Saiu um livro sobre os 35 anos do Jornal Nacional, principal noticioso da televisão brasileira e, lógico, da Rede Globo. Para entender a importância do Jornal Nacional é preciso conhecer um pouco da história da Globo, o maior grupo privado de comunicações do Brasil, um dos maiores do mundo e, como toda grande empresa privada, […]
Saiu um livro sobre os 35 anos do Jornal Nacional, principal noticioso da televisão brasileira e, lógico, da Rede Globo.
Para entender a importância do Jornal Nacional é preciso conhecer um pouco da história da Globo, o maior grupo privado de comunicações do Brasil, um dos maiores do mundo e, como toda grande empresa privada, em qualquer lugar do planeta, sustentada com dinheiro público.
É interessante demarcar um momento à guisa de ponto de partida para que se possa compreender a natureza e o papel que as organizações vêm exercendo no Brasil desde o seu primeiro instrumento, o jornal O Globo.
O suicídio de Vargas pode ser o momento para o que pretendemos. Aí fica fácil começar a entender todo o resto. Naquele dia, 24 de agosto de 1954, a multidão, depredou as instalações do jornal, de acentuada e permanente característica golpista.
Mas, no início da década de 60, quando as grandes empresas norte-americanas perceberam que a guerra do Vietnã começou a ser perdida na imprensa, que o grupo Time/Life, era sua denominação, decidiu investir numa grande rede de televisão no Brasil. Corria o governo João Goulart e na ótica da matriz, Washington, era real o risco de comunização do Brasil.
Todo um conjunto de fatos, o processo naquele instante, detonado com a revolução cubana, a guerra do Vietnã e uma série de acontecimentos, além de estarmos vivendo o tempo da guerra fria e da União Soviética potência.
Vale a pena registrar que alguns observadores e historiadores consideram o ano de 1957, quando do lançamento do Sputnik, primeiro satélite a girar em torno da Terra e, em seguida, de Iuri Gagarin, primeiro astronauta a dar uma volta completa no espaço ao redor do planeta, como ano decisivo para a propaganda norte-americana. Estavam perdendo a batalha da comunicação e precisavam das elites apátridas e podres dos países periféricos para seus planos imperiais
A Globo, pela vocação de seus donos, no caso a família Marinho e, particularmente, Roberto Marinho, foi uma conseqüência natural desse caráter apátrida da comunicação nos nossos dias.
Globo, ou Globovision na Venezuela, ou qualquer outra, em qualquer país latino-americano. Hoje, sabidamente, nos Estados Unidos inclusive.
Esse tipo de imprensa prospera como a mais importante arma do neoliberalismo e do império dos EUA.
A despeito da reação de brasileiros como Leonel Brizola, que percebeu de pronto os riscos que a investida representava, a Globo foi construída como concebida pela matriz e atua rigorosamente segundo os cânones dos donos originais.
O Jornal Nacional não é exceção. Pelo contrário, é regra.
O mais importante instrumento da ditadura militar para divulgar comunicados oficiais e incensar o patriotismo calhorda da época. E para ignorar tortura, corrupção, a natureza selvagem do regime.
Omissão deliberada de fatos importantes como a campanha pelas eleições diretas, ou a luta pelo impedimento do menino global, Collor de Mello.
A distorção dos resultados nas eleições para o governo do Estado do Rio, em 1982, tentando criar o fato consumado na fraude da Proconsult contra Leonel Brizola.
A manipulação de pesquisas, o sensacionalismo que custou a morte do jornalista Tim Lopes. A participação na semana que precedeu o golpe contra Chávez, abril de 2002, através da enviada especial Miriam Leitão, espécie de porta-voz dos bancos e grandes conglomerados.
Toda a sorte de farsas e fraudes ao longo de sua história e alguns casos escabrosos, repulsivos, como o envio de uma repórter á casa do cantor Agostinho dos Santos, que a emissora sabia estava morto num acidente de avião horas antes, mas a família não, para flagrar o exato momento que a notícia chegava.
Foi e é o perfil do Jornal da Nacional. Foi e é o perfil da Globo. A tecnologia mau caratista do neoliberalismo. Cisneiros andou por aqui antes do referendo, acertando detalhes do que imaginava seria o fecho de ouro do golpe contra Chávez.
A maior parte desses fatos é sabida, é do conhecimento público.
O que impressiona é a capacidade de idiotizar pessoas e criar realidades inexistentes, transformando o mundo ora num lugar de extrema felicidade e, quando convém, piedade e horror em horário nobre, mas, como estratégia de manter o rebanho.
É como a Globo vê o telespectador comum, médio, do Jornal Nacional.
O livro faz parte dessa forma de mentir e é isso que causa espanto. Canta loas ao processo de alienação via tevê.
O nível de perfeição dos grandes conglomerados de comunicações no mundo chegou a tal ponto que as pessoas se deixam chicotear desde que tenham direito a serem consideradas partícipes desse processo.
Ou sonharem com realities shows.
O mundo cão, mas que gera o lucro deles e criou uma nova forma de escravos: o telespectador.
O Jornal Nacional cumpre com rigorosa disciplina esse papel.