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Tim Lopes, dois anos

Mais transparência, por favor

Fuentes: Rebelión

O jornalista Ali Kamel, falando em nome da TV Globo, pede respeito à memória do repórter Tim Lopes, ao responder o artigo «Uma mancha no sindicalismo brasileiro», do jornalista Mário Augusto Jakobskind, que apenas registrou a atuação da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro no caso em questão [veja […]

O jornalista Ali Kamel, falando em nome da TV Globo, pede respeito à memória do repórter Tim Lopes, ao responder o artigo «Uma mancha no sindicalismo brasileiro», do jornalista Mário Augusto Jakobskind, que apenas registrou a atuação da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro no caso em questão [veja remissões no pé deste texto].

É um tanto estranho ver a TV Globo falar de respeito ao repórter Tim Lopes quando foi ela a primeira a faltar com o respeito à vida de seu empregado, ao negligenciar a realização de matéria tão arriscada, ao não avaliar a extensão do dano causado a ele com a exibição de sua imagem em todos os seus telejornais como ganhador do primeiro Prêmio Esso de Telejornalismo com a matéria «Feirão das Drogas», ao enviá-lo sem qualquer esquema de segurança exatamente para a

favela vizinha, ao omitir-lhe socorro imediato, acreditando que a matéria estaria rendendo, para só bem mais tarde avisar a polícia do seu desaparecimento.

Se tivesse havido um mínimo de respeito e consideração à vida de seu funcionário, se a tal reportagem tivesse sido tratada com o cuidado e a importância que merecia, talvez o desfecho dessa história tivesse sido bem outro… Parece-me um pouco tardia e inócua a preocupação da TV Globo em vir falar agora «em respeito ao Tim».

Ali Kamel sempre termina seus artigos desculpando-se por ter sido o mais detalhista possível, por estar repetindo informações já conhecidas, cita ofícios e processos, mas não consegue (ou não quer ou não pode) responder a mais recorrente das questões feitas desde o início pela viúva de Tim, Alessandra Wagner: «Onde está a suposta pessoa da comunidade da Vila Cruzeiro que teria pedido ajuda à TV Globo e que, após o desaparecimento de Tim, foi localizada e retirada da favela pela TV Globo?»

Kamel diz em seu artigo que «a TV Globo foi transparente em relação a todos os episódios que culminaram no brutal assassinato de Tim Lopes» e que «tudo foi informado à polícia, às entidades de classe e à população em geral». O jornalista Ali Kamel é inteligente o suficiente para saber que não é bem assim. Basta que ele releia o seu próprio artigo para ver que não respondeu, não esclareceu, não informou quem é essa pessoa e por que a emissora não a apresentou à polícia se tem tanta certeza de que é uma pessoa de bem.

Não respondeu, não esclareceu, não informou nem à polícia nem à população em geral porque protege há mais de dois anos essa pessoa que andou com o repórter Tim Lopes pela Vila Cruzeiro nas diversas vezes em que ele lá esteve, que sabia da existência de um repórter realizando matéria com câmera escondida naquela comunidade (fato que por si só aumentava o risco da reportagem) e que, com o insucesso da matéria, se transformou numa testemunha-chave para realmente elucidar com clareza o real motivo da reportagem.

Por que a TV Globo e o jornalista Ali Kamel, que fala por ela, insistem em fingir que não ouvem ou lêem esta pergunta?

Sem retaguarda

Sugiro ao jornalista Ali Kamel, para melhor embasar seus artigos, a leitura atenta do depoimento do chefe de reportagem, Marcelo Moreira, no processo nº 2002.001.072521- 3, prestado ao juízo do 1º Tribunal do Júri, em 23/09/02. (Estou tendo de me repetir, mas não vou pedir desculpas, por entender necessário avivar a memória curta do jornalista).

