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Os 46 anos da revolução cubana

Fuentes: Rebelión

Dwight Eisenhower chegou ao Brasil em 1960, visita oficial, último ano do governo de JK e foi hostilizado por estudantes em manifestação organizada pela UNE (União Nacional dos Estudantes). Num determinado trecho do trajeto que percorreu em carro aberto no Rio de Janeiro, faixas saudavam a revolução cubana. À noite, na primeira entrevista coletiva que […]

Dwight Eisenhower chegou ao Brasil em 1960, visita oficial, último ano do governo de JK e foi hostilizado por estudantes em manifestação organizada pela UNE (União Nacional dos Estudantes). Num determinado trecho do trajeto que percorreu em carro aberto no Rio de Janeiro, faixas saudavam a revolução cubana.

À noite, na primeira entrevista coletiva que concedeu disse a jornalistas que cobriam sua visita: «nos gostamos de Castro ele é que não gosta da gente».

No início de 1961 a CIA tentou a invasão de Cuba no célebre episódio da Baía dos Porcos. O presidente era John Kennedy e a operação fora toda armada no governo de Eisenhower para o primeiro mês do democrata. Bomba de efeito retardado. Era a forma de gostar de Castro.

De lá para cá são constantes as ações terroristas norte-americanas contra o governo e o povo cubano. Vão desde tentativas de assassinar o presidente Fidel Castro a hipócritas manifestações como a do Natal, em que o escritório dos EUA em Havana tentou vender a idéia de direitos humanos como apanágio da democracia de seu país. Esqueceram-se de Guantánamo, campo de concentração do IV Reich incrustado em território ocupado de Cuba.

É claro que Castro não gostava dos EUA. A ilha sob o regime de Fulgêncio Batista era um bordel de mafiosos, uma Las Vegas tropical.

Uma das primeiras decisões do governo revolucionário de Castro foi a Declaração de Havana, documento da Assembléia do Povo de Cuba e que expressa o conteúdo da revolução.

Já em 1960, a 2 de setembro o documento denunciava a farsa democrática, a mentira de um cidadão um voto, como instrumento de poder popular.

«A Assembléia Geral do Povo de Cuba expressa a convicção de que democracia não pode consistir só no exercício de um voto eleitoral que quase sempre é fictício e está manejado por latifundiários, oligarcas e políticos profissionais, senão no direito dos cidadãos a decidir seus próprios destinos. A democracia só existirá na América Latina quando os humildes não estejam oprimidos pela fome, a desigualdade social, o analfabetismo e os sistemas jurídicos opressores…»

Reforma agrária, o mais baixo índice de criminalidade de todo o continente americano, menor que o da Suíça. Os mais altos níveis de assistência médica e odontológica, educação plena e comum a todos os cidadãos.

Cuba está submetida a um bloqueio imoral sob qualquer aspecto que se analise a imposição dos EUA e sobrevive noutra característica de sua revolução: a extraordinária capacidade de resistência do povo e a consciência dos riscos de um retorno ao capitalismo predatório e criminoso dos tempos passados.

Os avanços não significam que dificuldades não existam. A força do presidente cubano Fidel Castro acaba por constituir-se numa espécie de armadilha para a revolução. A eventual falta de Castro pode aguçar apetites imperialistas e Bush já declarou várias vezes que no caso de morte do líder cubano os Estados Unidos não aceitarão um governo que não seja pautado pelas regras internacionais da nova ordem terrorista da Casa Branca.

Os recentes acordos firmados com o presidente da Venezuela, Hugo Chaves, que na prática rompem o bloqueio em assuntos estratégicos, como petróleo. O aumento crescente das exportações do governo brasileiro para a ilha. E, paradoxalmente ao ódio insano do fuhrer de Washington, o atoleiro do Iraque pode permitir ao processo revolucionário cubano uma nova etapa de avanços que tornarão mais difíceis as ações criminosas dos EUA.

A imprensa ocidental se refere a Fidel como ditador e não como presidente. É uma prática deliberada, a mesma que faz com que Pinochet seja chamado de general, atenuando os crimes do líder da ditadura chilena.

Jeito de vender a idéia da democracia tal e qual Bush a prega em função de interesses do seu país e dos grupos que transformaram os Estados Unidos numa nova versão do Reich de Hitler, o IV Reich. Na verdade apenas a forma aguda do que nunca foi diferente desde o primeiro momento da ascensão dos guerrilheiros de Sierra Maestra e em relação não só a Cuba, mas todos os países do mundo.

Cuba é o símbolo da resistência possível. Não por mero exercício de retórica, mas pelas conquistas do povo cubano.