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O Grupo do Rio e Cuba

Fuentes: Rebelión

O Brasil tem uma posição clara sobre a questão cubana. Defende maior aproximação com o governo de Fidel Castro e o fim do isolamento da ilha, imposto pelos Estados Unidos e condenado pelas Nações Unidas. Lula deixou clara essa posição ao discursar no encontro de chefes de estados e governos no Rio de Janeiro. O […]

O Brasil tem uma posição clara sobre a questão cubana. Defende maior aproximação com o governo de Fidel Castro e o fim do isolamento da ilha, imposto pelos Estados Unidos e condenado pelas Nações Unidas. Lula deixou clara essa posição ao discursar no encontro de chefes de estados e governos no Rio de Janeiro.

O presidente brasileiro não escondeu nem sua estima pessoal pelo governante cubano. Não entrou no mérito do processo revolucionário vigente em Cuba desde 1959. Mas nem se esperava e nem precisava.

Lula tem o apoio de Chávez, deve contar com o futuro apoio de Tabaré Vazquez, mas encontra resistências nos governos do México, de países da América Central e aqueles que não querem se comprometer, pelo menos neste momento. O próprio Uruguai não mantém relações diplomáticas com Havana.

A contrapartida do discurso de Lula foi a defesa da presença militar brasileira no Haiti e a cobrança aos governos integrantes do Grupo do Rio, tanto de tropas naquele país, como do auxílio definido no que chamam tarefas de reconstrução do Estado haitiano.

Uma no cravo, outra na ferradura. De qualquer forma, em tempos opção pelo terrorismo,feita pelos cidadãos norte-americanos, as posições de Lula e Chávez sobre Cuba tornam-se um obstáculo ao desvario de Bush. Melhor dizendo, à tentação de viabilizar a queda do governo de Castro, o fim da revolução e a transformação da ilha num novo Haiti.

O Grupo do Rio foi criado em 1986 e é formado por 19 países das três Américas.

O principal argumento dos governos contrários a um diálogo, expressão de Lula, com Cuba é que o assunto não está na pauta do encontro. Miguel Hakim, funcionário norte-americano que ocupa a vice-chancelaria do México, foi além do que defendeu o presidente brasileiro. «A inclusão de Cuba no grupo nunca esteve em discussão. Não se fala nisso». Não houve uma proposta direta do governo do Brasil sobre o assunto, mas Hakim, certamente, se antecipou e não deixou dúvidas sobre a posição de Washington.

Juan Pablo Lohlé, embaixador da Argentina, também se esquivou do assunto com o mesmo argumento: «o assunto Cuba não está em pauta».

O discurso do presidente Lula está sendo entendido pelos que discordam da aproximação com Cuba como posição do Brasil e não do grupo.

Todos os governos deverão assinar um documento pedindo o fortalecimento das Nações Unidas e da OMC (Organização do Comércio). Na prática isso tanto pode significar uma crítica leve às decisões unilaterais do governo Bush, inclusive a guerra do Iraque, como implica em aceitar as regras do jogo da globalização.

Fortalecer a OMC é tentar o impossível: fazer com que os EUA aceitem decisões que lhes são contrárias. Ou ainda: acreditar em contos de fadas.

O presidente da Venezuela Hugo Chávez é o grande destaque do encontro. Alvo de manifestações de apoio à sua revolução bolivariana, Chávez chegou ao Brasil com a agenda cheia,

Carlos Lessa, presidente da principal agência de fomento do Brasil, o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), conversou com o presidente venezuelano por três horas e, à saída do encontro, anunciou que «avançaram muito as negociações para a criação de um fundo brasileiro-venezuelano para lastrear investimentos entre os dois países».

A expectativa, segundo o presidente do BNDES, é que o fundo seja capaz de gerar investimentos de 1 bilhão de dólares no comércio bilateral entre Brasil e Venezuela. Outro ponto revelado por Lessa é a disposição de chamar a Argentina a participar do fundo.

A reunião do Grupo do Rio, com cerca de 10 presidentes de países das três Américas, serviu para Lula deixar patente a disposição do seu governo de buscar contrapartidas com o governo dos Estados Unidos, no que a chancelaria brasileira chama de «política afirmativa».

Revela também a disposição do presidente de não mudar a política econômica e nem discrepar no que diz respeito à ordem internacional. Tão somente buscar o que alguns chamam de acertos para que seja mais justa, portanto, algo como a humanização do capitalismo.

No campo interno o presidente foi alvo de duras críticas no Congresso Nacional, uma delas vinda do senador Antônio Carlos Magalhães, tido como da base aliada, ou no mínimo, amigo incerto em horas certas, ou vice versa. ACM não gostou da atuação do PT em Salvador, onde seu candidato, também senador, César Borges, foi esmagado pelo candidato do PDT, João Henrique.

No que não é necessariamente uma antecipação da decisão de promover uma reforma ministerial, o ministro da Defesa, José Viegas, pediu demissão e foi substituído pelo vice-presidente José Alencar. Deve ser solução provisória. Só pode ser, se o governo quiser ser levado a sério.

O governo brasileiro respirou aliviado com a reeleição de George Bush. Lula e sua equipe não escondiam a preferência, no mínimo estranha, pelo líder terrorista.

Nessa linha de pensamento soa estranho o discurso de Lula e sua posição sobre Cuba. Sugerem que mais à frente pode haver barganha. Saem os dentes de vampiro dos norte-americanos, entra a conversa mole do brasileiro.

É esperar para ver. Não só Cuba, como maior aproximação com a Venezuela. Lula não esconde de ninguém que perturba a ele o prestígio de Chávez, comprovado agora que até entre setores do movimento popular e do PT, isso no Brasil.

A correria de jornalistas está sendo em torno do líder venezuelano. O brasileiro, segundo um categorizado profissional de um jornal paulista, «virou arroz de festa. É só enxergar um microfone que pede a palavra»