Sob compromisso legal, Marcelo Moreira disse ao juiz que «efetivamente ouviu dizer que o tal informante teria sido retirado da favela pela Rede Globo; que isto lhe foi passado dentro da própria empresa». Também disse que «a bem da verdade só veio a conhecer o conteúdo da matéria após ‘o sumiço da vítima'», afirmando mais adiante «que atua como chefe de reportagem na empresa, que elabora as pautas, escalas e supervisiona o trabalho dos repórteres; que, na hipótese excepcional da vítima, a matéria era feita de forma reservada por ela própria; que apesar de ter autonomia a vítima comunicou a reportagem à chefe de redação de nome Márcia Monteiro»; «que a vítima pediu a Márcia, que autorizou a elaboração da matéria».

Marcelo Moreira disse ainda que «o tal informante não procurou especificamente a vítima, mas qualquer repórter que se dispusesse a fazer a denúncia; que imagina que o tal denunciante teria ligado e deixado um telefone para os repórteres fazerem contato». Seria, portanto, aconselhável, a título de bom jornalismo, o jornalista Ali Kamel, falando pela TV Globo, parar de repetir, em seus artigos, que a pauta era do Tim, que os moradores pediram ajuda a Tim, até porque editoriais do Jornal Nacional, no calor dos acontecimentos, disseram exatamente o contrário. Ah!, a memória…

Voltando ao depoimento do chefe de reportagem de Tim, Marcelo Moreira disse também ao juiz que «ficou sabendo que a vítima já teria apresentado algum material para Márcia Monteiro», para mais adiante revelar que «chegou a ver o conteúdo da primeira fita produzida pela vítima» e que «na fita não há filmagem do baile funk».

Moreira afirmou ainda que «o repórter tem autonomia para escolher o meio de locomoção, mas nesse caso específico a vítima foi com o carro da empresa; que geralmente há controle e monitoramento da atuação dos repórteres, que este controle não era exercido no caso da vítima, que era uma matéria muito específica». Ou seja, Marcelo Moreira afirmou que o repórter estava sozinho, sem qualquer retaguarda da emissora.

O chefe de reportagem disse também «que quando se toma conhecimento que as coisas não estão dando certo, se entra em ação; que, no caso específico imaginavam que o atraso se dava porque ‘a reportagem estava rendendo'». No mesmo depoimento, Moreira disse que chegou à emissora às 4h, portanto, se a polícia só foi acionada após o jogo do Brasil, seria muito bom, em nome da transparência alegada pela TV Globo, que a emissora esclarecesse como teria entrado em ação, ao tomar conhecimento bem antes do jogo de que algo saíra errado.

Registro oficial

No texto que enviou ao programa Direito em Debate, no último dia 24, e que se encontra na íntegra no site (www.redebrasil.tv.br/direitoemdebate), o jornalista Ali Kamel, falando mais uma vez pela TV Globo, demonstra profunda indignação e espanto pelo que assistiu no programa que abordou, na semana anterior, o tema «A responsabilidade do empregador pelos danos causados ao empregado durante o trabalho», quando, pela pertinência, tratou-se do caso Tim Lopes.

Nesse texto, Ali Kamel apresentou, pela primeira vez, a política de segurança da TV Globo e em que casos ela é acionada. Falou-se muito dos correspondentes de guerra, vários exemplos foram dados, até de um repórter que foi cobrir um protesto de camelôs no centro de São Paulo «acompanhado de uma equipe de seguranças». Mas da segurança no caso que resultou na morte do repórter Tim Lopes, nenhuma linha.

A partir de uma leitura atenta, pode-se perceber que o caso Tim Lopes se encaixaria no item b das normas de segurança («Se a empresa considera que o repórter corre algum risco, toma a iniciativa de chamá-lo para uma conversa e para a adoção das medidas extras de segurança»). Ali Kamel destaca que «essas são as medidas que se tomam após a realização das reportagens».

