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Os velhos e novos amigos de Lula

Fuentes: Rebelión

As revelações sobre espionagem dos altos escalões do governo e prefeituras do PT, a mando da Brasil Telecom, mostram as várias faces do grande equívoco Lula. O que parecia não ser, mas é igual ao resto. A presença do ministro Luís Gushiken no governo é um escárnio, sendo ele ligado a grupos privados de previdência, […]

As revelações sobre espionagem dos altos escalões do governo e prefeituras do PT, a mando da Brasil Telecom, mostram as várias faces do grande equívoco Lula. O que parecia não ser, mas é igual ao resto.

A presença do ministro Luís Gushiken no governo é um escárnio, sendo ele ligado a grupos privados de previdência, tendo sido sócio de uma consultoria que prestava serviços a vários desses grupos. A participação do ministro no processo que privatiza a previdência pública do Brasil a partir da reforma aprovada no primeiro ano do governo de Lula foi acintosa e em defesa de pontos reclamados pelo FMI, pelos bancos (principais controladores e operadores da previdência privada no Brasil).

Cássio Casseb, presidente do Banco do Brasil, foi para o cargo indicado por Henrique Meireles, presidente do Banco Central e principal agente dos bancos internacionais no governo. Casseb foi contratado pelo Bank of Boston, quando Meireles era o presidente daquela casa bancária e foi conselheiro da Telecom Itália, um dos alvos da Telecom Brasil.

A Kroll, empresa italiana de investigações, vasculhou pelos quatro cantos do governo, de prefeituras do PT em cidades de São Paulo e, especificamente, a figura de Luís Gushiken, Secretário de Comunicação do governo. A operação desfechada pela empresa italiana a pedido da Brasil Telecom foi chamada de «operação japonês», em alusão à descendência nipônica do ministro.

Corrupção no governo? Gushiken, no mínimo, tem que ser investigado. Suas ligações com grupos de previdência privada tornam sua presença no Ministério, num cargo próximo de Lula, pelo menos, contraditória.

Lula? Lula é só um deslumbrado que tem cometido desde alguns desatinos a outros tantos equívocos e frustra as expectativas de milhões de brasileiros que esperavam um governo de mudanças, mas, tem caído em todas as armadilhas do governo FHC, principal responsável pela privatização e, esse sim, presidente e governo corruptos.

O primeiro erro de Lula foi não ter vasculhado o processo de privatizações. Teria deixado a nação indignada e a essa altura FHC e boa parte do tucanato estaria foragida, ou presa. Não diferem nem um milímetro de Collor, a não ser na competência para a bandidagem.

O segundo foi acreditar que a burguesia se daria satisfeita com a continuidade da política econômica neoliberal. Com as reformas definidas e decididas pelo FMI, ou com a presença de ministros ligados aos setores mais atrasados e predadores do empresariado nacional. Caso de Luís Fernando Furlan e Roberto Rodrigues, respectivamente, ministros do Desenvolvimento, Comércio e Indústria e da Agricultura.

Buscou o viés populista através de programas sociais que não funcionaram, o Fome Zero, o Primeiro Emprego, efeitos especiais de segunda categoria montados por Duda Mendonça e que hoje são motivo de críticas, tanto quanto de chacotas.

Lula acreditou, continua acreditando, que existe vida decente na iniciativa privada. Por si só é podridão. Exploração. Esbulho com milênios contra os trabalhadores em qualquer lugar do mundo.

Há cerca de um mês a imprensa revelou que operadoras do setor de energia elétrica estavam remetendo lucros para paraísos fiscais. Espetam contas no BNDES, transferem custos para o consumidor e mandam lucros para fora. Privatizadas no governo FHC.

Faltou e falta a Lula estatura para enfrentar os desafios que tem pela frente. E não se trata de formação, de nível, nada disso. Falta de estatura política. Achou que podia e acha que pode andar sobre as águas. Está afundando.

Paga o preço de acreditar que as forças mais conservadoras e retrógradas do País iriam se encantar a ponto de apostar tudo num presidente operário. Onde?

Quando da privatização do setor de telefonia, o presidente do BNDES, Lara Resende, advertiu a FHC que o grupo denominado TELEMAR e que estaria adquirindo área privilegiada do negócio, era «telegangue». Falava de Carlos Jereissati, irmão do senador tucano Tasso Jereissati, um dos principais articuladores do seu partido e do governo, era governador do Ceará, quando FHC entregou as estatais ao setor privado.

Imagine que isso aconteceu no governo FHC. Quer dizer: até eles, peritos em caviar, vinhos franceses, etc, se horrorizaram com o estilo Al Capone de Jereissati. Hambúrguer com batatas fritas.

Todas as empresas da área de telefonia, ou que operam o setor de energia, são devedoras do governo, de grandes quantias. Têm tirado mais e mais recursos do BNDES. Todas tratam o consumidor como lixo, a TELEMAR é campeã de reclamações junto aos órgãos de defesa do consumidor. Todas, todas sem exceção, ignoram decisões judiciais quando têm seus interesses contrariados, acham fórmulas de contorná-las e continuar a prática de abusos e assaltos sistemáticos.

Bastaria ao governo ter cobrado o que é devido para todas, todas sem exceção, deixassem o filé mignon de tocar negócios com dinheiro público. É o perfil da iniciativa privada no Brasil. Sem exceção, falo dos grandes grupos. O capitalismo brasileiro é um negócio tão sórdido, que o contribuinte paga para que a indústria automobilística produza carros.

Os bancos divulgaram nota dia desses, através da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) advertindo que se clientes continuarem a questionar contratos draconianos na Justiça e, principalmente, a ganhar, os juros ficarão mais altos. Ou seja: querem continuar a assaltar e se a lei tentar entrar para impedir, o garçom, como na música de Chico Buarque de Holanda, vira culpado e vai preso.

O fato em si, espionagem a partir de uma empresa, é corriqueiro no mundo dos negócios. Um mundo sem escrúpulos, sem princípios que não o lucro e cheio de festas, como a de Comandatuba, para os homens e mulheres mais importantes do Brasil. Agora estão organizando um safári à África do Sul.

O que não se esperava é que no meio desse tiroteio viesse a sobrar para um governo eleito para mudar isso e que, hoje, é parte disso.

Lula, definitivamente, foi um erro. Para a esquerda no Brasil, as forças populares, representa um retrocesso sem tamanho. Para a direita, os donos do poder, os principais acionistas do Estado, um achado que vai ser jogado no lixo no momento oportuno.

Quando do início do programa Fome Zero, o presidente recebeu a direção da FEBRABAN que doou 13 milhões ao programa e chamou a turma de «meus novos amigos».

Com os amigos que tem, velhos ou novos, Lula não precisa de inimigos. O Brasil de Lula continua sendo terra de ninguém. Nos contornos desenhados pelo FMI, pelo sistema financeiro internacional, pelas grandes corporações e o presidente é só um sujeito que não tem a menor idéia de nada, mas acha que preside alguma coisa.