A fala de Bush na Assembléia Geral das Nações Unidas foi montada em cima das pesquisas de opinião pública em seu país, do comportamento e as preferências do eleitorado para as eleições de novembro. Bush falou para dentro. A partir de agora, do seu discurso, quem fala pelos EUA é a Secretária de Agricultura. Só […]
A fala de Bush na Assembléia Geral das Nações Unidas foi montada em cima das pesquisas de opinião pública em seu país, do comportamento e as preferências do eleitorado para as eleições de novembro. Bush falou para dentro. A partir de agora, do seu discurso, quem fala pelos EUA é a Secretária de Agricultura.
Só isso explica as críticas a um aliado de primeira hora, parceiro no terrorismo, o primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon. É significativa a presença de islâmicos entre os estrangeiros residentes e naturalizados no país e existe uma reação da opinião pública ao terror de Estado no governo Sharon.
Por outro lado, as críticas a Arafat e às lideranças árabes, concitando-as a estabelecer relações com Israel, fazem o contraponto e seguram o voto judeu. Jogo de cena combinado entre os dois principais líderes do terror mundial.
Na prática os Estados Unidos estão anunciando a venda de armas especiais a Sharon. Uma das preciosidades do arsenal terrorista: bombas que atingem usinas nucleares subterrâneas. O alvo são instalações iranianas.
Em tempos passados o governo de Israel bombardeou o que supunha ser uma usina iraquiana no tal projeto nuclear de Saddam Hussein e que nunca existiu, ou nunca saiu do papel.
Bush foi claro sobre o Iraque: não vai sair e entende que a situação naquele país é melhor hoje. É sim, mas, para as empresas que seu governo representa. Para os iraquianos não. Chama a resistência à ocupação predatória de terrorismo e diz que para enfrentar essa situação, «temos que nos impor».
Bush e uma aberração do ponto de vista político, moral, psíquico. Absoluta.
Em seu discurso, no qual não trai o nacional-socialismo mesmo quando tenta parecer líder democrático, há um ponto que não deixa dúvidas sobre a vocação totalitária da Casa Branca: o presidente criticou países árabes que permitem ou financiam veículos de comunicação que, segundo ele, semeiam ódio.
O presidente/terrorista quer censura sobre a rede saudita Al Jazeera, responsável por várias informações sobre as barbáries norte-americanas no Iraque. São diárias. Dominou a imprensa de seu país, conseguiu sustentar a mentira das armas químicas algum tempo, as torturas, os grandes negócios das empresas de sua família, de seus sócios, de Dick Chaney, de Rumsfeld, e da intérprete de seus instintos, Condolezza Rice. Quer fazer o mesmo noutros países.
A Al Jazeera foi e continua sendo importante para veicular os horrores contra iraquianos, palestinos, afegãos, os povos árabes de um modo geral. Discrepa, por exemplo, da esmagadora maioria dos veículos ocidentais, a Globo, um exemplo, entre nós. Ou as tevês privadas na Venezuela e assim por diante.
Bush falou de livre comércio, da necessidade de fim de barreiras, lógico, desde que mantidas as dele. Falou do compromisso de seu país e seu povo com a liberdade no resto do mundo, o que significa dizer que escorou seu discurso no seu samba/terror de uma nota só: terrorismo.
Ignorou críticas de Lula ao combate ao «terrorismo» por meio militares, sequer deu sinais que está disposto a acatar decisões das Nações Unidas. Quem dita ordens, ficou muito claro, é ele. Um recado sem meias palavras.
A diferença entre Bush e outros presidentes dos Estados Unidos está no fato de a grande maioria deles, nem todos é verdade, terem sido bípedes e Bush não. Nem sei se quadrúpede. Uma aberração em qualquer sentido.
O risco que Bush representa, num segundo mandato, é o de querer buscar todas as formas de ganhos para seus negócios, as quadrilhas que representa e para tanto não têm, nem ele e nem as quadrilhas, quaisquer escrúpulos.
Isso tanto quer dizer riscos, aqui em nossa parte do mundo, para a Venezuela, como para Cuba de maneira mais direta e para todos pela constante pressão norte-americana em impor a ALCA e o projeto de recolonização.
Tem o apoio de boa parte do seu povo, aterrorizado pela perspectiva de um enviado de Alá embaixo de cada cama de cidadão dos Estados Unidos. Criou o pânico, o medo, num povo que, por natureza, nunca se preocupou com algo além do próprio umbigo.
E aí, no final da história, está com a mala que tem os códigos para a destruição de qualquer lugar, em qualquer canto.
Foi só isso, no duro mesmo, que o terrorista norte-americano quis deixar claro na ONU. Para o seu povo, candidato que é à reeleição. Para o resto do mundo, sobre quem manda.
O que o resto vai fazer não sei. As perspectivas são sombrias. Até pelo comportamento titubeante do resto. Quer jogar o jogo dentro de regras estabelecidas pelo cowboy desertor, mas cowboy. Se for assim, continuamos perdendo.
O que vale dizer que essa luta de luvas de pelica não tem sentido e nem leva a lugar nenhum.
Bush é, literalmente, um líder, não importa que um idiota, do novo Reich.