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O crescimento sustentável na versão Lula

Fuentes: Rebelión

É difícil imaginar onde Lula quer chegar com essa pantomima de crescimento sustentável e duradouro. O que de fato interessa ao presidente e ao seu grupo no PT, se percebe na última pesquisa de opinião feita pela Confederação Nacional dos Transportes, através do Instituto Sensus. A avaliação positiva do governo cresceu nove pontos em um […]

É difícil imaginar onde Lula quer chegar com essa pantomima de crescimento sustentável e duradouro. O que de fato interessa ao presidente e ao seu grupo no PT, se percebe na última pesquisa de opinião feita pela Confederação Nacional dos Transportes, através do Instituto Sensus. A avaliação positiva do governo cresceu nove pontos em um ano eleitoral. Deve, segundo analistas, se refletir nas eleições municipais de outubro.

O Brasil cresce, são melhores os índices econômicos, mas há evidências que esses resultados se amparam em castelos de areia e ao menor vendaval podem se dissipar e virar uma grande dor de cabeça para o governo.

É simples entender isso.

O governo Lula não promoveu nenhuma mudança na política econômica do País. O governo Lula cumpre fielmente a agenda de reformas traçada pelo FMI. O governo sustenta todo esse festival na lógica do capitalismo e segundo as regras ditadas pela chamada nova ordem econômica. Aceitou vestir essa camisa de força. Os beneficiários desse crescimento são bancos e grandes empresas. Os índices sobre salários mostram que estão cada vez mais baixos.

Uma prova disso é a licitação, a sexta, de bacias sedimentares ricas em petróleo, prevista para dentro de poucos dias e que consolida o processo de privatização da PETROBRAS. As áreas vão para empresas estrangeiras. Num momento em que o mundo começa a se dar conta que o petróleo é um recurso natural cada vez mais raro e disponível em menores quantidades. Ou reservas.

O conjunto de projetos sociais do governo, por exemplo, foi por água abaixo e uma das mostras do compromisso Lula com a banca internacional está nos constantes resultados do superávit primário, uma espécie de afago que o Brasil faz ao Fundo Monetário Internacional.

A privatização da universidade pública continua sendo discutida intramuros no governo e marcha a passos acelerados sob a batuta de Tarso Genro, uma espécie de político que faz tudo, qualquer negócio, desde que esteja no centro dos acontecimentos. Se amanhã mudar o rumo e a ordem for em sentido contrário, ele muda e diz que sempre achou que devia ser assim.

É o perfil da esmagadora maioria do governo Lula.

O que Lula chama de crescimento sustentável e duradouro lembra o milagre econômico do ministro Delfim Neto, à época da ditadura. Restou numa entaladela de bilhões de dólares, as dívidas externa e interna que, até hoje, continuam a ditar o processo político e econômico no Brasil, sem falar no caos social.

Não está sendo construído um projeto Brasil, o presidente falou nisso quando candidato, mas consumado o ideário neoliberal com variáveis demagógicas aqui e ali. O Brasil continua caminhando na direção de vir a ser um dos principais entrepostos do grande capital.

Antônio Palocci, segundo principal funcionário do FMI no governo, o primeiro é o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, já anunciou que passadas as eleições vai propor a discussão sobre a autonomia daquele banco. Equivale a oficializar a privatização. É uma instituição dos bancos desde que foi criado.

Os principais meios de comunicação, timidamente, vão revelando os contornos de um projeto de privatização da Região Amazônica, com a singela e despudorada confissão de incapacidade do governo de promover o que se faz necessário àquela parte do Brasil, seja para assegurá-la como território nacional, seja para se beneficiar das riquezas calculadas na casa dos trilhões de dólares.

O projeto Lula é, neste momento, o de ganhar as eleições municipais, ou pelo menos crescer de forma tal que a reeleição em 2006 esteja assegurada. Isso parece estar sendo conseguido, malgradas as dificuldades eventualmente levantadas pela oposição. Via de regra por perceber que o presidente cumpre com melhor desempenho que FHC, os deveres prescritos pelo capital internacional. Ou sabe tirar coelhos da cartola com mais eficiência.

A sexta licitação de bacias sedimentares é um ato criminoso de entrega do País, ainda mais que Lula, quando candidato, se manifestou contrário a toda e qualquer forma de fim do monopólio estatal do petróleo. Nem o argumento que compromissos assinados anteriormente não podem ser descartados, vale.

O governador do Paraná, Roberto Requião, ingressou em Juízo contra o crime.

E mal se começa a discutir outro projeto oriundo do governo. O que cria os conselhos de comunicação com um único objetivo: vestir camisa de força na imprensa. Nem FHC foi tão longe. Controlar o que jornalistas escrevem e que possa ferir a divindade que ocupa o Planalto.

Está saindo dos gabinetes do ministro Luís Gushiken, o ministro da previdência privada.

Os índices mostram apenas esse sórdido jogo político institucional de faz de conta. E não é só Lula. Num acesso de cretinice bem ao seu feitio, o tucano José Maluf Serra, candidato a prefeito de São Paulo, a maior cidade do Brasil, cumpriu sua agenda na segunda-feira em um helicóptero, com o argumento que o trânsito está infernal e quando for prefeito vai viabilizar soluções. Como se o tucano Mário Covas não tivesse sido prefeito e o trânsito não fosse infernal.

O que se vê é só um jogo e nessa quadra, quem jogava no campo de lá, agora joga no de cá e vice versa, sem mudar nada.