Recomiendo:
0

Os interesses do imperío em relação ao Brasil

Fuentes: Rebelión

Terminada a II Grande Guerra, deposto o governo de Getúlio Vargas e retomado o processo democrático com a Constituição de 1946, começou também o avanço político e econômico dos Estados Unidos sobre a América do Sul e particularmente o Brasil. Estudos das Nações Unidas, feitos no início da década de 70, apontam chamadas regiões de […]

Terminada a II Grande Guerra, deposto o governo de Getúlio Vargas e retomado o processo democrático com a Constituição de 1946, começou também o avanço político e econômico dos Estados Unidos sobre a América do Sul e particularmente o Brasil.

Estudos das Nações Unidas, feitos no início da década de 70, apontam chamadas regiões de «futuros conflitos internacionais». No nosso caso duas: a Região Amazônica e o Sul do País, no caso o Rio Grande do Sul.

Esses estudos durante anos foram debatidos no Estado Maior das Forças Armadas brasileiras e até a presença do marechal Henrique Teixeira Lott no comando do Exército, rejeitadas as propostas norte-americanas, mesmo com a concessão durante algum tempo de Fernando de Noronha para uma base dos EUA.

A saída de Lott e a ascensão do chamado grupo nacionalista significou a abertura ampla, geral e irreversível a Washington, com exceção do período do general Ernesto Geisel. Foram os tempos da ditadura militar. Era estreita e subserviente a colaboração brasileira com os EUA.

Nos primeiros momentos os norte-americanos apostaram na democracia nascida em 1946 e logo em seguida, em 1964, desfecharam o golpe militar contra o governo Goulart, tudo dentro da lógica que presidia as relações internacionais no período da guerra fria, levando em conta a importância estratégica do nosso País para o resto da América Latina, notadamente a América do Sul.

Tais estudos, materializados em política, assim como Condolezza Rice transforma os instintos de Bush em políticas, vieram desde o apoio a ditaduras como as de Perez Jimenez, Rojas Pinilla, Stroessner, e outros (Somoza, Trujillo e Batista na América Central e o PRI no México), até a doutrina de segurança nacional, descrita de forma magnífica pelo padre Joseph Comblin, num livro entre nós editado pela Civilização Brasileira.

Foi a doutrina de segurança nacional, resultante do avanço de movimento guerrilheiros, da ascensão de Goulart e mais tarde de Salvador Allende, por conta da sedução de liberdade exercida pela revolução cubana, que gerou monstrengos como o golpe de 64, a ditadura na Argentina, Pinochet, toda a sorte de tiranos que conhecemos.

O esgotamento do modelo pelo absoluto fracasso dos governos militares, aqui e em todos os países e a derrocada da União Soviética, pegou os norte-americanos transformando a chamada Comissão Tri-lateral (AAA – Ásia, África e América) no projeto neoliberal, uma nova ordem econômica ditada pelo que Chávez chama de «mundialização», alguns de globalização e Milton Santos chamou de «globalitarização».

A democracia começa a tomar os aspectos de farsa, embuste e se presta um processo de recolonização dessa parte do mundo.

Amazônia e Rio Grande do Sul (cone sul), continuam a ser estratégicos.

Foi Al Gore, ainda vice-presidente, quem disse que o Brasil não poderia pretender privilégios sobre a Região Amazônica, pois «é um patrimônio da humanidade». E foi George Bush quem surgiu com a história de terroristas islâmicos na região de Foz do Iguaçu, sugerindo até a presença de bin Laden num determinado momento.

A possível vitória de Tabaré Vazques no Uruguai, as eleições são domingo, assustam Washington, mesmo que o candidato tenha um perfil mais para Lula que para Chávez. Ressuscita a antiga teoria do domínó. Existem problemas com Kirchner, uma crise permanente no Paraguai e em futuro próximo um presidente de esquerda pode vencer as eleições nesse último.