«Durante a realização de matérias investigativas, há todo um planejamento, que visa a diminuir os riscos», continua Ali Kamel, acrescentando: «O planejamento é feito com os repórteres e seus chefes imediatos – somente eles podem avaliar que exigências uma matéria tem. Há casos em que a presença de seguranças é totalmente desaconselhada, porque, em vez de diminuir, aumenta os riscos. É o caso, por exemplo, de reportagens em que o jornalista precisa passar despercebido».

Só para avivar a memória do jornalista Ali Kamel, Tim Lopes não poderia, nem se quisesse, passar despercebido na realização daquela reportagem. Primeiro, porque seu rosto já tinha se tornado público pela própria emissora; segundo, porque seu tipo físico não condizia com a de um freqüentador de baile funk (não era esse o mote da matéria, segundo a emissora?); e, terceiro, porque havia gente na comunidade que sabia da presença do repórter, o que não é usual em reportagens com câmera escondida.

Portanto, seus chefes imediatos tinham obrigação de estar atentos a esses três pontos no planejamento da reportagem. Mais ainda, após ele ter trazido a tal fita em que ficava claríssimo o ambiente hostil em que ele estava pisando. E, é claro, que existem formas sutis de um segurança trabalhar, sem precisar estar vestindo terno preto e usando ostensivamente um rádio de comunicação.

Ainda segundo Kamel, «esta avaliação das necessidades de segurança depende fundamentalmente dos repórteres, os únicos a saberem, de fato, o terreno em que pisam e as circunstâncias em que trabalharão». Parece até que o jornalista Ali Kamel, falando em nome da Globo, estaria responsabilizando o repórter pela própria morte. Aliás, foi exatamente isso que a emissora condenou no relatório do inspetor Daniel Gomes, não foi?

Nas 367 linhas do texto disponibilizado no site, nenhuma delas cita a suposta fonte da reportagem (é como se ela nunca tivesse existido, apesar do depoimento de Marcelo Moreira, em juízo, afirmando que a emissora retirou da favela o tal informante). Aliás, parece até uma estratégia da emissora: ignorar certas perguntas para ver se elas também acabam deixando de existir. Mas há sempre um jeito de se refrescar a memória, principalmente, quando ela está registrada em papel, ainda mais oficial.

É o caso também da pergunta sobre a demora da emissora (mais de três semanas) em enviar à polícia os pertences (celular, caderno de anotações e agenda telefônica) que acompanharam o repórter na realização da matéria e, mais importante, nos seus últimos dias de vida. Nenhuma linha foi escrita no texto sobre o assunto.

«Em reunião»

Ora, profundamente indignada e espantada deveria estar a sociedade, com a omissão, a negligência e o descaso com que a TV Globo tratou a vida de seu funcionário, principalmente após sua chefia saber que ele estava a filmar bandidos fortemente armados. Profundamente indignada e espantada com a singela explicação com que o jornalista Ali Kamel, falando em nome da emissora, tenta esclarecer o episódio do turista de Cuiabá:

«Ao me encaminhar para os estúdios da TVE (para participar do programa Observatório da Imprensa, no dia 11/06/02), chegou- nos a informação de que um turista teria visto o momento em que Tim fora capturado pelos bandidos. Nossa orientação foi gravar com ele uma entrevista. Nos estúdios, eu dei essa informação. No dia seguinte, como de praxe, checamos a veracidade do que dissera o turista. Tudo o que ele disse não se pôde comprovar: ele mentiu em relação ao hotel em que se hospedara, deu uma descrição sobre a Vila Cruzeiro que nada tinha com a realidade e, mais grave, errou totalmente na descrição da roupa que Tim usava na ocasião. Era apenas mais um, entre tantos, em busca de 15 minutos de fama.»

