O presidente nacional do PT, José Genoíno, não gostou da forma como o coordenador do MST, João Pedro Stédile, se referiu ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci: «panaca». Stédile, por sua vez, explicou que panaca é o sujeito molóide, que não tem consciência e nem sabe o que faz, mas faz apenas o que mandam […]
O presidente nacional do PT, José Genoíno, não gostou da forma como o coordenador do MST, João Pedro Stédile, se referiu ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci: «panaca». Stédile, por sua vez, explicou que panaca é o sujeito molóide, que não tem consciência e nem sabe o que faz, mas faz apenas o que mandam que faça.
Palocci é dos muitos casos na política brasileira de figura menor que o cargo que ocupa. É comum se dizer do ex- governador Itamar Franco (o que pensa que foi presidente da República), nunca deixou de ser prefeito de sua cidade, Juiz de Fora. É fato.
Palocci é a mesma coisa. Versão paulista do político mineiro. Ou, se preferirem, versão paulista do maranhense José Sarney que, até hoje, pensa que é escritor.
Têm tamanhos, Itamar e Palocci, de prefeitos. Já Sarney não. É um exemplo de coronel nordestino, a começar do próprio nome. Era Ribamar, virou Sarney por ser filho do senhor Ney, logo, sir Ney.
A política econômica do governo Lula é praticada segundo as normas do FMI e ditada pelo segundo escalão do Ministério da Fazenda. Não mudou nada em relação ao tempo de Pedro Malan. A não ser o fato que o então ministro de FHC conduzia, ele
próprio, a economia. Tem maior confiança nos que controlam e operam o Estado brasileiro e tem até green card, o que, nesses tempos de terrorismo de Bush não é pouca coisa. Celso Láfer, por exemplo, foi obrigado a tirar os sapatos para entrar em New York. E era ministro das Relações Exteriores.
Palocci é panaca duas vezes. Primeiro por aceitar as imposições da burocracia do seu Ministério. Segundo por ter se deixado seduzir pelas propostas neoliberais e largado de vez o ideário petista.
Já José Genoíno…
Bom. Esse vai sentir o gosto dessas trapalhadas todas que tem arrumado como presidente do PT versão tucana quando for buscar votos seja para deputado, seja para o que for. Mostra- se ave de vôo rasteiro como se diz em Minas. Vai até um determinado ponto da árvore, mas para chegar até as jabuticabas precisa que alguém, mais acima, seja gentil e reparta a iguaria.
O ministro chefe do Gabinete Civil, José Dirceu, resolveu dar o ar da graça depois do golpe que levou. Falo do assessor Valdomiro Diniz. Coube a ele enumerar as realizações do governo Lula nesse período de ano e meio e não se fez de rogado. Contou como realização o que está ainda em discussão no Congresso Nacional, a nova Lei de Falecias, outra exigência do capital internacional para investir no Brasil.
É claro que há diferenças entre Lula, seu governo e o período FHC. Lula não mete a mão no dinheiro público. Mas tem permitido o uso desse dinheiro para financiar companhias estrangeiras que compraram com dinheiro público setores antes estatizados e estratégicos, através do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), boa parte dos recursos através do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Chamar o ministro da Fazenda de panaca não significa ofender, como pretendeu dizer José Genoíno. Pura constatação da realidade visível a olho nu a cada dia, em cada palavra de Palocci, em cada gesto, em cada ato.
O que João Pedro fez foi apenas isso. Falar o que qualquer brasileiro minimamente consciente e responsável sabe. Já sabia. E ser panaca não significa ser bandido, ser corrupto, nada disso. Quer dizer apenas que é um molóide. Pau mandado. Nada além disso.