Na Amazônia já estabeleceram uma base na Colômbia. O Congresso aprovou recursos orçamentários para o próximo ano que permite dobrar o número de militares dos EUA naquele país, sob a ditadura de Álvaro Uribe.

Na Bolívia, nesse momento, exercem pressões contra a lei dos hidrocarburetos que contraria interesses das grandes empresas do país e temem uma futura vitória de forças populares. Evo Morales ou outro.

O Equador é um protetorado. Chávez é um problema e o governo Lula vai sendo levado em banho maria, não foi por outra razão que um diplomata brasileiro disse, no domingo, que a vitória de Bush interessa mais ao Brasil.

O projeto SIVAM, um dos escândalos de entreguismo e corrupção do governo FHC é uma espécie de engana trouxa, no caso dos militares brasileiros. Pensam ter acesso a tecnologia de ponta para o controle da Amazônia, trabalham subordinados aos norte-americanos. A base de Alcântara ainda é objeto de cobiça.

A maior razão dos recursos colocados à disposição do latifúndio brasileiro para enfrentar o MST está, exatamente, no fato do movimento ocupar terras, para além do problema e da luta da reforma agrária, consolidando posições em áreas de interesses estratégicos para os donos. O movimento quer terras para a vida, um projeto político socialista. Os americanos querem a terra para a Monsanto (aqui como síntese do projeto capitalista, não especificamente).

A vitória de Olívio Dutra em 1998 foi um sinal de alerta para os donos. Era fundamental recuperar o Rio Grande, evitar um novo governo petista. Não se trata de julgar o mérito do governo, mania de setores sectários da esquerda, sem perceber onde estão as patas, os tentáculos e as garras dos leões.

O Fórum Social Mundial deixou de ser um evento anual, agora de dois em dois anos, para se transformar num processo de mobilização permanente a partir de fóruns continentais, nacionais, regionais, municipais e temáticos. Mesmo com boa parte já no esquema de discutir por dentro, ou seja, propor soluções sem mudança efetiva do modelo econômico. Uma espécie de capitalismo humanizado.

Eu não posso afirmar e nem devo fazê-lo que Raul Pont vá enfrentar todo esse esquema. Mas estou certo que José Fogaça faz parte desse esquema.

Como não tenho dúvidas do papel que Tarso Genro cumpriu quando largou o mandato de prefeito pelo meio e foi disputar a indicação do seu partido com Olívio Dutra, pretendente à reeleição. Seguiu instruções do PT lulista, que hoje é o PT como um todo, um partido falido e parte do jogo sórdido da política institucional.

Como é visível que as elites gaúchas, que a princípio apoiavam Antônio Brito, ao perceberem que o candidato seria batido, jogaram tudo e mais alguma coisa na candidatura de um político corrupto e que viesse a se prestar, como se presta, a toda a sorte de manipulação e controle desse esquema. Falo de Germano Righotto.

Eleger ou deixar de eleger Pont, votar ou não votar em Pont ultrapassa os limites do muitas vezes sectário entendimento partidário, ou tentativa de monopólio da revolução.

O voto em Pont insere-se num contexto maior, o de resistência. Escapa de posições de dondocas como Luciana Genro. «Oi, eu sou a filha do Tarso». O Tarso está acabando com a universidade pública no Brasil.

O grande problema da esquerda brasileira é perceber para além do próprio umbigo. Quando percebe e quem percebe avança. A luta não é por um candidato do PT. O PT está morto. Ou como disse, sempre importante repetir, Chico Oliveira (fez declaração pública de apoio a Pont): «não discuto caráter», sobre o governo Lula. «Quero discutir o enigma das esquerdas para o futuro, o presente está morto».

É por aí que o voto em Pont passa. Ser maior que o umbigo, compreender o desafio do futuro.

E até hoje continua valendo a frase do general Golbery do Couto e Silva quando disse aos seus companheiros de ditadura, que «não se preocupem, a esquerda só se une no presídio».

E nem é mal menor, ou voto útil. É voto de resistência.