Genoíno como se nada tivesse acontecido, mas ali estivesse uma figura política de esquerda à frente do povo.

Imagem é tudo e trabalham dentro dessa lógica.

Vai ser difícil esconder o repúdio do movimento popular ao presidente amigo dos bancos, a não ser que escondam Lula. Ou que fale para áulicos.

O fato do filho do presidente ter se regalado com amigos na piscina do Alvorada, no melhor estilo novo rico, não é em si tão grave assim. Grave é o filho de Lula ser assim.

E o que Lula vai fazer em Davos?

Imagem continua sendo tudo.

O líder operário que virou presidente, encanta o mundo e vai mudar a história da humanidade.

Ou ele acha que vai vender a banqueiros, agiotas, especuladores internacionais, o projeto Fome Zero?

Pelé, amigo de Lula, quando fez o milésimo gol pediu ajuda para as crianças pobres do Brasil. Os Simpsons, clássico desenho da tevê, mostraram o quanto Pelé cobra por um sorriso movido a determinado creme dental.

Lula não cobra nada, até porque, verdade seja dita, não mete a mão no dinheiro público, ou seja, não é FHC, quer apenas a reeleição. Mais quatro anos para mudar a história da humanidade.

Deus, segundo a bíblia, fez o mundo em sete dias, Lula quer oito anos, até porque, como provou Clarence Darrow os sete dias divinos podem ter sido dias de milhões, bilhões de anos na nossa medida de tempo.

Os embates no V FSM vão ser em torno de um mundo alternativo sim, ou de capitalista bonzinho é bem vindo, como se esse tipo existisse?

O que vem acontecendo com o FSM traz à lembrança o que fazem com a célebre foto de Guevara, estampada em camisetas e posters pelo mundo afora, no lucro dos que encarceram a revolução popular em limites de um protesto inconseqüente ao qual atribuem o velho e esfarrapado argumento que a juventude é o tempo que tudo se pode.

O primeiro milhão muda.

A presença de Lula no FSM é um escárnio e um desafio. Só falta Palocci estar por lá, ou pior, Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, homem da Monsanto no governo e integrante da versão brasileira da Ku Klux Klan, a UDR (União Democrática Ruralista).

Deveriam convidá-lo para falar sobre as excelências dos transgênicos.

Não duvido muito que alguma ONG queira eleger a miss FSM, com direito a disputar do miss universo e declarar em lágrimas que adora o «Pequeno Príncipe». E está pronta para ajudar os pobres.