Percebe-se que a orientação da TV Globo – como no caso dos pertences de Tim e da suposta fonte da reportagem – foi a de se julgar acima do Estado e fazer o papel da polícia, não comunicando o fato imediatamente às autoridades que investigavam o assassinato: primeiro gravou-se uma entrevista (o ibope acima de tudo); no dia seguinte, «como de praxe» (parece que na emissora a ação é sempre no dia seguinte), a TV Globo (e não a polícia) checou a informação. E o mais grave, o diretor-executivo de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, possibilitou os 15 minutos de fama a alguém que não merecia crédito, segundo ele (ou a emissora), mas não segundo a polícia (isso sim é mau jornalismo). Mas que valor podemos dar a uma informação checada por uma das partes interessadas?

Parece estranho que essa história do turista de Cuiabá só tenha aparecido depois de o jornalista Mário Augusto Jakobskind descobri-la, ao analisar o Observatório da Imprensa que tratou do caso Tim, já que, segundo Ali Kamel, «os esclarecimentos já foram dados à época à polícia, às entidades de classe e aos jornalistas que de perto acompanharam o assunto». A TV Globo conseguiu o impossível: informar sobre um suposto impostor e nenhum jornalista se sentir tentado a falar ou escrever sobre o assunto.

Avivada a memória do jornalista Ali Kamel, por tudo isso, posso afirmar que a TV Globo não foi transparente (e continua não sendo, a despeito das inúmeras tentativas de esclarecimentos de seu representante) em relação a todos os episódios que culminaram na morte de seu funcionário. Muito ainda falta ser esclarecido. Tem de pedir mesmo desculpas aos leitores por se delongar tanto e não ir ao ponto da questão.

Por último, mas não menos importante – só em menor espaço para combinar com o tamanho pequenininho da sua nota de repúdio (intitulada «Contra o discurso fácil») ao artigo do jornalista Mário Augusto Jakobskind, a quem acusa de escrever um «livro cheio de visões parciais e sensacionalistas sobre a morte de Tim Lopes» -, sugiro ao presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, Nacif Elias, a leitura das páginas 56, 57 e 67 do Dossiê Tim Lopes – Fantástico Ibope:

«Na elaboração deste dossiê, o diretor de jornalismo da Globo, Carlos Schroder, foi procurado para responder a algumas perguntas. (…) Um funcionário da Globo, de nome Francisco, atendeu ao telefonema do repórter e pediu que o questionário fosse enviado por fax (2540-3200), já que em função da agenda apertada do diretor, normalmente esse tipo de solicitação é atendido dessa forma. Francisco prometeu que daria retorno, o que não aconteceu. O repórter aguardou 45 dias, inclusive mandando o mesmo fax pela segunda vez, a pedido do próprio Francisco, para concluir que Schroder se recusou a responder às perguntas.»

O autor do Dossiê Tim Lopes relata ainda em seu livro tentativas infrutíferas de pedidos de esclarecimento junto a César Seabra, Marcelo Moreira e Márcia Monteiro: «Eles sempre estavam ‘em reunião’, o que depois de algumas tantas vezes pode ser interpretado como recusa em atender».

Como se vê, não foi por falta de oportunidade que a emissora deixou de se manifestar no Dossiê. Das duas uma: ou a culpa é do Francisco ou o rebatedor oficial da TV Globo, Ali Kamel, estava de férias.

***

PS: O artigo acima já estava escrito antes mesmo de a tentativa de esclarecimentos («A razão do silêncio»), do diretor-executivo da TV Globo, Ali Kamel, ser publicada no site do Observatório da Imprensa.

Embora também não tenha bola de cristal, não foi difícil adivinhar, pelas manifestações anteriores, que o jornalista que fala em nome da Globo iria rodar em círculos e não chegar ao cerne das questões.

Maior prova disso é que o texto acima, embora escrito antecipadamente ao artigo «A razão do silêncio», continua valendo, uma vez que as perguntas continuam sem respostas.

A acrescentar apenas o quanto pretensioso é Ali Kamel querer falar, sem procuração, em nome dos jornalistas «de praticamente todas as redações», questionando que eu não tenha me sentido ofendida com a declaração do inspetor Daniel Gomes. Afinal, Ali Kamel sabe que há coisas muito mais ofensivas no caso Tim Lopes. Desfaçatez e hipocrisia são algumas delas.

