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O jogo do segundo turno

Fuentes: Rebelión

O ministro chefe do Gabinete Civil, José Dirceu, andou por Fortaleza no primeiro turno com um distintivo no peito: «sou PT e voto Inácio». Inácio Arruda era o candidato a prefeito do PC do B apoiado pela direção nacional do partido de Lula. Perdeu e a candidata petista, Luiziane Lins, que vai disputar o segundo […]

O ministro chefe do Gabinete Civil, José Dirceu, andou por Fortaleza no primeiro turno com um distintivo no peito: «sou PT e voto Inácio». Inácio Arruda era o candidato a prefeito do PC do B apoiado pela direção nacional do partido de Lula.

Perdeu e a candidata petista, Luiziane Lins, que vai disputar o segundo turno, pediu hoje que o » PT não atrapalhe sua campanha». «Se não atrapalhar já está bom». José Genoíno, um dos mais respeitados comediantes da cena política brasileira e, às horas vagas, presidente do PT, quer dar uns pitacos na dita campanha, lógico, correr atrás das besteiras feitas e tentar ganhar.

As chances de Luiziane são as mesmas com ou sem Genoíno. É provável até que sejam maiores sem o dito cujo.

Um detalhe importante no distintivo carregado pelo ministro Dirceu: fica difícil cobrar fidelidade partidária em qualquer canto do País. Para um partido supostamente de base, mas caracterizado pelo estilo autoritário da cúpula que acha que não existe vida inteligente fora de São Paulo, com um histórico desastrado de intervenções, vide o caso do Rio de Janeiro, vai ser difícil a Dirceu e José Genoíno (não chegam a ser o Gordo e o Magro pois não existe um gordo na dupla e nem têm talento para tanto), exigir que petistas descontentes se comportem no figurino do Planalto.

O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, foi outro que fez críticas ao comando nacional do partido. Percebe o viés paulista. Acabado o primeiro turno a primeira coisa que o ministro Dirceu fez foi lançar a candidatura do senador Aloísio Mercadante ao governo daquele Estado. Nos estados onde o partido ganhou no primeiro turno nada. Pimentel teve quase 70% dos votos na capital mineira.

Acham que o resto, o entorno, são países vizinhos que falam a mesma língua.

O Estado do Rio de Janeiro é outro exemplo das dificuldades petistas. Uma intervenção estúpida e sem fundamento político nenhum, feita em 1988, propiciou a eleição de Anthony Garotinho para o governo estadual e, agora, em pleno mandato, de Rosinha Garotinho.

Só se explica o fato de ambos, os Garotinhos, estarem em liberdade, por estarmos no Brasil. Como se explica o fato do Rio ter virado cidade sem lei pela presença do Garotinho na Secretaria de Segurança Pública. Há tempos atrás, candidato a presidente, conseguiu o incrível da Justiça brasileira: a proibição para jornais, tevês e rádios, que viesse a público a gravação onde manda oferecer propina a um fiscal para liberar sorteios mal explicados de automóveis que ninguém sabe se existiram ou não. Mas sabe-se que entregues a amigos no jogo do faz de conta.

O PT continua atribuindo a Marta a importância maior que todo o resto do País onde disputa segundo turno. Os interesses da cúpula se concentram ali, na cidade e no Estado de São Paulo.

Um ou outro setor começa a entender que é preciso derrotar a quadrilha Garotinho no Rio. Mas nem uma linha de auto crítica em torno dos despropósitos perpetrados contra o partido fluminense.

O secretário e projeto nacional de aiatolá, Anthony Garotinho, instado pelo candidato Moreira Franco, de seu partido, a ajudá-lo no segundo turno em Niterói, uma cidade estratégica, disse o seguinte, reproduzido por toda a imprensa nacional: «eu quero que o povo de Niterói se dane, vou cuidar de Campos». É pregador evangélico, faz parte dos negócios de Edir Macedo. Imagine se não fosse.

Campos é a base da quadrilha e corre o risco de perder ali. Moreira renunciou e o PDT, estranhamente, numa postura lamentável, se aliou ao PMDB do governador de fato (a Garotinha é só de direito) para tentar derrotar o prefeito da capital que tenta a reeleição.

Vai daí que César Maia passa a ser o parceiro preferido dos homens do PT. Quer enfrentar Garotinho em cidades onde ocorrerão segundos turnos, como Nova Iguaçu, projeto do ministro Dirceu para Lindenbergh Faria, Campos e Niterói, as principais.

O PT tem chances reais e concretas em Porto Alegre, com Raul Pont. Já foi prefeito, venceu o primeiro turno e se ganhar emplaca o quinto mandato petista na capital do Rio Grande.

Na primeira vez que chegou à Prefeitura de São Paulo o partido não conseguiu emplacar um novo prefeito petista, perdeu para Paulo Maluf. E na segunda corre o risco de perder para José Serra. Que, aliás, já deu o sinal verde ao comando tucano para articular sua candidatura ao governo do Estado dentro de dois anos.

Joga um jogo difícil em algumas cidades, como Curitiba, Goiânia, saiu como o partido mais votado nas eleições em primeiro turno, mas corre o risco de ser atropelado no segundo, mesmo alcançando maior número de votos: diminuiu a votação petista nos chamados grandes centros.

E um dado interessante: o prestígio pessoal de Lula é maior que o do partido. Menos mal para o sonho da reeleição.

O difícil mesmo está sendo engolir, falo de petistas, algumas alianças dessas bem espúrias, com partidos bem bandidos. Genoíno está usando todo o estoque de pantomimas para segurar as pontas e não deixar a corda arrebentar.

Tem lugar que o partido está aliado a latifundiários.

O deputado Paulo Delgado, de Minas, em sua cidade, já anunciou que discrepa da direção nacional e apóia o candidato tucano no segundo turno. O outro é do famigerado PTB. São perfis idênticos e o deputado só fez assumir o que é visível na cúpula nacional do partido. Uma espécie de tucanato do B.

Pior que isso só Antério Mânica, um dos mandantes dos assassinatos de fiscais do Ministério do Trabalho, latifundiário, eleito prefeito, solto e pronto para ser diplomado e empossado. Foi recebido com festas em sua cidade.

A constatação que democracia é uma farsa tem dois ângulos. O dos políticos e de boa parcela do eleitorado no clássico me engana que eu gosto. O cara teve 70% dos votos.