O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, está apavorado com a recusa dos chineses em ficar com alguns carregamentos de soja brasileira. Disse a jornalistas que o presidente Lula vai fazer um apelo ao governo daquele país para que o assunto seja resolvido e a soja aceita. O prejuízo é grande e das empresas exportadoras. Para […]
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, está apavorado com a recusa dos chineses em ficar com alguns carregamentos de soja brasileira. Disse a jornalistas que o presidente Lula vai fazer um apelo ao governo daquele país para que o assunto seja resolvido e a soja aceita. O prejuízo é grande e das empresas exportadoras.
Para o ministro é difícil determinar quem está exportando soja contaminada, pois os carregamentos são de pelo menos 15 empresas. Fosse sincero, ou tivesse outra preocupação que não defender interesses dessas empresas, diria que todas, sem exceção, exportam soja contaminada. É para isso, inclusive, que está no Ministério.
Defender essa turma.
Latifundiário, de extrema-direita, defensor dos agro-negócios, adversário da reforma agrária e ligado ao terrorismo no campo através da UDR (União Democrática Ruralista).
Se o presidente vai ou não pedir ao governo chinês que aceite a soja é outra história.
A Agência Nacional, vinculada ao governo, distribuiu, quarta-feira, um comunicado do Greenpace, alertando que a soja contaminada e rejeitada pelos chineses vai ser reexportada para países pobres, logo consumida por populações pobres e miseráveis.
A AN louva o governo Lula e critica as empresas. Quem escolheu Roberto Rodrigues para a pasta da Agricultura foi o próprio Lula, no joguinho de um para lá, à esquerda (os adereços), outro para cá, à direita (os principais).
A história do comércio externo brasileiro registra situações semelhantes desde tempos imemoriais. Com toda a certeza os empresários entenderam que negócio da China, que é por aqui expressão que caracteriza um grande e fácil negócio, consistia em enrolar chineses.
No século XIX, os produtores de borracha da Amazônia, aos bolos de látex, acrescentavam pedras para torná-los mais pesados. Não foi só por esse motivo, outros também, mas acabou apressando o plantio de seringueiras na África, o que decretou o fim de um ciclo de riqueza e luxo.
Tais produtores, mais que óbvio, eram latifundiários.
A maior parte dos senadores que está sendo contatada para votar a favor do mínimo de 260 reais está fugindo da raia. Neste momento, a sessão que vai discutir e votar a Medida Provisória do governo está entrando na ordem do dia. Se aprovada ou não, o resultado situa-se no campo político. No econômico a matéria volta para a Câmara e Lula, dificilmente perderia por lá.
Não é estranho que o governo não consiga aprovar a MP no Senado. São 81 senadores, três por cada Estado da suposta Federação brasileira, diferente da Câmara, onde estão quase 600 deputados. Senadores têm mandato de oito anos e deputados de quatro anos.
O fisiologismo das verbas para obras e favores, uma ponte ali, um poste de luz aqui, uma ambulância acolá, funciona com muito mais velocidade e precisão na Câmara.
O curioso nessa história do salário mínimo é que PSDB (partido de FHC) e PFL (partido de banqueiros e latifundiários) são os principais defensores de salário mínimo de 100 dólares, o que equivale a mais ou menos 300 reais.
Passaram oito anos no governo, o de FHC, impondo o maior arrocho e fazendo o mesmo discurso que Palocci faz hoje: se aumentar desandam as contas públicas, a Previdência vai para o brejo. Na oposição, pensam o contrário.
São responsáveis diretos pelo atual estado de coisas no País. Venderam todo o patrimônio público. Não têm o menor pudor em admitir que o objetivo é desmoralizar o governo e viabilizar condições para a volta do governo geral do FMI, o período de Fernando Henrique. Como se Lula fosse diferente.
Ou seja: questão só de quem está no trono.
Para se ter uma idéia de como funciona essa coisa, um prefeito de uma cidade mineira recebeu uma ambulância do governo do seu Estado. Escondeu bem escondidinha e chamou o seu deputado federal, no caso o líder do PSDB, Custódio Matos, para um evento em sua cidade, ocasião em que entregou a ambulância e atribuiu ao parlamentar a doação.
O Congresso Nacional nesse jogo de amigos e inimigos cordiais é uma instituição distante do povo, da realidade política, econômica e social do Brasil. Ao ser perguntado por um repórter sobre como estava a discussão do mínimo, um senador respondeu que a que acontecia ali era sobre a disputa entre os ministros José Dirceu e Aldo Rebelo. Como no Senado Dirceu é mais forte…
O governo Lula é um governo de pequenas confusões e grandes trapalhadas, daí restar um governo sem norte, perdido em meio ao equilibrismo do presidente, de seus principais ministros, sem falar nas brigas domésticas e, em alguns casos, da perplexidade de outros ministros, os que não têm acesso ao altar presidencial, fazem jogo de cena e figuração.
Se Lula de fato pedir ao governo chinês para aceitar a soja brasileira vai ser interessante ouvir ou ler a explicação da Agência Nacional. Se perder no Senado, vai ter que contabilizar PSDB e PFL defendendo a dignidade do trabalhador contra a indignidade proposta pelo governo do PT. Em ano de eleições municipais, consideradas decisivas para o projeto de reeleição.
É um jogo em que só o trabalhador paga.