O jornalista que fala pela Globo precisa se decidir, por exemplo, como era mesmo o ambiente para onde a emissora mandou o seu repórter. No item 2 de suas explicações, Ali afirma que «não se tratava de um baile num canto escuro de uma favela perdida, mas de um baile realizado na entrada urbanizada de uma comunidade carente, com pontos de táxi, lanchonetes», informando ainda que «havia, na entrada, um parque de diversões, barracas vendendo bebidas e comidas». Quem lê é induzido a acreditar que o local era inofensivo. Já, mais adiante, no item 6, o ambiente é mais hostil: Ali informa que «Tim foi à favela atendendo a chamado de moradores aflitos e angustiados porque suas filhas estavam sendo obrigadas pelos traficantes a participar dos bailes». Então, aquele local inofensivo era dominado pelo tráfico, certo?

Ora, em nenhum momento neguei a existência do baile. Só estranhei que tal orgia pudesse acontecer a céu aberto, numa área urbanizada, na entrada, com tanto movimento e tão cedo, em horário não condizente com a realização de um baile funk (não se pode esquecer que Tim ficara de retornar do baile inicialmente às 20h e depois às 22h, tendo chegado ao local por volta das 17h).

O jornalista que fala pela TV Globo comete ato falho no item

7, além de colocar na minha boca palavras que não falei, já que não acusei a imprensa de ter prometido concluir o trabalho que Tim estava fazendo. Não foi a imprensa que prometeu. Afirmei, sim, que ele, Kamel, é que havia desafiado a imprensa a terminar a pauta do Tim. Ao garantir que toda a imprensa foi incansável e que «o combate ao tráfico de drogas nunca mais saiu de nossas pautas» e que «todo jornal, toda revista, toda emissora de rádio e televisão [olha ele aí de novo, sem procuração, falando por toda a imprensa] têm feito o seu papel, denunciando o tráfico, cobrando da polícia, das autoridades e da sociedade o fim do poder paralelo dos traficantes», Ali Kamel, em glorioso ato falho, considera cumprida a pauta do Tim, ou seja, o combate ao tráfico de drogas.

Então, o que Tim estava fazendo não era apenas a cobertura de um baile funk com supostas cenas de sexo explícito envolvendo menores. Se Kamel considera cumprida pela imprensa a pauta que o repórter não conseguiu terminar é porque a pauta era realmente denunciar o tráfico, entrando no covil de bandidos altamente armados (as fitas trazidas por ele e vistas por Márcia Monteiro e Marcelo Moreira mostram bem isso). Podemos então concluir que houve, no mínimo, erro de avaliação e falha grave de sua chefia no planejamento desta reportagem ao considerar a pauta apenas a cobertura de um bailinho na entrada urbanizada de uma comunidade carente, como quer nos fazer acreditar Ali Kamel. Santa ingenuidade!

Ali Kamel mostra-se estarrecido, sem conseguir imaginar de onde tirei a informação de que era a primeira vez que a Globo realizava matéria com câmera oculta com o conhecimento de pessoas da comunidade. Respondo: foi o chefe de reportagem, Marcelo Moreira, quem o disse, em conversa com familiares de Tim, no Fórum Tim Lopes Nunca Mais, na ABI, em agosto de 2002, quando ainda se falavam muitas coisas sem preocupação defensiva e até parecia que a TV Globo tinha interesse em ajudar a esclarecer as circunstâncias da morte de seu repórter.

Pelo visto, somente Freud explica tanto ato falho, tanta contradição e até o desejo do jornalista Ali Kamel de encontrar refúgio no seu retorno ao silêncio. Porque pela performance demonstrada até agora, o diretor-executivo da TV Globo corre o risco de se afogar em meio a explicações que nada explicam ou então acabar se embrulhando ainda mais em esclarecimentos que nada esclarecem.

* Daniella Wagner é jornalista e cunhada de Tim Lopes