Os ovos atirados contra Lula num ato em São Paulo certamente foram um fato isolado e típico de campanha eleitoral. Diferentes da torta que uma petista esfregou na cara do presidente nacional do PT, José Genoíno, no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em 2003. Em termos de Lula ovos estão no terreno que o […]
Os ovos atirados contra Lula num ato em São Paulo certamente foram um fato isolado e típico de campanha eleitoral. Diferentes da torta que uma petista esfregou na cara do presidente nacional do PT, José Genoíno, no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em 2003.
Em termos de Lula ovos estão no terreno que o presidente pisa.
Uma análise de especialistas em pesquisas e comportamentos eleitorais concluiu que nem Marta e nem Pont têm chances. Deixam uma brecha para uma eventual reviravolta nas eleições em São Paulo e Porto Alegre: a militância. Muito mais Porto Alegre que São Paulo.
Militância. Lula reclamou da falta de empenho da militância do PT no Rio de Janeiro, quando da visita àquela cidade, em 2002, em plena campanha eleitoral.
O presidente talvez perceba, difícil mas quem sabe, que a apatia da militância decorreu ontem e decorre hoje dos erros sistemáticos e constantes do PT lulista e do governo que junta num mesmo cesto água e óleo.
Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura e representante da Monsanto no governo de um lado, Olívio Dutra de outro. E os que não têm cara. Ou só a cara de a quem servem, no caso de Tarso Genro.
Essa é a chance que tem de retomar perspectivas reais de reeleição em 2006, levando em conta que no Planalto trabalham 24 horas por dia com esse projeto.
Aí, no mesmo dia, vem o COPOM (Conselho de Política Monetária) e aumenta em 0,5% a taxa de juros. Quem ganha? O sistema financeiro. Quem perde? O setor produtivo. Isso num raciocínio tipicamente dentro das regras do mercado como um todo.
Quem tem Antônio Palocci no Ministério da Fazenda, Roberto Rodrigues na Agricultura, Luís Fernando Furlan no Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Henrique Meireles no Banco Central e etc, etc, não precisa de inimigos.
Lembra a história antiga da raposa tomando conta do galinheiro.
O governo Lula não tem volta. Para simplificar o desafio das forças populares, é barrigada perdida. Isso não significa que o governo FHC tenha sido melhor, ainda que Lula esteja à direita dele.
Uma ONG internacional revela que a corrupção no Brasil tem força e permanece quase que intocada. Corrupção e neoliberalismo andam de braços dados. Corrupção é intrínseca, parte inseparável do mercado. Casamento eterno.
O que esculhamba e torna o governo Lula um monte de trapalhadas, sinaliza para um futuro sombrio, é essa incapacidade do presidente e sua turma de romperem amarras e buscarem caminhos alternativos.
É tarde para isso. O presidente teria que ter feito assim já no primeiro dia. É presa, ele, de seus novos amigos. O governo e o PT lulista da voracidade com que se atiram a cargos, benesses, só superada pela capacidade de falar bobagens.
Luiziane Lins que o diga. Vai vencer por ter desafiado os condestáveis do partido.
Raul Pont que amargue o preço da irresponsabilidade política de Tarso Genro e das expectativas frustradas. Todo um conjunto de equívocos um deles pela força dada aos produtores gaúchos de soja, no ato criminoso de permitir o plantio de transgênicos.
Marta dá a impressão de não ter espírito esportivo. De não admitir resultados desfavoráveis. Paga o preço de sua arrogância, de um preconceito claro no eleitorado, dos erros de seus aliados e da mesma incapacidade de enfrentar corporações podres dentro da máquina estatal. Dentro ou periféricas, gravitando ao redor de serviços públicos.
E justiça seja feita, o presidente reagiu à altura à nota do Exército no caso do assassinato de Wladimir Herzog. Falta demitir o «coronel PM» que comanda a tropa que policia o Haiti em nome da OEA, braço político e militar do IV Reich.
Os ovos nos quais Lula pisa estão se quebrando a cada passo do presidente. Se continuar assim nem gemada com mel levanta Lula e sua tropa.