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O governo Lula e o PT nas eleições

Fuentes: Rebelión

São claros os sinais que o governo Lula ligou luz amarela com as perspectivas mostradas pelas primeiras pesquisas de intenções de votos, com vistas às eleições municipais de outubro. O partido sai maior com número de prefeituras, sai menor em número de capitais e as chamadas grandes cidades. É o que começam a dizer gurus […]

São claros os sinais que o governo Lula ligou luz amarela com as perspectivas mostradas pelas primeiras pesquisas de intenções de votos, com vistas às eleições municipais de outubro. O partido sai maior com número de prefeituras, sai menor em número de capitais e as chamadas grandes cidades. É o que começam a dizer gurus e especialistas.

Um candidato a prefeito numa cidade mineira disse que pela primeira vez a federalização das eleições, prática petista, trabalha contra o partido. Vai ser difícil responder aos ataques da oposição. Reforma da previdência, corrupção, política econômica, desemprego, salário mínimo tudo o que Lula prometeu banir e permanece muitas vezes com força maior.

Em entrevista a um programa de televisão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse não ser candidato a presidente. Mas fez a ressalva: «se disser que sou começo a disputar com meus companheiros de partido».

Equivale a dizer que é. Já enquadrou eventuais pretendentes, no caso três. Tasso Jereissati, Aécio Neves e José Serra. Alianças previstas com o partido de Lula, a de Belo Horizonte, capital de Minas, viraram pesadelo para o governador do Estado. Aécio percebeu que está sendo comido pelas beiradas. Faz o diabo para que o senador e ex- governador Eduardo Azeredo não seja candidato a prefeito e possa continuar, ele governador, no muro.

Quer ser o sucessor de Lula, mas espera 2010. Em esquemas semelhantes Tasso e Serra. O paulista é candidato a prefeito com a promessa de apoio para o governo estadual daqui a dois anos. O senador sabe que na política brasileira é ave de vôo rasteiro, não tem presença nacional e aceita esquemas que lhe permitam um poleiro mais alto, quem sabe a presidência do Senado.

A visão que o processo político e eleitoral começa e termina em São Paulo é típica de Lula e tucanos. Vão jogar tudo para vencer na capital e nas cidades mais importantes. O ponto de partida. Os dedos. Não significa que não queiram salvar os anéis, ou quem sabe ganhá-los e acrescer alguns.

Os partidos restantes são secundários. Mesmo o PMDB, em tese ainda o maior partido brasileiro. Espécie de vagão com muitos compartimentos e com muitas e diferentes locomotivas a puxá-lo, andando por várias linhas. Reflete interesses de coronéis políticos, ou donatários da legenda de Ulisses Guimarães e sua principal característica e pretensão é o controle da máquina estatal em qualquer nível. É só a legenda que foi de Ulisses, hoje é de Temer e há uma fossa abissal entre um e outro.

Carrega desde figuras como o ex-presidente José Sarney, bombardeado internamente mas, dono do Maranhão, ao «coronel» Itamar Franco, um ser errático que acha que o mundo começa e termina em Juiz de Fora, de olho numa cadeira no Senado, com passagem pela embaixada brasileira na OEA.

Está louco para virar oposição.

A opção petista é complicada. A decisão nacional, da cúpula, que é lulista, é investir em áreas consideradas decisivas, concentrar esforços onde existam chances e deixar de lado o que não acresce aos propósitos de reeleição do presidente.

As bases, perplexas e sem bem saber como reagir, se preparam para carregar o ônus de uma série de equívocos governamentais, o que quer dizer que na hora agá vai ser o velho esquema do salve-se quem puder.

O que diz mais. A chance da vaca ir para o brejo é grande.

O preço dessa confusão toda vai ser pago pelas bancadas federais (Senado e Câmara) e as estaduais (assembléias legislativas).

Um preço maior caberá à esquerda.

O projeto de Lula é Lula. O partido ou vem a reboque ou amarga os campos de concentração comandados pelo ministro José Dirceu. Pelo ministro Antônio Palocci.

Agora pelo deputado e ministro Aldo Rebelo, coordenador político e linha frente da versão PMDB da esquerda (sic): o PC do B, Partido Comunista do Brasil. Uma espécie de empresa com uma denominação que nada tem a ver com o ramo que atua.

Eleição não muda nada. Mas vai desagregar e muito.

Ano que vem, 2005 ocorre o processo interno de eleição de diretórios municipais, estaduais e nacional do PT. O jogo vai ser pesado. As chances de reverter o quadro são exíguas. É por aí que pode desandar tudo. A turma do poder joga em Lula, que corre à parte do partido, é maior que o partido e se utilizou do partido como instrumento para virar presidente da República.

Quer um remaker do filme de Duda Mendonça, em 2002. Aceita, vive e pratica a idéia que eleição é oportunidade para vender sabão em pó.

Um jogo arriscado. A bilheteria pode não corresponder. O lado de lá, FHC, está nadando de braçadas e dirige o próprio filme com a experiência de quem traiu a vida inteira. Fez e faz da briga do poder pelo poder um meio de vida.

As cartas nesse trem, como se diz em Minas, são marcadas. Todas. Não adianta embaralhar que não muda nada.

Enquanto isso as tropas brasileiras no Haiti vão tentando fazer crer que salvam aquele país e aquele povo das garras da desordem e do caos.

Aqui, os caras vão ocupando a Amazônia.

Lula é mais um equívoco irrecuperável.