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Meirelles Imperador

Fuentes: Rebelión

O governo Lula não é apenas irrecuperável, é um governo plenamente amalgamado aos interesses da burguesia e comprova isso a cada momento em que tem em suas mãos decisões cruciais. Passando o mandato, provavelmente se diluirá como se dissolve a cápsula de um supositório. Quando supomos que já chegou ao fundo do poço do cinismo […]

O governo Lula não é apenas irrecuperável, é um governo plenamente amalgamado aos interesses da burguesia e comprova isso a cada momento em que tem em suas mãos decisões cruciais. Passando o mandato, provavelmente se diluirá como se dissolve a cápsula de um supositório.

Quando supomos que já chegou ao fundo do poço do cinismo ele prova que sempre é possível avacalhar mais ainda com esse ensaio frustrado de democracia que é o Brasil. Visando contribuir com os corações sobressaltados, convém anteciparmos logo os próximos passos. Pelo andar da carruagem e o agravamento das denúncias contra o presidente do Banco Central (a sucursal do Federal Reserve), não é improvável que Lula em breve esteja dissolvendo a república de decretando Meirelles o Imperador do Brasil.

Não se assustem que isso não trará grande mudança na nossa organização política. Meirelles já é o manda chuva faz tempo. No máximo as coisas ficarão mais explícitas do que estão hoje. Transparência já seria uma inconcebível conquista democrática nesse governo.

Para a profunda decepção de Lula, ninguém faz melhor o trabalho de um capitalista, do que ele mesmo. Lula tem se empenhado como um operário padrão praticamente ideal. Muito aplicado, merecedor de louvor e até algum «honoris causa» em servilismo deve estar a caminho. Será seu segundo diploma, bem mais merecido do que o primeiro.

Vai ficando cada vez mais claro, e os analistas precisam se convencer, que não foi Lula quem colocou Meirelles ali, mas foi a ida desse ao governo que garantiu que o imperialismo concedesse a eleição de Lula.

Posso estar me antecipando um pouco, é possível que o governo vá procedendo a ascensão do banqueiro de forma paulatina. Na próxima denúncia ele deve virar vice, depois presidente do STF e só então virar imperador. E deus que se cuide.

Evidentemente Lula estabelecerá uma disposição transitória que lhe garanta acesso vitalício a algumas dependências do palácio. A sala de cinema, a adega, talvez até decrete a granja do torto território de uso fruto perpétuo de sua família e assim garante um campinho maneiro para a pelada com os amigos.

Não é improvável que o imperialismo lhe conceda esse agrado.

Contudo é sempre conveniente não apostarmos cegamente que somos mais capazes do que o governo Lula em soluções desesperadas. Vai que eles identificam que o problema é existir qualquer resquício de organização pública minimamente institucional (qualquer coisa como estado, direito, democracia, liberdades etc) e então reduzem ao país à granja do torto nos termos acima e privatizam toda a região em torno até o Atlântico e países limítrofes assim não se corre risco de deixar qualquer brecha de intervenção política. Nesses termos Meirelles viraria logo o dono do Brasil, uma concessão pelos próximos quinhentos anos, para começo de conversa.

Ah, sim, revogaria a lei áurea e decretaria que todo ser vivo, bens móveis e imóveis existentes acima ou abaixo destes mais de oito milhões de quilômetros pertenceriam ao novo dono.

Imagino que Meirelles num gesto de bondade doaria sua considerável aposentadoria no BankBoston ao criança esperança.

Para quem considerar exagero é só passar em revista as decisões do governo Lula desde sua posse. Isso não está muito longe da realidade, se considerarmos que isso aqui era pra ser um Estado Democrático de Direito.

Afinal, essa democracia aplicada pelo PT não parece servir para muita coisa além de acobertar suspeitos, passar pito nos supostos aliados (esses são os limites do projeto político próprio do partido) e provar que são mais fiéis ao neoliberalismo que os próprios tucanos, hoje, uma pálida sombra de engajamento neoliberal, totalmente desmoralizados pela prática convicta do governo petista.

De qualquer forma é pouco provável que o país sobreviva muito tempo mais se o governo mantém a mesma direção intensidade e projeto. A realidade do país não é tão elástica a ponto de comportar esgarçamentos dessa magnitude entre a institucionalidade e a situação sócio-econômica.

Collor caiu por menos. E nem FHC ousou tanto.